A um público de militantes de esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça (6) que ele "não é mais o problema" para seus adversários, e sim "as milhões de pessoas que não querem mais que se governe o país através de um golpe".
Em um evento do Levante Popular da Juventude em Belo Horizonte, o ex-presidente voltou a criticar o processo de impeachment que cassou a ex-presidente Dilma Rousseff e disse que há uma tentativa de "criminalizar a esquerda".
"Dizem que querem tirar o Lula do caminho [em 2018]. Eu queria que eles [adversários] estivessem ouvindo agora para dizer para eles que o problema não é mais o Lula, que o Lula já tem 70 anos e já foi presidente e dirigente sindical, o problema agora é com vocês", afirmou.
"Nós queremos que eles aprendam que se alguém quiser ser presidente da República é no voto, é disputando as eleições. Eles que venham para a rua", disse, sem se referir diretamente ao presidente Michel Temer. No discurso de 25 minutos, ele nomeou apenas uma vez o peemedebista, ao citar o bordão "fora, Temer".
Lula disse que ficou dividido entre ir à capital mineira ou receber Dilma em Porto Alegre, para onde ela se mudará, mas optou, "triste", pela primeira opção.Ao lado dele, estavam o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e correligionários.
PATROCÍNIO DO GOVERNO
O evento em que Lula esteve, um acampamento que reúne jovens militantes, teve patrocínio do governo de Minas Gerais, comandado pelo petista Pimentel, e pelo BDMG (Banco de Desenvolvimento Estatal de Minas), além de outras formas de financiamento. Governo e BDMG desembolsaram R$ 50 mil cada.
Em discurso rápido, Pimentel se dirigiu a adversários que criticaram o patrocínio e afirmou que "nós apoiamos e demos suporte para acontecer aqui o acampamento" e "vamos continuar apoiando os movimentos da juventude de Minas Gerais".
"Aqui não é com bala de borracha nem com gás lacrimogênio que nós recebemos a juventude", disse, em uma referência indireta a protesto ocorrido no domingo (4), em São Paulo, onde houve conflitos entre Polícia Militar e manifestantes.
O governo de Minas também se manifestou sobre o patrocínio. Em nota, disse que o acampamento "está entre os 114 projetos, de 67 municípios, selecionados neste ano, por meio de edital do Governo de Minas Gerais, para concessão de patrocínios a eventos".
"Os projetos foram analisados por uma comissão julgadora, de acordo com os critérios estabelecidos pelo edital. O valor concedido ao Acampamento Nacional é de R$ 50 mil. O valor limite, por projeto, é de R$ 70 mil."
Já o BDMG disse, também em nota, que o evento "está alinhado ao conceito de desenvolvimento transversal trabalhado pela instituição" e que as contrapartidas foram a utilização da logomarca do banco nas peças promocionais e a participação de representante da instituição em mesa de debate".