BRASÍLIA - A debilidade política do presidente Barack Obama nos Estados Unidos limitou os avanços na agenda econômico-comercial durante a visita oficial ao Brasil, avaliam governo, analistas e empresários brasileiros. Sem forças para aprovar no Congresso americano projetos como a reforma do sistema de saúde e o Orçamento, Obama não deu sinais de nenhum avanço concreto sobre demandas centrais endereçadas pela presidente Dilma Rousseff: redução de barreiras comerciais a produtos brasileiros e mudança de orientação nas ações que visam à recuperação dos EUA, cujo efeito colateral é a diminuição da competitividade brasileira.
Ainda assim, a avaliação geral é que a viagem foi carregada de simbolismos positivos, como o apreço pela pretensão brasileira a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU — gesto considerado uma vitória pelo Planalto e pelo Itamaraty —; o reconhecimento do Brasil como liderança global, em pé de igualdade com China e Índia; e a definição do país como parceiro estratégico na área de energia e nos investimentos.
Por mais que Dilma tenha sido assertiva em seu discurso na defesa da abertura do mercado a produtos como etanol, suco de laranja e aço, o Executivo dos EUA não tem poder para decidir sobre tarifas e subsídios. Além disso, o lobby de setores como o agrícola e o siderúrgico é bastante forte entre os congressistas.
As ações macroeconômicas dos EUA, que mantêm o dólar fraco, não serão alteradas. A indústria brasileira, que enfrenta a forte concorrência dos chineses no mercado interno e em outros mercados, não consegue manter suas exportações ao mercado americano, e o Brasil já amarga déficit comercial com aquele país de quase US$ 8 bilhões ao ano.
Para o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, cuja pasta é responsável pela maior parte dos temas econômicos tratados na visita de Obama, o fato de não ter havido grandes avanços na agenda econômica proposta pelo Brasil não deve ser visto como frustração:
— Em uma viagem desse tipo não se deve esperar um efeito imediato. É o início de um processo numa relação de prazo mais longo. Houve sinalizações concretas na direção que imaginávamos. E isso vai prosperar.
A própria reforma do Conselho de Segurança da ONU, na qual se encaixa a pretensão brasileira de ser o sexto membro permanente, continua mergulhada em dúvidas. Isso porque os países-membros da ONU travam debates mornos a respeito, e uma revisão e ampliação do conselho, segundo especialistas, só deverão acontecer a partir de 2014.
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