GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

sábado, 1 de outubro de 2011

Tenente-coronel disse que seria ‘um favor’ matar juíza, revela cabo à Justiça

O tenente-coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira: preso acusado de mandar matar a juíza Patrícia Acioli 
"Você me faria um grande favor", teria dito o tenente-coronel Claudio Luiz Silva dos Santos ao ser perguntado pelo tenente Daniel Santos Benitez Lopes se a juíza Patrícia Acioli deveria ser assassinada. A declaração consta do depoimento do cabo Y., prestado na tarde desta sexta-feira na 3ª Vara Criminal de Niterói, em troca do benefício da delação premiada — que prevê redução de pena em caso de condenação. Y. é o segundo dos 11 PMs presos acusados de envolvimento na morte da magistrada que decidiu colaborar com as investigações.
Em seu depoimento, que durou cerca de duas horas e contou com forte esquema de segurança, Y. confessou que ajudou no planejamento da morte da juíza. Ele também reforçou as suspeitas de que o tenente-coronel Claudio teria sido o mandante do crime, ocorrido em 11 de agosto. "Se ele (Claudio) desse um ‘veto’, a execução da juíza não teria ocorrido", disse o cabo.
Ainda de acordo com Y., além de Patrícia, um inspetor da 72ª DP (Mutuá) também estava marcado para ser morto pelo tenente Daniel Benitez e pelo tenente-coronel Claudio, então comandante do 7º BPM (São Gonçalo). Na opinião dos dois, segundo Y., o inspetor "distorcia os autos de resistência (mortes de suspeitos em confronto com a polícia) levando ao Ministério Público as situações invertidas".
O cabo Y. revelou que o tenente Benitez dizia que o inspetor deveria "levar um rodo" (ser morto), e que o coronel Claudio teria respondido que "covardia se combate com covardia". Procurado pelo EXTRA, o inspetor preferiu não se manifestar.
— Y. narrou muitos detalhes da participação do tenente-coronel (Claudio) no crime. O Ministério Público não tem dúvida de que não havia possibilidade de o crime ocorrer sem a participação ou, no mínimo, o conhecimento e a aquiescência do tenente-coronel — disse o promotor Rubem Vianna, da 2ª Central de Inquéritos, que acompanhou o depoimento.
Além dele, estiveram presentes o juiz Peterson Barroso Simão, outros três promotores, três defensores públicos, três representantes da OAB-Niterói, e o advogado Manuel de Jesus Soares, que defende o tenente-coronel Claudio.
Ao contrário do cabo X., que depôs na última segunda-feira e revelou a participação do tenente-coronel Claudio no crime, Y. não pediu para ingressar no Programa de Proteção à Testemunha.

O tenente Daniel Benitez.
O tenente Daniel Benitez. 
Duas visitas à Região Oceânica para planejar
Outra novidade revelada pelo depoimento de Y. foi o fato de o tenente Daniel Benitez ter seguido a juíza até seu condomínio, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, no fim de junho. Na ocasião, Benitez — que estaria acompanhado de sua namorada — não identificou qual era a casa de Patrícia.
O tenente retornou ao local em 11 de julho, um mês antes do crime, junto com o cabo Y., o cabo Sérgio Costa Júnior e Handerson Lents Henriques da Silva, na época lotado no 12º BPM (Niterói), para fazer o reconhecimento do local. Preso na quinta-feira, Lents prestou depoimento ontem na Divisão de Homicídios (DH).
O cabo Y. disse ainda que cada policial do Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM recebia de R$ 10 mil a R$ 12 mil de propina, por semana, para não reprimir o tráfico em favelas de São Gonçalo. Quando a arrecadação era grande, segundo Y., Benitez separava uma parte para o tenente-coronel.
No depoimento, Y. revelou que o tenente-coronel teria dito não cumpria ordens da juíza que não fossem dadas por escrito, como manter fora das ruas PMs envolvidos em autos de resistência.

A juíza Patrícia Acioli foi executada com 21 tiros.
A juíza Patrícia Acioli foi executada com 21 tiros.
Advogado quer coronel fora de Bangu 1
A defesa do tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, preso preventivamente no presídio Bangu 1 há três dias, solicitou ontem à Justiça a transferência do oficial para uma unidade prisional da Polícia Militar.
— Quando fiquei sabendo que o tenente-coronel estava em Bangu 1, custei a acreditar. Estamos falando de um oficial militar. Ele deveria estar num quartel da PM — argumentou o advogado Manuel de Jesus Soares.
Segundo ele, a penitenciária de segurança máxima permite a visita de advogados a cada dez dias. E não há previsão de quando Claudio poderá ter contato com seus parentes.
Em relação ao depoimento de Y., Manuel disse que as declarações não incriminam seu cliente:
— O cabo não faz nenhuma referência da participação do coronel no fato em apuração.
Segundo o promotor Rubem Vianna, o inquérito deve ser relatado pela DH até a próxima terça-feira:
— Estamos certos de que o crime contou com a participação dos 11 policiais que já estão presos, e que não houve envolvimento de mais ninguém.

O cabo Handerson Lents Henriques da Silva deixou a Divisão de Homicídios encapuzado.
O cabo Handerson Lents Henriques da Silva deixou a Divisão de Homicídios encapuzado. 
Soldado confirma que indicou endereço da juíza para assassinos
O soldado Handerson Lents Henriques da Silva, de 27 anos, preso temporariamente por envolvimento na morte da juíza, se apresentou na manhã desta sexta-feira na Divisão de Homicídios (DH), e confirmou à polícia que indicou o endereço dela a outros PMs acusados de envolvimento no crime. Mas afirmou desconhecer o plano para executá-la. A informação foi dada pelo defensor público Leonardo Rosa Melo da Cunha, que vai pedir a revogação da prisão semana que vem.
— A prisão foi desnecessária. A participação do soldado no crime foi e involuntária — disse o defensor.
Segundo o advogado, Lents disse que foi convencido a entrar numa viatura e mostrar onde a juíza morava porque os policiais militares alegaram que estavam investigando uma briga entre Patrícia e o namorado dela, um PM, em janeiro deste ano. Como Lents participou da ocorrência, era o indicado a levá-los ao local.

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