Com contrato renovado até 2020 e multa de R$ 25 milhões, Marcelo Rezende vive o melhor momento de sua carreira. À frente do policialesco 'Cidade Alerta', da Record, o jornalista vem atrapalhando - e muito - as novelas da Globo na faixa entre 18h e 19h. São mais de 3h diárias no ar e média de 11 pontos no Ibope (cada ponto equivale a 65 mil pessoas).
O programa é também um dos responsáveis pela vice-liderança mensal da Record. De olho nisso, Globo e SBT já assediaram o apresentador. Ele prefere a diplomacia.
'Não quero ser deselegante. Não vou falar sobre isso. Tenho um contrato em vigor até 2020. Até lá eu já morri. Tenho amigos na Globo, tento não ferir as pessoas', contou ao jornal 'Folha de S.Paulo'.
A grande virada de Rezende e do próprio 'Cidade Alerta' aconteceu quando o apresentador resolveu colocar um pouco de descontração no programa. Contrastando com as tragédias exibidas.
'Resolvi levar quem eu sou no dia a dia para dentro do programa. Amenizou o clima pesado', disse.
'Não foi de caso pensado. Passo o dia brincando, não acredito em vida com seriedade. Um dia, fiz piada com o Percival [de Souza, comentarista]. A partir daí, ninguém mais viu o 'Cidade Alerta' como policial, e sim como programa com entretenimento', afirmou.
Segundo Rezende, o jornalismo mudou e o que vale agora é saber contar uma boa história.
'Não creio mais no jornalismo como é feito na TV. Noticiários com dois âncoras na bancada estão morrendo. Ninguém aguenta mais aquele formato engessado. Jornalismo é saber contar histórias. Todo repórter quer aparecer no vídeo, mas fala 20 segundos correndo e parece picolé no Alasca, de tão duro. Eu, minha avó e minha tia queremos ver contadores de história', declarou.
Sempre com opiniões fortes, o jornalista não teme ameaças. Nem mesmo quando uma pessoa se passando por integrante de uma facção criminosa citou seu nome, em um vídeo armado pelo 'Domingo Legal', então apresentado por Gugu Liberato.
'Estou vacinado. Minha pressão não sai de 12 por 8. Eu não acredito em ameaça. Quem vai fazer, faz e não fala. Aquela história do Gugu era um somatório de bobagens. Fui criado na periferia, conheço bandido de berço. Aquele não era jeito de bandido falar nem de segurar uma arma. Matei na hora que era uma farsa. Eu estava na Rede TV! na época, abri o programa como a 'Farsa do Domingo Legal'. O dono da emissora ligou dizendo que eu não podia fazer aquilo no ar, mas eu não estava nem aí', contou.
Durante o período que Gugu trabalhou na Record, Rezende afirma que nunca o encontrou para esclarecer a história.
'Não sei se o Gugu é pigmeu ou gigante. Ele pediu desculpas no processo judicial que movi contra ele na época. Mas quando ele saiu da Record falei no ar que ele deveria seguir em paz. A vida não é para você carregar rancor', filosofou.
Na linha 'paz e amor', o apresentador também nega rixa com José Luiz Datena, do concorrente 'Cidade Alerta', da Band.
'Adoro o 'Datenão'. Ele às vezes me xinga, mas é maluco. No meu código penal ele entra no 13 [risos]:maluco. Quando veio para a Record, eu disse: 'Não vem que vai se estrepar!'. Estava na cara, ele é rei na Band e faz o que quer. Não me ouviu e perdeu R$ 23 milhões [multa por quebra de contrato]. Está pagando até hoje', disse.
Reservado, Rezende explica porque não expões a família.
'Não sou contra mostrar a vida, mas há coisas privadas, você não precisa abrir. Moro sozinho, sou separado, tenho cinco filhos. Não tenho muito para mostrar. Meu hobby é vinho, coleciono, não bebo tudo porque não dá vazão [risos]. Não viajo muito. Só vou para Orlando com a minha caçula de 12 anos. Bati recorde de visitas à Disney. O Pato Donald quando me vê já toma Dramin, tá enjoado de mim', brincou.
Sobre as imitações feitas por humoristas, o jornalista se diz lisonjeado.
'Adoro. O [humorista] Pedro Manso me disse que a primeira casa que comprou foi às minhas custas e do Galvão [Bueno], por causa das imitações.'