O Perfil desta semana conta a história de Dona Anne Kamiyama, que, atualmente, é uma das poucas agricultoras de gengibre que ainda restam em Ubatuba e no Litoral Norte. O cultivo praticamente solitário da herbácea no bairro do Araribá, no Sul ubatubense, não condiz com a história do gengibre na região.
Na final da década de 80, as fazendas do Litoral Norte eram as principais produtoras e exportadoras do tubérculo do país. Na época, só Ubatuba tinha quase 30 agricultores de gengibre, além de uma extensa área de cultivo em Caraguatatuba (onde hoje se planta banana). Nos anos de glória, a região chegava a produzir milhares de toneladas por ano e o cultivo chegou a ser o carro chefe da agricultura na Costa Norte paulista.
No entanto, em meados dos anos 90 a situação começou a se complicar para os produtores de gengibre. Uma praga, conhecida como Fuzarioze passou a ameaçar a maioria das fazendas da região. “Esta doença foi um divisor de águas. Foram três anos seguidos de perdas enormes. Teve fazenda em que o prejuízo chegou a cifras muito altas. Os bichos vão comendo o gengibre e como fica debaixo da terra, não dá pra perceber. Aí quando chegava a hora da colheita era aquela decepção”, conta Anne Kamiyama, que lida com plantação de gengibre desde 1982.
A praga acabou gerando a falência e a migração da maior parte dos produtores. E é justamente nesse momento que a entrevistada de hoje começa a trilhar um caminho especial. “A Dona Anne é a rainha do gengibre, porque todo mundo desistiu do gengibre, mas ela não”, resumiu o parceiro de hoje, Sebastião das Neves. Após a Fuzarioze ter atacado diversas plantações, apenas a fazenda Kamiyama permaneceu na cultura do tubérculo.
“Ficamos lutando contra a praga, driblando a doença e acreditando na produção para exportação. Era complicado, pois a seleção do gengibre era muito detalhada e, além da praga, nós perdíamos muito material que não podia ser exportado. Aí, quando veio a queda do dólar, foi um golpe fatal e foi o momento mais difícil”, contou Amarildo Pazelli da Silva, outro parceiro antigo e atual de Dona Anne.
Mesmo com tamanhas dificuldades e o fim da exportação, a rainha do gengibre não queria desistir do cultivo, principalmente, por conhecer detalhadamente sobre os benefícios do tubérculo para a saúde humana. “Alguns estudos começaram a ser divulgados e percebemos que não poderíamos abandonar a cultura. O gengibre é bom para a circulação, além de diminuir a congestão nasal, cólicas menstruais e previne o câncer de intestino e ovário. Eu sei disso tudo e não posso parar de cultivar algo tão bom”, conta Anne Kamiyama, revelando sua relação de carinho com a plantação do tubérculo na região Sul de Ubatuba.
Mas para seguir adiante com o gengibre, os produtores locais precisavam encontrar uma solução para a Fuzarioze. Foi quando Anne, Amarildo e Sebastião perceberam que o cultivo com menos agrotóxico e mais adubo orgânico tornava a plantação mais resistente à praga. Eles então viram que era possível continuar com a cultura, porém precisariam encontrar um destino final para o tubérculo produzido.
A saída para que o gengibre não se tornasse apenas um amor platônico e continuasse gerando emprego e renda em Ubatuba foi tranformar a fazenda em uma agro-indústria. Há três anos, Anne consolidou uma parceria com seus funcionários citados acima e o gengibre produzido passou a se transformar em produtos naturais prontos para o consumo humano. São balas, bolos, biscoitos, sucos, sorvetes, tudo de gengibre e com um sabor muito agradável, comprovado pela reportagem durante extensa degustação.
São cerca de 150 toneladas do tubérculo colhidas por ano e transformadas nos diversos produtos naturais, que são comercializados em Ubatuba, em locais como o Tachão. “Estamos otimistas com a saída dos produtos e, com os benefícios do gengibre sendo divulgados, podemos esperar um futuro cada vez melhor. Eu acreditei, justamente por saber que faz bem. Além disso, conseguimos ter cinco funcionários fixos e outros tantos que auxiliam em alguma fase da produção. É o gengibre também fazendo bem para o aspecto social”, ressalta Dona Anne, acrescentando que a fazenda ainda funciona como Centro de Integração Rural e participa de ações donativas e beneficentes em Ubatuba.
Para o futuro, a rainha do gengibre segue otimista e, porque não dizer, apaixonada. Ela espera que o cultivo do tubérculo volte a ser importante para o setor agrícola da cidade e destaca que outros produtores estão interessados em retomar a cultura. Definitivamente, Anne Kamiyama merece o título de rainha, afinal, ela e seu exército, formado pelos agricultores premiados Sebastião e Amarildo (além das funcionárias da agro-indústria), parecem que nunca deixarão de lutar por essa semente do bem.
