Um estudo do pesquisador João Paulo Macieira Barbosa, da Universidade de Campinas (Unicamp) revelou que o apelido de Ubachuva não faz mais jus às condições climáticas registradas no município. De acordo com os dados coletados durante três décadas por estações meteorológicas espalhadas ao longo do Litoral Paulista, a região Norte do Estado apresentou diminuição no número de dias com chuva em todas as suas estações, seguindo a tendência já observada nas outras repartições.
O Litoral Norte foi coberto através de quatro postos de medição e os Litorais Sul e Central por dois postos cada um. Os dados trabalhados abrangeram um período de no mínimo 30 anos, seguindo os critérios da World Meteorological Organization. A periodização das medições de chuva é fundamental para dar base científica às conclusões. O cientista adverte que “todos os resultados só poderiam ser corretamente interpretados se o tratamento inicial dos índices -chuvas diárias- para cada estação fosse criterioso”. Foram geradas planilhas eletrônicas, uma para cada estação, com a distribuição diária de chuvas entre janeiro de 1970 até o início do ano 2000 (dezembro de 1999.)
Macieira mostra que não apenas Ubatuba, mas toda a “região do litoral paulista é uma área de clima tropical úmido com montantes anuais acima dos 3.000 mm de chuva em algumas regiões e médias mensais que superam facilmente os 300mm no verão e os 120 mm no inverno. Entretanto verificou-se que “94% das chuvas diárias estão concentradas na faixa entre 0,1 e 49,9 mm, ou seja, a faixa habitual de precipitação”. O foco central dos estudos de Macieira foi para avaliar eventos extremos, mas ele concluiu que a maior precipitação em Ubatuba aconteceu em 1996 com 359,4 mm no ano e em 1998 com 291 mm.
Nas suas conclusões Macieira deixa claro que não há nada que indique mudanças de comportamento climático durante essas décadas todas. Há, sim, aumento no número de eventos com impactos de maior e menor intensidade. E já que o Litoral Norte em todas as suas estações apresentou diminuição no número de dias com chuva seguindo a tendência já observada nas outras repartições, a partir de agora, do ponto de vista científico, definir a cidade como “Ubachuva” fica, definitivamente, para o folclore.
Estudo x Petrobras
A constatação científica ganha importância diante de polêmica criada pela Petrobras em audiência pública realizada em Ilhabela no dia 2 de agosto, quando técnicos da empresa alegaram ter descartado o uso do aeroporto de Ubatuba como apoio logístico às operações do Pré-sal diante do “mau humor climático da cidade”. O vereador Rogério Frediani (PSDB), de Ubatuba, encaminhou documentos ao Ministério Público, à Petrobras, ao Ibama, Ministério das Minas e Energia e também ao governador Geraldo Alckmin com dados contestando as conclusões da Petrobras sobre a não operacionalidade do aeroporto local em razão de fatores climáticos. O vereador mostra que a opção da empresa pelo campo de Itanhaém não se justifica uma vez que, pelos estudos, a ocorrência de dias de chuva naquela cidade é maior do que em Ubatuba num quadro climático similar para todo o Litoral paulista. E mais: Itanhaém fica cerca de 90 km mais longe das plataformas do que em Ubatuba. e tabulados pelo cientista da Unicamp, conclui-se que “a ocorrência de dias com chuva é maior em Itanhaém, destacando-se a década de 90 com 2.037 dias com chuva. Mesmo a década de 80, que apresentou o menor valor, é superior a qualquer período de qualquer estação do litoral norte”.
Porém, segundo o levantamento da Unicamp, Em Itanhaém a soma de ocorrências chegou a 403 mm em 1973, em 83 com 340,2 mm e em 1980 com 338,9 mm. Isso refere-se a altura máxima diária por ano na média. Em Ubatuba o número de eventos acima da média no mês de maior ocorrência (janeiro) atingiu mais de 50 registros, mas 70% desses episódios estão entre os 50mm/24hs e 80mm/24h. Nenhum deles ultrapassou o valor médio de 152,4mm.
Já em Itanhaém, a ocorrência de dias com chuva é maior, destacando-se a década de 90 com 2.037 dias com chuva. A década que apresentou o menor valor, correspondendo a década de 80, já é superior a qualquer período de qualquer estação do Litoral Norte, ainda que a média histórica das máximas anuais, de 139,6mm/24h, venha a ser inferior ao de outros postos na região. Os dados mostram que no Litoral Sul os dias com chuvas são ainda maiores. Iguape apresentou valores muito próximos a 2.000 em todas as décadas, ultrapassando esse número na década de 80. Cananéia, a estação mais ao sul do litoral, apresentou mais de 2.000 dias de chuva em todas as décadas e a exemplo de Iguape, a década de 80 apresentou o maior valor, correspondendo a 2.382 dias com chuva.
