"Se houver um candidato hetero com as mesmas qualidades de um LGBT, as pessoas ainda optam pelo heterossexual. É um movimento até inconsciente", disse em uma reportagem o deputado federal Jean Wyllys, do PSOL-RJ. Apesar de dizer que "é cedo para chegar a qualquer conclusão sobre estas eleições", Wyllys sugere que os baixos índices de votação em candidatos LGBT podem ser relacionados a outras demandas desta população.
"Talvez a própria comunidade LGBT quisesse representantes que sejam mais plurais", completou o deputado. "Na minha atuação como parlamentar, que foi 100% pró-LGBT e direitos humanos, sempre vimos o indivíduo como alguém plural: o gay negro, o gay pobre... Essas questões - gênero, identidade religiosa, raça - são indissociáveis."
Um levantamento realizado pela BBC Brasil mostrou que apenas 37 dos 270 candidatos que se declararam favoráveis aos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros conseguiram se eleger nestas eleições. O levantamento foi feito a partir do cruzamento das candidaturas indicadas pelo movimento #voteLGBT, que mapeou políticos cuja campanha ou atuação parlamentar destacaram questões importantes para esta população, com informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre os eleitos no último domingo.
Dos 37 eleitos, Wyllys é o único cuja principal bandeira e eixo de campanha são as pautas LGBT. O ex-BBB se tornou o sétimo deputado federal mais votado do Rio de Janeiro em 2014. Na lista #voteLGBT estavam candidatos a senador, deputado federal e deputado estadual filiados a 17 partidos - num espectro que vai do PSDB ao PSTU - em todos os Estados brasileiros.
Proporcionalmente, o Piauí foi o Estado que mais elegeu estes candidatos: metade dos seis mapeados. O Rio de Janeiro vem em seguida, com 30,4% dos 23 candidatos que apoiam a causa LGBT eleitos. O Rio Grande do Norte ficou em terceiro lugar, com 28%. Mais da metade dos 26 Estados brasileiros, mais o Distrito Federal, não elegeu nenhum dos políticos ligados ao eleitorado homo ou transexual.