O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou que não disputará as eleições do ano que vem, avaliou que o Brasil não estaria preparado para ser governado por um negro e classificou o Itamaraty como "uma das instituições mais discriminatórias do Brasil".
Desde o julgamento do mensalão e a condenação de 25 dos 38 réus, o nome do ministro começou a ser lembrado em pesquisas de opinião. "Sou muito realista. Nunca pensei em me envolver em política", afirmou o ministro em entrevista publicada neste domingo pelo jornal O Globo. O presidente do STF não foi filiado a partidos políticos no passado e, reservadamente, critica legendas que considera de direita, como o DEM, que contestou a política de cotas raciais. "Não tenho laços com qualquer partido político." Barbosa se declarou "social-democrata à europeia".
Como ministro do Supremo, ele teria de deixar o tribunal no ano que vem caso decidisse concorrer às eleições e renunciar à presidência da Corte quase sete meses antes de terminar seu mandato.
Barbosa acredita que o país não está pronto para ter um presidente negro. "Acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não declarados no Brasil."
Itamaraty – Barbosa afirmou ter sido vítima de preconceito ao ser reprovado no concurso para diplomata. Foi eliminado na fase de entrevistas. "O Itamaraty é uma das instituições mais discriminatórias do Brasil", disse. E afirmou que "todos os diplomatas" do país queriam estar hoje na sua posição, na presidência da mais alta corte brasileira.
O Itamaraty não comentou as declarações de Barbosa, mas disse que a instituição mantém um programa de ação afirmativa.
Mensalão – Com o retorno do tribunal ao trabalho nesta semana, Barbosa afirmou que submeterá ao plenário o calendário de sessões para julgar os recursos do mensalão – o que começaria em 14 de agosto, pelos planos do presidente do STF.
Assim que forem encerrados os julgamentos dos embargos de declaração, Barbosa deve defender a prisão imediata de parte dos condenados. Os réus que eventualmente tenham direito a novo julgamento, se aceitos os embargos infringentes – recurso contra decisões não unânimes –, seriam presos posteriormente, se mantidas as condenações.
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