Alessandro Barbosa Lima, de 37 anos, é especialista em comunicação on-line através das redes sociais, consultor de marketing em meios eletrônicos e CEO da E-Life, empresa de inteligência de mercado e gestão do relacionamento em redes sociais.
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Barbosa Lima é um dos nomes fortes da Web no país tendo realizado trabalhos pioneiros, como a criação da primeira revistas eletrônica da Internet brasileira, a Revista Mundi. Ele também lançou a Mundi Multimídia, Diga-me e Mundiweb, empresas especializadas em educação a distância e marketing na internet, além do livro “E-LIFE – Idéias Vencedoras para Marketing e Promoção na Web”.
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Alessandro Barbosa Lima é o nosso entrevistado do mês de novembro na seção “7 perguntas para…”
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Antes os usuários acessavam a web como receptores de informação. Hoje, com as redes sociais, eles não somente recebem como são geradores de conteúdo. Como você analisa os hábitos e comportamentos atuais dos internautas brasileiros?
Os internautas brasileiros lideram a adoção da inovação, sendo os primeiros a adotar as redes sociais, começando com blogs, e fóruns e o Orkut, em 2004. A tendência é que os internautas usem cada vez mais as redes sociais, substituindo o hábito de navegação livre ou a partir de indicações dos buscadores por navegação concentrada em aplicativos ou redes sociais, orientada pelos interesses das mesmas redes sociais. Isso muda muita coisa. Os laços sociais dos consumidores vão ter cada vez mais um peso no clique em anúncios, ou seja, se amigos curtirem um anúncio as chances de você clicar nele aumentam. A concentração da navegação em aplicativos ou redes sociais tornarão os sites corporativos e de produtos cada vez mais irrelevantes, se eles não forem rapidamente integrados às principais redes sociais. Os internautas conseguirão se relacionar com suas marcas favoritas através dos filtros dados pelos seus laços fortes (amigos mais próximos) e fracos.
De uma forma geral, as pessoas ou empresas já conseguem aproveitar com eficácia as redes sociais ou ainda estão aprendendo a explorar essas ferramentas?
As empresas estão na primeira fase: descobriram consumidores insatisfeitos nas redes sociais, descobriram crises e estão tentando endereçar os problemas, geralmente pós-compra. Porém há milhares de outras oportunidades, desde de insights para o planejamento estratégico (que precisa ser trabalhado no nível mais alto da hierarquia corporativa) até a utilização pela área de Pesquisa e Desenvolvimento, no levantamento de conceitos para o desenvolvimento de novos produtos, passando por Comunicação Corporativa, Marketing e até previsão de demanda (http://lnkd.in/cTSmqX)
Qual é o melhor caminho para quem pretende usar a web como fonte de renda? Como você vê o papel do marketing de afiliados neste cenário?
Creio que surgirá algo novo, um cruzamento dos afiliados com redes sociais. Os afiliados no modelo antigo, em que a Amazon o inventou, é algo que não fará mais sentido fora das redes sociais.
O e-commerce vem tendo um crescimento gigantesco no Brasil. Há alguma relação com o crescimento das redes sociais? Podemos dizer que há uma nova geração de consumidores, que dizem o que querem comprar?
Provavelmente o crescimento tem uma relação direta com o próprio crescimento do número de usuários. Porém um dos grandes problemas do e-commerce continua sendo, desde a década de 90 até hoje, a questão da confiança do consumidor nas formas de pagamento. Para isso novos players estão se firmando. Estes serviços tentam resolver um dos maiores problemas do e-commerce que é a confiabilidade nas formas de pagamento tradicionais, como o cartão de crédito. A próxima revolução porém no campo do e-commerce virá das redes sociais. É o chamado Social Commerce, ou seja, mais uma vez as conexões dos consumidores poderão influenciar a decisão de compra. Isso já acontece no Twitter. Usando as APIs do Twitter a E.life criou um aplicativo que permite pedir presente para seus amigos através das redes sociais (www.tweetquero.com). O Boticário usou isso no Natal de 2009, fazendo um mashup deste aplicativo com seu e-commerce (http://www.tweetqueroboticario.com.br/). Foi uma das primeiras aplicações a fazer uso das redes sociais e e-commerce.
Existe uma fórmula para um bom marketing na Internet ou tudo varia de acordo com as oportunidades?
O bom marketing on-line hoje passa pelas redes sociais. As empresas precisam entender que não são mais donas das suas marcas. Que o consumidor vai editar, produzir, refazer, seguir e se engajar com as marcas da forma que ele quiser. Porém, não podemos esquecer que a REPUTAÇÃO de uma marca neste novo cenário não é mais uma página estática, como a página do jornal diário ou da revista. A REPUTAÇÃO será sempre o fluxo de informações, os comentários positivos e negativos de consumidores, mas também o feedback e a resolução de problemas feita pela empresa. Ao olhar para uma marca, o consumidor verá como REPUTAÇÃO a soma destas conversações. Empresas que não conversam em redes sociais, estarão cometendo um erro básico. O Marketing será cada vez mais baseado em conversações. Outro ponto importante que o marketing na era das redes sociais herdou foi a fidelização. Hoje o call to action é seguir um perfil, gostar de uma fan page, linkar um blog etc. As fan pages no Facebook e os perfis no Twitter estão se tornando excelente ferramentas de fidelização. E esta fidelização deverá acontecer não apenas no ambiente on-line, mas até nos pontos de venda. Será o fim também da barreira entre on-line e off-line.
Em 1995 você lançou a primeira revista eletrônica da Internet brasileira, a Revista Mundi. Qual foi a experiência do pioneirismo, quando o mundo virtual ainda engatinhava no país?
Foi muito boa positiva. Mas a internet mudou completamente desde aquela época. Antes víamos a internet como um modelo que se inspirava na mídia tradicional.Se pensarmos nos banners, nas primeiras “homepages” e nos sites corporativos, todos emulavam um pouco os formatos conhecidos do outdoor, anúncio impresso, folder etc. Hoje vivemos um outro momento da internet, onde os modelos antigos estão sendo deixados de lado.
O blog é uma das ferramentas mais antigas dentre as redes sociais e não se tornou ultrapassado. Pelo contrário, acompanhou toda a transformação da Web 2.0. Você concorda com isso e qual a importância dos blogs?
O blog, como observamos diariamente na monitoração para nossos clientes, está se tornando uma plataforma de conteúdo refinado, profundo e de primeira linha. Ele rapidamente tenderá a se diferenciar do Twitter e do Facebook, neste sentido. E acreditamos que com o fenômeno dos micropagamentos crescendo muitos dos blogs crescerão e serão pagos. Há um grande futuro para os blogueiros que investirem em conteúdo de alto nível.