Estudo americano diz que quando um dos parceiros fuma, tem dieta desequilibrada ou é sendentário o outro acaba se "contaminando"
Os casais estáveis, tanto heterossexuais como homossexuais, tendem a adotar os maus hábitos de cada parceiro, seja fumar, seguir dietas pouco saudáveis ou mesmo a levar uma vida sedentária, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira (19) pela Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos.
A pesquisa foi conduzida pela professora de sociologia Corinne Reczek que apresentará na próxima terça-feira na 106ª reunião anual da Associação Sociológica dos EUA, em Las Vegas (Nevada).
As conclusões contradizem a crença popular que "na alegria ou na tristeza, na saúde ou doença" a vida em casal contribui para reduzir os maus hábitos e promover tanto uma dieta mais saudável como passar a ir ao médico regularmente.
Corinne e seus colaboradores contaram com 122 pessoas que estão casadas em período de 8 a 52 anos. Dentre elas, 31 eram casais de heterossexuais que conviviam ou estavam casados; 15 eram de homossexuais e 15 eram de lésbicas.
No levantamento, 83% dos participantes heterossexuais eram brancos, 9% negros, um deles era de descendência asiática e dois eram latinos, sendo que um deles se identificou como "multirracial".
No caso dos homossexuais, 63% eram brancos, 4% hispânicos ou latinos, uma pessoa se identificou como negra, uma como indígena hispano-americano e uma como sul-americana.
A idade média dos casais heterossexuais era de 53; de homossexuais - 49 anos e de lésbicas - 43 anos.
A renda familiar dos participantes variava entre US$ 40 mil e US$ 120 mil por ano.
O tempo médio de casamento era de 25 anos para os casais de heterossexuais, 21 anos para os de homossexuais e 14 anos para os de lésbicas.
Foi perguntado individualmente sobre os hábitos de fumar, consumo de álcool, dietas, padrões de sono e descanso, atividade física e outras práticas relacionadas a saúde. Corinne indicou que os hábitos insalubres são promovidos dentro destas relações íntimas e a longo prazo devido à má influência direta de uma das pessoas, mediante o sincronismo dos hábitos de saúde e por meio da noção de responsabilidade pessoal.
Leia mais sobre saúde do homem:
Todos os casais, hetero e homossexuais, fizeram referências à "má influência", mas nos casais heterossexuais a "má influência" se atribui quase sempre ao homem.
"A conclusão que um dos parceiros é uma 'má influência direta' indica que os indivíduos convergem nos hábitos de saúde ao longo do curso de sua relação porque os hábitos insalubres de um deles influencia diretamente os do outro", acrescentou o estudo.
Um exemplo é que ambos os companheiros têm uma dieta pouco saudável já que os dois comem o que um deles compra ou cozinha. "Os casais de homossexuais descreveram, quase exclusivamente, como os hábitos de ambos os integrantes se influenciam simultaneamente devido à convivência", acrescentou Corinne.
Nestes casos pode ser que um deles não incorra por si só em um costume que considere pouco saudável, mas "quando sua inclinação por tal hábito se junta ao do seu parceiro, ambos compartilham a prática insalubre".
Além disso, os indagados recorreram ao argumento da responsabilidade pessoal para descrever como, quando observam que seu companheiro incorre em um hábito que não é saudável, não tentam mudá-lo, como acontece na situação inversa.
"Esta é uma questão que ocorre na maioria das vezes entre casais de heterossexuais", disse Corinne.