Desde que perdeu o filho, há exatos 15 anos, para uma bala perdida durante um tiroteio entre traficantes e policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda), na Favela de Acari, José Luís Farias da Silva só tem um sonho: o de justiça. Ainda não a obteve, já que, apesar de ter ganho em todas as instâncias da Justiça o direito de ser indenizado pelo estado, não recebeu um só tostão. Enquanto não consegue o dinheiro para se mudar de volta para a Paraíba e, assim, dar descanso à alma do menino, ele faz questão de lembrar a violência que dilacerou sua família.
Nesta sexta-feira, ela foi até a estátua de Maicon, erguida na favela onde ele morreu, e continua por lá fazendo uma espécie de vigília. Ao lado da imagem - que carrega cápsulas de balas nas mãos -, ele expõe quadros, também confeccionados a partir de cartuchos oriundos dos violentos confrontos ocorridos em Acari.
- Desde que meu filho morreu, eu me tornei esse artista - contou José.
Irmão mais velho de Maicon, Renan Audrei Silva, de 22 anos, que na época do crime tinha apenas 7 e foi baleado na boca, também participou da homenagem.
- Não lembro de muita coisa. Mas carrego até hoje a tristeza de não poder apresentar meu filho (de 4 anos) ao meu irmão - disse.
A mãe do menino, Maria da Penha, de 53 anos, também esteve por lá. Ela contou que separou-se de José Luís:
- Não há mais espaço no coração dele para mim. Só para o desejo de justiça.
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