“ O mais importante é criar uma relação com estes pesquisadores”, disse. Oliva explicou que o projeto compreende em dar uma bolsa para os pesquisadores virem passar três meses por ano no Brasil, fazendo os estudos em laboratórios brasileiros. Em troca receberiam uma bolsa de R$ 14 mil por mês. Oliva afirma que tanto a israelense Ada Yonath quanto o suíço Kurt Wüthrich (prêmio Nobel de Química em 2002) gostaram do projeto.
Foto: Agência Brasil
A cientista Prêmio Nobel de Química, Ada Yonath, e o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, durante conversa ontem em Brasília
O projeto Ciência sem fronteira conta com 75 mil bolsas, 73.800 delas serão destinadas a estudantes brasileiros irem para o exterior. Outras 1200 bolsas serão de atração de talentos para o Brasil, tanto de pesquisadores estrangeiro como brasileiros que estudam no exterior. Destas 1200 bolsas, 400 serão destinadas para pesquisadores tops como Ada Yonath e Kurt Wüthrich.
Leia abaixo a entrevista com a Nobel de Química (2010) Ada Yonath.
iG: Por que a senhora aceitou o convite do ministro para participar do programa Ciência sem Fronteira?
Ada Yonath: Quem te falou que eu aceitei? Eu disse que aceitei como um princípio. Isto quer dizer que eu achei o convite uma boa ideia, mas isto não é aceitar. Eu disse apenas que achava a idéia boa e que eu devo considerá-la no futuro.
iG: Então a senhora não aceitou o convite?
Ada Yonath: Não, não é uma questão de aceitar ou não aceitar, de sim ou de não. O convite é uma boa ideia e eu vou considerar isto. Mais isto não é aceitar. É uma boa ideia, que se encaixa bem. Mas eu não sei se vai funcionar, mesmo assim é uma boa ideia.
iG: O ministério disse ontem que a senhora aceitou. Então isto não é verdade?
Ada Yonath: Foi aceito, mas não para agora nem foi discutido como, nem se será necessariamente eu.
iG: Não há um contrato nem um plano?
Ada Yonath: Não. Não há contrato e nem um plano para isto. O ministério tem planos, eles sabem o que ofereceram e é um bom plano. Eles me ofereceram boas condições. O salário não é o mais importante, o mais interessante são as condições de pesquisa científica que eles ofereceram. Mas eu realmente não preciso mais estudar agora.
iG: A proposta foi de fazer o que aqui no Brasil?
Ada Yonath: O que eu quisesse. Olha, eu não te falei que a proposta não era excelente, eu só disse que não é o tipo de coisa que se decide em dois minutos. Eu posso considerá-la.
iG: Então porque anunciaram que a senhora aceitou o convite?
Ada Yonath: Eu acredito que houve um mal entendido. Quando eu disse que era um bom programa e que eu estou pronta para divulgá-lo em Israel, eles me chamaram de embaixadora, embaixadora informal do Brasil no Instituto Weizmann. Eu disse que eu faria isto com prazer e eles provavelmente entenderam que para mim seria um prazer vir. E não é exatamente isto o que vai acontecer agora. Isto pode acontecer. Eu não estou dizendo que nunca virei para cá, mas também não significa que a proposta foi aceita.
iG: Significa que a senhora vai volta para Israel e continuar trabalhando no seu laboratório. A sua vida continua igual ao que era antes?
Ada Yonath: Provavelmente diferente, pois eu nunca recebi uma proposta tão boa.
iG: Na sua opinião qual a importância de mandar cientistas para fora do país em programas como o Ciência sem Fronteiras?
Ada Yonath: A ciência não tem fronteiras. A ciência não tem nada a ver com política e governos. O que importa é a troca de o que pensamos e da maneira como fazemos a ciência. Então, a grande questão em ciência é a interação de pessoas. Por isto, acredito que será uma coisa boa para o Brasil assim como esta troca é importante para os outros países.
iG: Na sua opinião qual é a importância de um país sem nenhum Nobel contratar um laureado?
Ada Yonath: O prêmio Nobel não é importante. A boa ciência é importante. As vezes o prêmio Nobel não vem, outras vezes ele vem. A ideia de fazer com que pessoas se encontrem é boa, pois encoraja os cientistas em seus trabalhos.
iG: Caso a senhora venha para cá, como acredita que pode ajudar para o progresso da ciência?
Ada Yonath: Não sou eu que tenho que ajudar. As pessoas que trabalham aqui precisam amar seus trabalhos e estarem abertas. Eu não acho que posso ajudar o Brasil vindo pra cá. Os brasileiros podem fazer isto sozinhos. Eles realmente não precisam de mim.
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