GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Não há unidades de cadeias de fast-food famosas, nessa faixa costeira de 360 quilômetros quadrados na qual vivem 1,7 milhão de palestinos e onde a entrada e saída de bens e pessoas continua restrita; o desemprego na área é de cerca de 32%. A passagem para o Egito pelo ponto de entrada em Rafah está limitada a 800 pessoas ao dia, e os homens com idade de entre 16 e 40 anos requerem aprovação especial para a travessia. Passar pelo posto de controle de Erez, para entrar em Israel, requer licença prévia e em geral só é autorizado para pacientes médicos, empresários e funcionários de organizações internacionais. Os palestinos em geral se referem a Gaza como área sob sítio ou bloqueio por Israel, e o isolamento com relação ao mundo está entre as queixas mais comuns das pessoas daqui. Isso pode criar intensos anseios que as pessoas que não vivem em Gaza considerariam levianos, ou ordinários. "As circunstâncias irregulares de Gaza geram uma forma irregular de pensar", explica Fadel Abu Heen, professor de psicologia na Universidade Al Aqsa, em Gaza. "Elas pensam em qualquer coisa do outro lado da fronteira, exatamente como um prisioneiro pensa em qualquer coisa do outro lado das grades". Abu Heen aponta que, quando o Hamas, o grupo militante islâmico que controla a Faixa de Gaza, violou a fronteira com o Egito em 2008, durante o período mais intenso de sítio israelense, milhares de moradores da região afluíram a El Arish e adquiriram não só remédios e alimentos mas também cigarros, conhaque e coisas de que não precisavam --apenas para mostrar que haviam conseguido trazer alguma coisa de fora. Romper o bloqueio, então como agora, é visto como parte da resistência ao inimigo israelense, oferecendo um gostinho de poder e controle aos moradores locais, ainda que este venha em forma de frango frito. Mesmo depois que Israel relaxou as restrições a importações, nos últimos anos, centenas de túneis ilegais floresceram, em Rafah. Armas e pessoas são contrabandeadas por sob a terra, mas o mesmo vale para carros de luxo, materiais de construção e bens de consumo como iPads e iPhones. E agora comida do KFC. Antes conhecido como Kentucky Fried Chicken, o KFC abriu uma unidade franqueada em El Arish, logo ao sul da fronteira de Gaza, em 2011, e uma unidade em Ramallah, na Cisjordânia, no ano passado. Isso, somado aos comerciais de TV onipresentes do KFC e outras marcas famosas do fast food, fez com que os moradores de Gaza começassem a sonhar com o sabor da receita secreta do coronel Sanders. Assim, depois que Efrangi trouxe pratos do KFC de El Arish para que seus amigos experimentassem, no mês passado, começou a receber um dilúvio de pedidos, e um novo negócio surgiu. "Aceitei o desafio de provar que os moradores de Gaza persistem, apesar das restrições", diz Efrangi. Nas últimas semanas, ele coordenou quatro entregas, totalizando cerca de 100 refeições, e gerou cerca de US$ 6 por refeição em lucro. Ele promove o serviço por meio da página do Yamama no Facebook, e sempre que acumula uma massa crítica de pedidos - em geral cerca de 30 -, ele começa um complicado processo de telefonemas, transferências bancárias via Internet e coordenação com o governo do Hamas para trazer o frango frito de lá para cá. Um dia desses, Efrangi fez 15 pedidos e transferiu o dinheiro do pagamento ao restaurante de El Arish, onde os pedidos foram apanhados por um taxista egípcio. Do outro lado da fronteira, Ramzi al-Nabih, um taxista palestino, foi ao posto de controle do Hamas em Rafah, onde os seguranças o conhecem como "o cara do Kentucky". Do posto de controle, Nabih, 26, ligou pra seu colega egípcio e o informou sobre qual entre as dezenas de túneis disponíveis o Hamas havia liberado para a entrega da comida. Ele começou esperando perto do poço de entrada do túnel, mas depois foi baixado em um elevador para uma área a cerca de 10 metros de profundidade, e caminhou até a metade do túnel de 200 metros para se encontrar com dois meninos egípcios que empurravam um carrinho com as caixas e baldes de comida, embrulhados em plástico. Nabih deu cerca de US$ 16,50 aos meninos e discutiu com eles por alguns minutos sobre a gorjeta. Meia hora depois, a comida estava no porta-malas e no banco traseiro de seu táxi, a caminho de Gaza. SELEÇÃO No Yamama, Efrangi separou os pedidos para que seus motoboys entregassem aos clientes. Ele contou que limitava as escolhas a pedaços de frango, fritas, coleslaw e torta de