O advogado João Tancredo, que defende as famílias de sete jornalistas vítimas do voo da Chapecoense, vai processar o clube de futebol. Segundo ele, o time teria responsabilidade no episódio, apesar de não ter culpa pela queda da aeronave. “A Chapecoense terá que ser processada, não tem jeito. Foi o clube que fretou a aeronave e fez o contrato com a empresa aérea. A Chapecoense tem responsabilidade sobre o transportado, ela teria que deixá-lo em seu destino”, disse o advogado, que tem entre clientes as famílias do jornalista Guilherme Marques e do produtor Guilherme Van der Lars, ambos da TV Globo.
Tancredo também afirmou que pediu à Justiça, na última segunda-feira, 30, o contrato firmado entre o clube e empresa aérea LaMia. “Quero saber quem ficou responsável pela indenização, em casos de acidente. Teria que ter sido feita uma apólice de seguro em nome dos passageiros. Ela é obrigatória”, disse o advogado. O advogado também vai apurar quem pagou pelas passagens dos jornalistas. Segundo ele, se foram as empresas de comunicação, elas também podem ter alguma responsabilidade na indenização. “Essas famílias não receberam nada até agora. A chance de algumas pessoas não receberem nada é enorme”, afirmou.
O acidente, ocorrido em novembro de 2016, matou 71 pessoas. O vice-diretor jurídico da Chapecoense, Luiz Antônio Palaoro, defendeu que as famílias unam forças contra os responsáveis pelo acidente. “O advogado está no direito de fazer o que quiser. Mas não somos responsáveis pelo acidente; somos vítimas também. O ideal é nos unirmos para brigar com seguradoras, com a companhia aérea e com o governo boliviano”, afirmou.
Segundo Palaoro, uma reunião com a seguradora estava marcada para esta terça-feira, 8, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, para discutir as indenizações, mas o encontro deve ser adiado porque a companhia não teria tido tempo hábil para analisar os documentos enviados pela Chapecoense. “Conclamamos as famílias para unir forças. O clube não é responsável direto. O clube ofereceu levar os jornalistas porque havia assentos vagos, mas ninguém foi obrigado a entrar no voo”, disse.
De acordo com o vice-presidente jurídico, as famílias dos jogadores e funcionários do clube receberam indenização de 28 salários pela Chapecoense, mais 12 salários pela CBF. “As famílias dos jornalistas também já receberam os seguros feitos por suas empresas”. Palaoro afirmou que a Chapecoense não tem recursos para pagar “indenizações milionárias”. “As pessoas que entrarem contra o clube terão caminho mais tortuoso”. Ele negou ainda que o advogado João Tancredo tenha solicitado o contrato firmado entre a Chapecoense com a LaMia. “Fornecemos para a imprensa, para todos que pediram. Ele não pediu esse contrato”, afirmou.
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