RIO
 DE JANEIRO, 15 Jun (Reuters) - A Rio+20 encerrou sua primeira rodada de
 negociações nesta sexta-feira sem chegar a um acordo para um documento 
final, e caberá agora ao Brasil liderar as discussões para tentar evitar
 que a cúpula seja um retrocesso nas políticas de desenvolvimento 
sustentável.
Países desenvolvidos, tradicionais financiadores de 
projetos ambientais e os mais afetados pela crise econômica 
internacional, mantiveram-se resistentes ao compromisso de novos aportes
 e transferência de tecnologia.
A presidente Dilma Rousseff deve 
aproveitar a cúpula do G20, que reunirá na semana que vem, no México, as
 principais economias do mundo, para tentar evitar o fracasso da 
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que 
acontece no Rio de Janeiro.
"Já não é mais hora de pôr texto na 
tela e mudar verbos, agora é a hora final, é a hora de fechar o texto, e
 vamos fechar o texto", disse o embaixador Luiz Figueiredo, um dos 
negociadores-chefe da delegação brasileira na Rio+20.
Com a falta de um acordo no último dia das reuniões preparatórias, o Brasil assumirá a liderança das negociações.
Nos
 próximos dias, o país deverá realizar consultas informais para tentar 
costurar um acordo antes da cúpula de alto nível, que reunirá chefes de 
Estado a partir do dia 20. Essas abordagens discutirão o 
"imprescindível", segundo Figueiredo, que negou a existência de um texto
 de consenso pronto.
Ministros de diversos países devem se juntar às negociações a partir deste fim de semana para concluir o texto até o dia 19.
Mais
 cedo, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da ONU, 
Nikhil Seth, já havia afirmado que as negociações seriam prolongadas até
 a próxima semana, e disse que menos de 30 por cento do texto final 
havia sido acertado.
Os principais pontos em disputa são quanto à 
implementação do desenvolvimento sustentável, como capacitação e 
financiamento, e o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o 
Meio Ambiente (Pnuma).
Nas negociações, países ricos teriam 
rejeitado realizar novos aportes para projetos e se posicionaram 
fortemente contra a transferência de tecnologia, disseram à Reuters duas
 fontes a par das negociações, sob condição de anonimato.
Há 
receios de que o impasse possa gerar um texto com ambições "muito 
baixas", disse uma das fontes, que citou ter visto delegações com 
documentos de reuniões anteriores debatendo pontos que já haviam sido 
concordados em outras conferências da ONU. "Há a chance real de 
retrocesso", afirmou.
Apesar dos impasses, o Brasil tentou 
demonstrar otimismo com as negociações. A ministra do Meio Ambiente, 
Izabella Teixeira, disse que as conversas chegaram a "avanços e 
consensos" e declarou não haver possibilidade de fracasso.
Mas, no
 fim do dia, com as chances de um acordo praticamente nulas, o ministro 
de Relações Exteriores, Antonio Patriota, pediu mais "ambição" dos 
países participantes.
As expectativas já estavam baixas antes do 
início da conferência, que ocorre em meio à piora da crise econômica 
internacional, e diante da resistência de nações desenvolvidas de 
assumir novos compromissos.
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