Na final da década de 80, as fazendas do Litoral Norte eram as principais produtoras e exportadoras do tubérculo do país. Na época, só Ubatuba tinha quase 30 agricultores de gengibre, além de uma extensa área de cultivo em Caraguatatuba (onde hoje se planta banana). Nos anos de glória, a região chegava a produzir milhares de toneladas por ano e o cultivo chegou a ser o carro chefe da agricultura na Costa Norte paulista.
No entanto, em meados dos anos 90 a situação começou a se complicar para os produtores de gengibre. Uma praga, conhecida como Fuzarioze passou a ameaçar a maioria das fazendas da região. “Esta doença foi um divisor de águas. Foram três anos seguidos de perdas enormes. Teve fazenda em que o prejuízo chegou a cifras muito altas. Os bichos vão comendo o gengibre e como fica debaixo da terra, não dá pra perceber. Aí quando chegava a hora da colheita era aquela decepção”, conta Anne Kamiyama, que lida com plantação de gengibre desde 1982.
A praga acabou gerando a falência e a migração da maior parte dos produtores. E é justamente nesse momento que a entrevistada de hoje começa a trilhar um caminho especial. “A Dona Anne é a rainha do gengibre, porque todo mundo desistiu do gengibre, mas ela não”, resumiu o parceiro de hoje, Sebastião das Neves. Após a Fuzarioze ter atacado diversas plantações, apenas a fazenda Kamiyama permaneceu na cultura do tubérculo.
“Ficamos lutando contra a praga, driblando a doença e acreditando na produção para exportação. Era complicado, pois a seleção do gengibre era muito detalhada e, além da praga, nós perdíamos muito material que não podia ser exportado. Aí, quando veio a queda do dólar, foi um golpe fatal e foi o momento mais difícil”, contou Amarildo Pazelli da Silva, outro parceiro antigo e atual de Dona Anne.
Mesmo com tamanhas dificuldades e o fim da exportação, a rainha do gengibre não queria desistir do cultivo, principalmente, por conhecer detalhadamente sobre os benefícios do tubérculo para a saúde humana. “Alguns estudos começaram a ser divulgados e percebemos que não poderíamos abandonar a cultura. O gengibre é bom para a circulação, além de diminuir a congestão nasal, cólicas menstruais e previne o câncer de intestino e ovário. Eu sei disso tudo e não posso parar de cultivar algo tão bom”, conta Anne Kamiyama, revelando sua relação de carinho com a plantação do tubérculo na região Sul de Ubatuba.
Mas para seguir adiante com o gengibre, os produtores locais precisavam encontrar uma solução para a Fuzarioze. Foi quando Anne, Amarildo e Sebastião perceberam que o cultivo com menos agrotóxico e mais adubo orgânico tornava a plantação mais resistente à praga. Eles então viram que era possível continuar com a cultura, porém precisariam encontrar um destino final para o tubérculo produzido.
A saída para que o gengibre não se tornasse apenas um amor platônico e continuasse gerando emprego e renda em Ubatuba foi tranformar a fazenda em uma agro-indústria. Há três anos, Anne consolidou uma parceria com seus funcionários citados acima e o gengibre produzido passou a se transformar em produtos naturais prontos para o consumo humano. São balas, bolos, biscoitos, sucos, sorvetes, tudo de gengibre e com um sabor muito agradável, comprovado pela reportagem durante extensa degustação.
São cerca de 150 toneladas do tubérculo colhidas por ano e transformadas nos diversos produtos naturais, que são comercializados em Ubatuba, em locais como o Tachão. “Estamos otimistas com a saída dos produtos e, com os benefícios do gengibre sendo divulgados, podemos esperar um futuro cada vez melhor. Eu acreditei, justamente por saber que faz bem. Além disso, conseguimos ter cinco funcionários fixos e outros tantos que auxiliam em alguma fase da produção. É o gengibre também fazendo bem para o aspecto social”, ressalta Dona Anne, acrescentando que a fazenda ainda funciona como Centro de Integração Rural e participa de ações donativas e beneficentes em Ubatuba.
Para o futuro, a rainha do gengibre segue otimista e, porque não dizer, apaixonada. Ela espera que o cultivo do tubérculo volte a ser importante para o setor agrícola da cidade e destaca que outros produtores estão interessados em retomar a cultura. Definitivamente, Anne Kamiyama merece o título de rainha, afinal, ela e seu exército, formado pelos agricultores premiados Sebastião e Amarildo (além das funcionárias da agro-indústria), parecem que nunca deixarão de lutar por essa semente do bem.
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