maçã, porque os demais itens podem causar complicação demais. "Alguns clientes pediriam sanduiche sem maionese, ou com tempero extra, ou com ou sem molho", ele diz. "É por isso que não trazemos o cardápio todo, para evitar entregar o pedido errado". Ibrahim el-Ajla, 29, que trabalha para a companhia de água de Gaza e estava entre os clientes que receberam pedidos do KFC naquele dia, reconheceu que a comida era melhor quente como servida no restaurante, mas afirmou que era provável que voltasse a pedir o delivery. "Experimentei nos Estados Unidos e no Egito, e sinto falta do sabor", ele diz. "A despeito do bloqueio, recebi comida do KFC em casa". Efrangi talvez não opere sem concorrência nesse mercado por muito tempo. Um empresário de Gaza que pediu para ser identificado apenas pelo apelido, Abu Ali, para evitar dar informações aos concorrentes, disse ter solicitado uma franquia ao Americana Group, que controla a rede KFC no Oriente Médio, dois meses atrás. Adeeb al-Bakri, dono de quatro unidades do KFC e Pizza Hut na Cisjordânia, disse ter sido autorizado a abrir um restaurante em Gaza, e que estava trabalhando nos detalhes. "Precisamos de aprovação a fim de criar frangos em granjas de Gaza sob os padrões do KFC. Precisamos garantir que as máquinas de fritura entrem em Gaza. Precisamos que especialistas do KFC visitem Gaza para as verificações mensais regulares", disse Bakri. "Não tenho uma varinha de condão que permita abrir em Gaza rapidamente". Bakri não conhecia o serviço de entrega de Efrangi, e quando informado sobre os detalhes, fez uma careta ao saber da odisseia de quatro horas entre o restaurante e a mesa de jantar. "Se um prato não é servido em meia hora, nós o jogamos fora", disse.


As fritas chegam encharcadas, e o frango frito já não está mais crocante. Um balde com 12 pedaços custa cerca de US$ 27 em Gaza mais que o dobro dos US$ 11,50 cobrados do outro lado da fronteira, no Egito.
E se estamos falando de fast-food delivery, bem, o serviço está longe de rápido: demorou mais de quatro horas para que pratos do KFC chegassem aqui, em uma tarde recente, da unidade em que foram preparados em El Arish, Egito, uma jornada que requereu dois táxis, atravessar uma fronteira internacional e um túnel de contrabando, e o trabalho de um jovem empreendedor que coordena toda essa operação de uma pequena loja chamada Yamama a palavra árabe para "pombo", perto daqui.
"É nosso direito desfrutar do sabor de que outras pessoas em todo o mundo podem desfrutar", disse o empresário, Khalil Efrangi, 31, que criou o Yamama anos atrás, com uma frota de motos que entregam comida para os restaurantes de Gaza, o primeiro serviço desse tipo por aqui.





Não há unidades de cadeias de fast-food famosas, nessa faixa costeira de 360 quilômetros quadrados na qual vivem 1,7 milhão de palestinos e onde a entrada e saída de bens e pessoas continua restrita; o desemprego na área é de cerca de 32%.
A passagem para o Egito pelo ponto de entrada em Rafah está limitada a 800 pessoas ao dia, e os homens com idade de entre 16 e 40 anos requerem aprovação especial para a travessia.
Passar pelo posto de controle de Erez, para entrar em Israel, requer licença prévia e em geral só é autorizado para pacientes médicos, empresários e funcionários de organizações internacionais.
Os palestinos em geral se referem a Gaza como área sob sítio ou bloqueio por Israel, e o isolamento com relação ao mundo está entre as queixas mais comuns das pessoas daqui. Isso pode criar intensos anseios que as pessoas que não vivem em Gaza considerariam levianos, ou ordinários.
"As circunstâncias irregulares de Gaza geram uma forma irregular de pensar", explica Fadel Abu Heen, professor de psicologia na Universidade Al Aqsa, em Gaza. "Elas pensam em qualquer coisa do outro lado da fronteira, exatamente como um prisioneiro pensa em qualquer coisa do outro lado das grades".
Abu Heen aponta que, quando o Hamas, o grupo militante islâmico que controla a Faixa de Gaza, violou a fronteira com o Egito em 2008, durante o período mais intenso de sítio israelense, milhares de moradores da região afluíram a El Arish e adquiriram não só remédios e alimentos mas também cigarros, conhaque e coisas de que não precisavam --apenas para mostrar que haviam conseguido trazer alguma coisa de fora.
Romper o bloqueio, então como agora, é visto como parte da resistência ao inimigo israelense, oferecendo um gostinho de poder e controle aos moradores locais, ainda que este venha em forma de frango frito.