O Litoral Norte foi coberto através de quatro postos de medição e os Litorais Sul e Central por dois postos cada um. Os dados trabalhados abrangeram um período de no mínimo 30 anos, seguindo os critérios da World Meteorological Organization. A periodização das medições de chuva é fundamental para dar base científica às conclusões. O cientista adverte que “todos os resultados só poderiam ser corretamente interpretados se o tratamento inicial dos índices -chuvas diárias- para cada estação fosse criterioso”. Foram geradas planilhas eletrônicas, uma para cada estação, com a distribuição diária de chuvas entre janeiro de 1970 até o início do ano 2000 (dezembro de 1999.)
Macieira mostra que não apenas Ubatuba, mas toda a “região do litoral paulista é uma área de clima tropical úmido com montantes anuais acima dos 3.000 mm de chuva em algumas regiões e médias mensais que superam facilmente os 300mm no verão e os 120 mm no inverno. Entretanto verificou-se que “94% das chuvas diárias estão concentradas na faixa entre 0,1 e 49,9 mm, ou seja, a faixa habitual de precipitação”. O foco central dos estudos de Macieira foi para avaliar eventos extremos, mas ele concluiu que a maior precipitação em Ubatuba aconteceu em 1996 com 359,4 mm no ano e em 1998 com 291 mm.
Nas suas conclusões Macieira deixa claro que não há nada que indique mudanças de comportamento climático durante essas décadas todas. Há, sim, aumento no número de eventos com impactos de maior e menor intensidade. E já que o Litoral Norte em todas as suas estações apresentou diminuição no número de dias com chuva seguindo a tendência já observada nas outras repartições, a partir de agora, do ponto de vista científico, definir a cidade como “Ubachuva” fica, definitivamente, para o folclore.
Estudo x Petrobras
A constatação científica ganha importância diante de polêmica criada pela Petrobras em audiência pública realizada em Ilhabela no dia 2 de agosto, quando técnicos da empresa alegaram ter descartado o uso do aeroporto de Ubatuba como apoio logístico às operações do Pré-sal diante do “mau humor climático da cidade”. O vereador Rogério Frediani (PSDB), de Ubatuba, encaminhou documentos ao Ministério Público, à Petrobras, ao Ibama, Ministério das Minas e Energia e também ao governador Geraldo Alckmin com dados contestando as conclusões da Petrobras sobre a não operacionalidade do aeroporto local em razão de fatores climáticos. O vereador mostra que a opção da empresa pelo campo de Itanhaém não se justifica uma vez que, pelos estudos, a ocorrência de dias de chuva naquela cidade é maior do que em Ubatuba num quadro climático similar para todo o Litoral paulista. E mais: Itanhaém fica cerca de 90 km mais longe das plataformas do que em Ubatuba. e tabulados pelo cientista da Unicamp, conclui-se que “a ocorrência de dias com chuva é maior em Itanhaém, destacando-se a década de 90 com 2.037 dias com chuva. Mesmo a década de 80, que apresentou o menor valor, é superior a qualquer período de qualquer estação do litoral norte”.
Porém, segundo o levantamento da Unicamp, Em Itanhaém a soma de ocorrências chegou a 403 mm em 1973, em 83 com 340,2 mm e em 1980 com 338,9 mm. Isso refere-se a altura máxima diária por ano na média. Em Ubatuba o número de eventos acima da média no mês de maior ocorrência (janeiro) atingiu mais de 50 registros, mas 70% desses episódios estão entre os 50mm/24hs e 80mm/24h. Nenhum deles ultrapassou o valor médio de 152,4mm.
Já em Itanhaém, a ocorrência de dias com chuva é maior, destacando-se a década de 90 com 2.037 dias com chuva. A década que apresentou o menor valor, correspondendo a década de 80, já é superior a qualquer período de qualquer estação do Litoral Norte, ainda que a média histórica das máximas anuais, de 139,6mm/24h, venha a ser inferior ao de outros postos na região. Os dados mostram que no Litoral Sul os dias com chuvas são ainda maiores. Iguape apresentou valores muito próximos a 2.000 em todas as décadas, ultrapassando esse número na década de 80. Cananéia, a estação mais ao sul do litoral, apresentou mais de 2.000 dias de chuva em todas as décadas e a exemplo de Iguape, a década de 80 apresentou o maior valor, correspondendo a 2.382 dias com chuva.
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