Líderes da oposição ironizaram o fato de a presidente Dilma Rousseff, personificada na campanha como “coração valente”, não ter tido coragem de aparecer em público para justificar, perante a Nação, as duras medidas para reequilíbrio das contas públicas anunciadas, nos últimos 21 dias de sumiço, pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy. Como presidente eleita, dizem, ela teria obrigação de defender as medidas, mesmo que impopulares e contrárias ao que prometeu durante a campanha. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), diz que os brasileiros assistem “perplexos” o anúncio de medidas para corrigir erros que são de exclusiva responsabilidade do governo de Dilma, e que ela não apareceu para assumir a gravidade da crise .
— Hoje falta coragem a presidente da República para ela mesma, olhando nos olhos dos brasileiros, dizer que as medidas estão sendo tomadas, aumento da carga tributária e supressão de direitos trabalhistas, são consequência dos inúmeros equívocos do seu governo. As responsabilidades sobre essas medidas não podem ser terceirizadas. A responsabilidade pelo que acontece hoje no Brasil é exclusiva da presidente Dilma e do seu governo — cobrou Aécio, em vídeo divulgado hoje.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que Dilma “tomou chá de sumiço” e mostrou falta de estofo de estadista. O senador eleito, Ronaldo Caiado (DEM-GO), disse que a coração valente “amarelou” e o presidente da legenda, Agripino Maia (RN), disse que a presidente se esconde por “constrangimento” de negar as propostas com as quais foi eleita.
O democrata Ronaldo Caiado disse também que , enquanto Dilma está sumida e não se pronuncia, o ministro das Minas e Energia , Eduardo Braga, e o diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, dão explicações desencontradas e “batem cabeça” na tentativa de negar o racionamento de energia elétrica.
— A presidente Dilma tem que dar uma explicação geral a Nação, não pode simplesmente se esconder ao longo de 21 dias em que o povo foi bombardeado com notícias ruins. Sei que é uma situação difícil de ser explicada. Mas cadê o coração valente? Amarelou? — criticou Caiado.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que a credibilidade de alguém que exerce função da relevância de um presidente da República,especialmente em momentos difíceis da vida de um Pais , depende da lealdade para com os cidadãos e da coragem de explicar com clareza sua visão dos problemas e suas propostas para superá-los.
— Dilma esquivou-se de fazê- lo na campanha e ,na Presidência, tomou chá de sumiço quando chegou a hora da verdade: decididamente não tem estofo de estadista — comentou Nunes Ferreira.
O presidente do Democratas, Agripino Maia, disse que todo líder tem de assumir posições, mas a presidente Dilma não está vindo a público desde que o pacote de aumento de impostos e corte de benefícios trabalhistas foi anunciado “por constrangimento da quebra da palavra”. Ele que Dilma assumiu uma posição “escapista” e está delegando a Joaquim Levy, que não foi eleito para isso, tomar as decisões que acha que deve, independente das propostas apresentadas ao eleitor que lhe deu o voto acreditando nelas.
— Tudo que Dilma não é, é coração valente. Isso é tão verdade como a vaca tossir. Desaparecendo, ela está negando a capacidade de liderar o País. Um líder de verdade, ao invés de se esconder por quase um mês, assumiria as posições e as defenderia. Dilma está transferindo o governo para terceiros — disse Agripino.
Líderes e parlamentares da base governista e do PT foram procurados, mas preferiram não comentar o sumiço da presidente Dilma nesse momento político delicado.
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