Estava solteira. Havia dez meses que eu terminara meu primeiro compromisso sério. Namorei um rapaz durante os quatro anos finais da minha adolescência. O relacionamento acabou justamente porque eu precisava de mais espaço e queria viver novas experiências. Aos 20, enquanto curtia a juventude adoidado, apaixonei-me novamente, por um amigo. A questão era essa: éramos bem próximos, da mesma galera.
Na medida em que você convive com grupos de vários homens, percebe como eles se comportam, a forma que falam das mulheres, os valores que afirmam entre eles. Conhecia todos os podres do garoto por quem me apaixonei. E sabia que, em todos os outros relacionamentos que teve na vida (muitas namoradas), nunca conseguiu deixar de trair. Não que ele gostasse disso. Baladeiro convicto, tinha um monte de amigos, a mulherada dava mole. A diversão do flerte é mesmo revigorante, principalmente para jovens adultos. Funciona como uma massagem na autoestima. Atrair olhares, puxar conversa, conquistar. Alguns rapazes usam até a expressão “paquera esportiva” para descrever aqueles dias em que saem em solteiros.
Não quis ser enganada como vi acontecer com as suas últimas namoradas. Decidi que comigo seria diferente. Como amiga, preferi que ele e a nossa galera não escondessem nada de mim. Então, quando o homem por quem eu estava apaixonada confessou sentir o mesmo a meu respeito, foi algo espontâneo. Quase que uma sinergia de sentimentos. Sem nunca cobrar nada um do outro, de repente nos vimos totalmente conectados. Estávamos namorando.
O modelo de relacionamento que tivemos aconteceu naturalmente – como tudo em nossa relação. Continuamos a fazer as mesmas coisas de sempre, a nos divertir por aí, sem restrições. Não acho que alguém precise reprimir o desejo que sente pelo resto do mundo para me amar. O que eu realmente queria era ele feliz, ao meu lado. Assumi, na minha cabeça, que a tentação das outras mulheres é mesmo irresistível. Acho que é, até para mim. Talvez eu seja tão safada quanto eles.
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