RIO - O novo comando da Polícia Militar já decidiu quem vai ocupar o 3º Comando de Patrulhamento de Área (CPA), que abrange os batalhões da PM da Baixada Fluminense. Para o cargo, antes ocupado pelo coronel Marcus Jardim Gonçalves, vai o coronel Danilo Nascimento, que estava à frente do 35º BPM (Itaboraí). O comandante do Estado Maior operacional, coronel Alberto Pinheiro Neto, vai acumular também a função de comandante do Comando de Operações Especiais, ao qual estão subordinados o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Grupamento Aeromarítimo e a Companhia de Cães da PM. De acordo com o comandante do Estado Maior operacional, todos os comandantes de batalhões deverão ser nomeados até quarta-feira. A cúpula da PM está fazendo reuniões durante todo o fim de semana para definir nomes que integrarão o novo comando.
Após tomar posse sem qualquer solenidade militar, o novo comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, dedicou a sexta-feira, seu primeiro dia no posto, a trocar a equipe. A primeira providência foi exonerar todos os coronéis da cúpula da corporação. Já houve troca em, pelo menos, 13 comandos. Enquanto isso, as corregedorias das polícias Civil e Militar já receberam reforço de pessoal e gratificações para investigar a evolução patrimonial de policiais suspeitos de corrupção. De acordo com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o governo aguarda apenas um parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE), que vai analisar uma forma legal para o processo, pois a lei federal que trata de improbidade só permite investigações de patrimônio de servidores com cargo comissionado. Segundo Beltrame, que na sexta-feira participou da comemoração do primeiro ano da UPP do Morro do Turano, no Rio Comprido, as sindicâncias só serão feitas em caso de condutas suspeitas.
— A sindicância patrimonial nada mais é do que a relação entre o que a pessoa faz, o que o trabalho proporciona e o patrimônio que ela auferiu. E temos que fazer sempre com fundadas razões. As corregedorias poderão analisar situações patrimoniais dos servidores e já receberam reforço para isso, tanto de gratificação quanto de efetivo. Al Capone foi preso não pela polícia, e sim pela Receita Federal — disse, referindo-se ao gângster que dominou o crime organizado em Chicago na década de 30, mas que foi julgado e condenado por sonegação fiscal.
E, na troca da PM, nem mesmo o comando das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) foi poupado: o coronel Rogério Seabra Martins substituirá o coronel Robson Rodrigues da Silva, que vai assumir o Estado-Maior Administrativo. E as mudanças não vão parar por aí.
Já foram afastados o coronel Álvaro Garcia (ex-comandante interino da PM e ex-chefe do Estado-Maior), o coronel Marcus Jardim (do 3º Comando de Policiamento de Área, Baixada), o coronel Paulo Mouzinho (1º CPA, capital menos Zona Oeste), o coronel Ricardo Quemento (Diretoria de Finanças), o coronel Sérgio (do Serviço Reservado), entre outros. Além deles, entregaram os cargos o coronel Carlos Milan (do Estado-Maior Administrativo) e o coronel Carlos Milagres (chefe de Gabinete). Sete coronéis, que estavam na cúpula, sequer vão ganhar novos cargos. Eles vão ser reformados ou, caso ainda não tenham tempo de serviço suficiente, ficarão lotados na Diretoria Geral de Pessoal (DGP), conhecida como “geladeira”.
Batalhões especiais sob novo comando
Depois de uma reunião que durou toda a manhã fora do QG da PM e teve continuidade na sala do comandante, alguns nomes para o primeiro escalão da PM foram anunciados. O coronel Luiz Castro vai assumir o comando do 1º CPA). Já o coronel Frederico Caldas será o responsável pelo Setor de Relações Públicas. Para o Departamento de Logística da corporação, foi escolhido o coronel Carlos Mendes. Outros nomes, segundo o comandante do Estado-Maior da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, serão anunciados nos próximos dias.
Também ficou decidida a criação do Comando de Policiamento Especializado, que vai agregar o Bope e os batalhões de Choque, Florestal, de Polícia Rodoviária, de Turismo e o Regimento de Polícia Montada. O coronel Robson Batalha, que está no 4 CPA (Niterói), não teria aceitado a assumir a corregedoria. O coronel Waldir Soares, que estava no Batalhão de Choque, foi o escolhido para o cargo, um dos mais delicados da nova gestão devido ao envolvimento de policiais em crimes.
Para o 6º CPA (interior fluminense), quem vai é o coronel Maurício Salles Rodrigues. Para a Diretoria Geral de Finanças, irá Rogério Leitão. O coronel Paulo Frederico ocupará a Coordenadoria de Comunicação Social no lugar do coronel Íbis de Oliveira, que seguirá para a Academia de Polícia Dom João VI.
Secretário diz que comandante terá autonomia
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse na sexta-feira achar saudável que haja mudanças na polícia. Ele afirmou ainda que o novo comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, terá autonomia, mas também precisará assumir a responsabilidade por suas decisões.
O coronel Costa Filho e seu Estado-Maior têm a minha confiança e autonomia. Eles vão sempre me dever responsabilidade e compromisso, e deverão assumir suas decisões.
Beltrame disse que não fez qualquer recomendação especial à nova cúpula da PM:
A orientação está dada há quatro anos: pacificação em áreas conflagradas, diminuição dos índices de criminalidade e demostrações firmes de que não há qualquer tipo de pacto com desvio de conduta.
Perguntado se foi surpreendido com a recente crise na PM, o secretário destacou que o problema é antigo:
Estamos mexendo em instituições que chegaram aqui com Dom João. Temos que analisar isso, avançar e criar novas metodologias. São vários os problemas: de logística, infraestrutura e tecnologia.
Busca por novos professores começa este mês
O secretário anunciou ainda que, em 1º de janeiro, os cursos de formação de policiais civis e militares receberão uma nova grade curricular, voltada para direitos humanos, sociologia e antropologia.
Os cursos serão direcionados a uma polícia que quer paz, que demonstra sair de uma ação de guerra para uma ação de prestação de serviços. Mês que vem (outubro), vamos fazer uma chamada para formar um banco de talentos. Qualquer pessoa poderá participar desse banco, de onde sairão os professores das duas corporações.
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