Por Miro Nunes, jornalista, membro das Comissões pela Igualdade Étnico-Racial e de Ética da ABI
Há pouco mais de cinco séculos negras e negros no Brasil vivem sob regimes que os colocam de modo “eterno” como uma maioria minorizada, conforme fala o livro com o mesmo nome escrito pelo jornalista e professor doutor, Richard Santos, também conhecido como o grande rapper Big Richard. O racismo é assunto complexo e deveria ser debatido com o povo por todas as candidaturas à presidência da república.
Infelizmente os partidos políticos brasileiros não consideram a importância do tema racismo como deveriam, nem tão pouco ligam o mesmo (de modo transversal) com outros movimentos político-sociais existentes. Falar então em Reparação como uma possível solução política para o problema gerado pelo racismo está completamente fora de questão.
Evidente que vão lembrar da criação de setores de combate ao racismo dentro dos partidos, porém estes grupos no cotidiano não têm qualquer poder real de influência nas decisões partidárias. Isto é não opinião é um fato constatado na vida de cada partido político independente da ideologia seguida por A, B ou C.
Apesar de tudo, e do crescimento da presença de caras negras nas telas (cinema, tv, web, etc), na hora que teríamos a oportunidade de pautar o racismo como tema de campanha eleitoral ficamos “fora da festa” e brancos assumem o comando das ações representando outros com REAL poder e que são seus patrões. Simples assim ou complexo se passamos a discutir com profundidade o racismo e seus “diálogos” com outros problemas graves que continuam impedindo o desenvolvimento do País.
Jornalistas negras e negros também sobrevivem equilibrando-se entre o exercício profissional e o antirracismo, estejam na chamada mídia corporativa ou em meios de comunicação alternativos/comunitários. A intervenção nas pautas diárias é uma batalha dentro da guerra travada contra o racismo e suas conseqüências, isso sem falar da relação estreita entre o mesmo e o sistema capitalista. Portanto, o tamanho do problema é grande, para se dizer o mínimo, e por isso a ausência dele nos debates eleitorais na dimensão em que se registra aqui mostra mais do que esconde a respeito do pensamento da política real praticada no Brasil.