Mesmo depois que Israel relaxou as restrições a importações, nos últimos anos, centenas de túneis ilegais floresceram, em Rafah. Armas e pessoas são contrabandeadas por sob a terra, mas o mesmo vale para carros de luxo, materiais de construção e bens de consumo como iPads e iPhones. E agora comida do KFC.
Antes conhecido como Kentucky Fried Chicken, o KFC abriu uma unidade franqueada em El Arish, logo ao sul da fronteira de Gaza, em 2011, e uma unidade em Ramallah, na Cisjordânia, no ano passado. Isso, somado aos comerciais de TV onipresentes do KFC e outras marcas famosas do fast food, fez com que os moradores de Gaza começassem a sonhar com o sabor da receita secreta do coronel Sanders.
Assim, depois que Efrangi trouxe pratos do KFC de El Arish para que seus amigos experimentassem, no mês passado, começou a receber um dilúvio de pedidos, e um novo negócio surgiu. "Aceitei o desafio de provar que os moradores de Gaza persistem, apesar das restrições", diz Efrangi.
Nas últimas semanas, ele coordenou quatro entregas, totalizando cerca de 100 refeições, e gerou cerca de US$ 6 por refeição em lucro. Ele promove o serviço por meio da página do Yamama no Facebook, e sempre que acumula uma massa crítica de pedidos - em geral cerca de 30 -, ele começa um complicado processo de telefonemas, transferências bancárias via Internet e coordenação com o governo do Hamas para trazer o frango frito de lá para cá.
Um dia desses, Efrangi fez 15 pedidos e transferiu o dinheiro do pagamento ao restaurante de El Arish, onde os pedidos foram apanhados por um taxista egípcio. Do outro lado da fronteira, Ramzi al-Nabih, um taxista palestino, foi ao posto de controle do Hamas em Rafah, onde os seguranças o conhecem como "o cara do Kentucky".
Do posto de controle, Nabih, 26, ligou pra seu colega egípcio e o informou sobre qual entre as dezenas de túneis disponíveis o Hamas havia liberado para a entrega da comida. Ele começou esperando perto do poço de entrada do túnel, mas depois foi baixado em um elevador para uma área a cerca de 10 metros de profundidade, e caminhou até a metade do túnel de 200 metros para se encontrar com dois meninos egípcios que empurravam um carrinho com as caixas e baldes de comida, embrulhados em plástico.
Nabih deu cerca de US$ 16,50 aos meninos e discutiu com eles por alguns minutos sobre a gorjeta. Meia hora depois, a comida estava no porta-malas e no banco traseiro de seu táxi, a caminho de Gaza.

SELEÇÃO
No Yamama, Efrangi separou os pedidos para que seus motoboys entregassem aos clientes. Ele contou que limitava as escolhas a pedaços de frango, fritas, coleslaw e torta de maçã, porque os demais itens podem causar complicação demais.
"Alguns clientes pediriam sanduiche sem maionese, ou com tempero extra, ou com ou sem molho", ele diz. "É por isso que não trazemos o cardápio todo, para evitar entregar o pedido errado".
Ibrahim el-Ajla, 29, que trabalha para a companhia de água de Gaza e estava entre os clientes que receberam pedidos do KFC naquele dia, reconheceu que a comida era melhor quente como servida no restaurante, mas afirmou que era provável que voltasse a pedir o delivery. "Experimentei nos Estados Unidos e no Egito, e sinto falta do sabor", ele diz. "A despeito do bloqueio, recebi comida do KFC em casa".
Efrangi talvez não opere sem concorrência nesse mercado por muito tempo. Um empresário de Gaza que pediu para ser identificado apenas pelo apelido, Abu Ali, para evitar dar informações aos concorrentes, disse ter solicitado uma franquia ao Americana Group, que controla a rede KFC no Oriente Médio, dois meses atrás. Adeeb al-Bakri, dono de quatro unidades do KFC e Pizza Hut na Cisjordânia, disse ter sido autorizado a abrir um restaurante em Gaza, e que estava trabalhando nos detalhes.
"Precisamos de aprovação a fim de criar frangos em granjas de Gaza sob os padrões do KFC. Precisamos garantir que as máquinas de fritura entrem em Gaza. Precisamos que especialistas do KFC visitem Gaza para as verificações mensais regulares", disse Bakri. "Não tenho uma varinha de condão que permita abrir em Gaza rapidamente".
Bakri não conhecia o serviço de entrega de Efrangi, e quando informado sobre os detalhes, fez uma careta ao saber da odisseia de quatro horas entre o restaurante e a mesa de jantar.
"Se um prato não é servido em meia hora, nós o jogamos fora", disse.


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