Aprendi
no ministério mais do que colocar minhoca no anzol. Descobri o
fascinante potencial do Brasil para o cultivo de pescado, que poderá
torná-lo um dos maiores produtores mundiais.
São
mais de 200 reservatórios federais disponíveis, sem contar lagos e
açudes privados e públicos. No litoral, temos uma imensa plataforma para
a produção de peixes, crustáceos, moluscos e algas, sempre de forma
sustentável.
O
setor envolve alevinos (filhotes de peixe), ração, criação, transporte,
beneficiamento e comercialização de pescado. Além de produzirmos um
alimento saudável e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
vamos gerar riqueza e milhares de empregos na cadeia produtiva.
No
mundo, o que mais se consome é peixe, principalmente pela demanda
asiática. Esse mercado supera muitas vezes o de carne bovina e o de
frango.
Hoje,
o consumo mundial é da ordem de 126 milhões de toneladas anuais. A
projeção dos especialistas é de que serão necessárias mais 100 milhões
de toneladas até 2030 para atender ao crescente consumo de pescado no
planeta.
No
setor pesqueiro, o Brasil é um dos países com maior potencial. Temos
tudo para ficar tão competitivos como já somos nos segmentos de grãos e
de outros tipos de carne.
O
país ignorou por muito tempo a aquicultura. Não estudamos nossos
reservatórios e o nosso litoral para a atividade. Não desenvolvemos
tecnologia nem pesquisamos as nossas próprias espécies de pescado para
produção em cativeiro.
E
olhe que o Brasil tem uma das maiores biodiversidades do mundo. Possui
peixes como o tambaqui -que come ração animal e vegetal- e o pirarucu,
um dos maiores de água doce do mundo, apropriado para a produção de
bacalhau.
Finalmente,
há poucos anos, o país descobriu que um segundo pré-sal está diante de
seus olhos e não escondido nas profundezas oceânicas. No entanto, é
preciso determinação e vontade política para aproveitar esta imensa
riqueza. E a piscicultura pode se tornar uma atividade promissora em
todas as regiões do país, inclusive na Amazônia, que detém 8,5% da água
doce do planeta, sem a necessidade de desmatar qualquer área.
A
aquicultura nacional cresce cerca de 10% ao ano. Caminha para 20%, com a
entrada em operação dos parques e áreas aquícolas que serão implantados
pelo Ministério da Pesca e Aquicultura em reservatórios de hidrelétrica
e no litoral. Hoje, há crédito do BNDES e de bancos oficiais para
projetos de todo porte.
Já
temos parques aquícolas em Furnas (MG), Três Marias (MG), Ilha Solteira
(SP, MS, MG), Castanhão (CE), Itaipu (PR) e Tucuruí (PA). Quando estes
reservatórios estiverem produzindo a plena carga -aproveitando até 1% do
espelho d’água para não impactar o meio ambiente-, triplicaremos a
atual produção da piscicultura nacional, passando de 500 mil para 1,5
milhão de toneladas anuais.
Neste
momento, estão em estudo 24 reservatórios públicos, entre eles Serra da
Mesa (GO), Cana Brava (GO), Manso (MT), Lajeado (TO) e outros oito na
calha do Paranapanema.
A
ideia é que os reservatórios produzam não apenas energia elétrica como
alimento. A aquicultura é um excelente negócio, como atesta o BNDES após
estudar o setor. A lucratividade de um hectare de lâmina d’água com
criação de pescado supera geometricamente a obtida em uma mesma área com
gado.
Na
Rio+20, defenderei a aquicultura como uma ótima solução para o Brasil
produzir, de forma intensiva e com sustentabilidade ambiental, um
alimento saudável.
MARCELO CRIVELLA, 54, engenheiro civil e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, é ministro da Pesca e Aqüicultura
Atenciosamente,
Rede Crivella
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