Inconformado com a condenação que lhe foi imposta pelo Supremo Tribunal Federal, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) disse a amigos que renunciará à candidatura a prefeito de Osasco. Seu vice, o também petista Jorge Lapas, deverá assumir o posto. Lapas foi secretário de Obras e de Governo do atual prefeito, Emídio de Souza, e entrou na chapa como "Plano B" para o caso de punição do titular.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para João Paulo e solidarizou-se com ele. Antes, já havia pedido que o deputado desistisse do páreo. "Não dá para ficar", afirmou Lula, que é amigo de João Paulo desde os anos 1980.
Em conversas reservadas, o ex-presidente da Câmara afirmou ter sido vítima de um "tribunal de exceção", termo usado por vários petistas para se referir ao Supremo. Depois da condenação de João Paulo pelos crimes de corrupção passiva e peculato, integrantes da campanha disseram ao Estado que virariam a noite para avaliar os próximos passos. João Paulo é apoiado por uma coligação de 20 partidos e está em terceiro lugar nas pesquisas.
O deputado prepara a renúncia para as próximas horas. Sua preocupação, agora, é tentar calibrar o discurso de saída com o tom de injustiçado político e defender seu mandato na Câmara. Ele encomendou pesquisas para verificar a reação dos eleitores de Osasco ao seu julgamento no processo do mensalão.
À frente da Prefeitura desde 2005, Emídio não queria que João Paulo se candidatasse. Lapas sempre foi o seu preferido, mas o deputado bateu o pé e insistiu em lançar o próprio nome. Por causa das eleições, Emídio e João Paulo romperam a amizade. O ex-presidente da Câmara chegou a dizer que nunca desistiria em favor de Lapas.
Até ontem, João Paulo tentava encontrar alternativa para não dar a vaga a Lapas, sob alegação de que ele não tem musculatura política para a candidatura. "Há essa resistência mesmo, mas não tem jeito. A troca tem que ser muito rápida", disse um membro da campanha. A cúpula do PT já considera difícil ganhar a eleição do tucano Celso Giglio.
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