Após a morte da cantora londrina Amy Winehouse, o famoso comediante Russell Brand, marido da cantora Kate Perry, disse em seu site lamentar a morte da amiga com quem dividiu a aflição de ser viciado em drogas. Ele escreveu: "A prioridade de qualquer viciado é se anestesiar da dor de viver e facilitar a passagem do dia com qualquer alívio".
Brand resumiu bem a problemática dos viciados em qualquer tipo de droga, seja ela lícita ou não. A necessidade dos dependentes de fugir da realidade é algo muito difícil de combater, é como se eles ficassem completamente viciados em novas sensações. Infelizmente, um de cada três bebedores abusivos vai passar para o estágio de doença crônica, conforme a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
As drogas, em geral, são um problema grave em todo o mundo. A sociedade moderna tem sido movida pela busca do prazer e, em muitos casos, essa busca ultrapassa todos os limites, tornando-se destrutiva. A OMS considera a dependência química uma doença e a classifica como transtorno mental e comportamental devido ao uso de substâncias psicoativas como o álcool, a maconha, a cocaína e outros. Mas, apesar do crescimento do número de dependentes, não existem ainda tratamentos e serviços que atendam toda essa demanda. Não considero a dependência no álcool, por exemplo, menos letal que o vício de consumir drogas não lícitas; na verdade, a diferença consiste no tempo que essas drogas levam para destruir a saúde de um sujeito e até mesmo matá-lo. O tempo de vida depois que alguém começa a fumar crack, por exemplo, é, em média, de cinco anos.
A maconha é outra droga que costuma ser a boa moça da história. Políticos, artistas e formadores de opinião insistem em dizer que a droga não faz mal à saúde e não vicia, mas isso é uma grande inverdade. Assim como Amy, centenas de jovens têm sua iniciação na maconha e logo passam para drogas mais pesadas. Maconha é uma droga, e liberá-la significaria abrir as portas para outras como a cocaína, utilizada pelo médico vienense Sigmund Freud (1856-1939) e por seus pacientes. Mas sua experiência terminou quando ele se deparou com o poder viciante da droga.
O famoso especialista brasileiro em aconselhamento e terapia de jovens com problemas, Içami Tiba, que também é escritor, médico psiquiatra e orientador educacional, causou polêmica ao dizer que a PUC paulista é um "antro de maconha". Segundo ele, há ali uma cultura de fumar maconha no campus, fato presenciado por Tiba quando ele era professor.
De acordo com Tiba, com base num levantamento feito para saber quantos se viciam após experimentarem drogas, ficou constatado que 50% dos que provaram maconha ficam viciados na substância. Segundo o psicólogo, cada substância apresenta um índice conhecido como Poder Viciante da Droga. No caso da maconha o poder viciante é de 50%; da cocaína, de 80%; já no caso do crack, da heroína e da morfina ultrapassa 80%. Outra questão que precisa ser considerada é que uma parte da população é suscetível a algum vício. A questão é que, em geral, o usuário não consegue admitir que se tornou um viciado, pois isso é visto como uma fraqueza. Na verdade, não importa a frequência com que a pessoa utiliza o entorpecente, mas a necessidades de utilizá-la mesmo que esporadicamente já demonstra que ela foi dominada por esse desejo.
Entre os estudantes, a utilização da maconha causa também a queda no rendimento escolar e até o abandono dos estudos. Liberar o uso da maconha, como defendem os já anestesiados pela droga, só aumentaria a evasão escolar, suicídios, os acidentes de trânsito, além de doenças como câncer, bronquite, pneumonia, hipertensão, infarto e problemas graves de ordem psicológica.
Um levantamento feito no Canadá pelo doutor Sterling Smith mostrou que, entre os motoristas envolvidos em acidentes fatais, 16% deles haviam fumado maconha antes do evento. A maconha é, sim, porta de entrada para drogas mais pesadas, só que o vício geralmente começa no álcool. Liberar o uso da maconha ou sua venda não resolveria o problema de um país em que jovens se perdem no álcool e cigarro. É hora de defendermos as futuras gerações. Até quando ficaremos passivos vendo jovens fumando, bebendo, injetando, inalando e vivendo uma vida medíocre onde o prazer é o que interessa.
*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido.
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