Ricardo Romero de Oliveira Nogueira, Ri, ou simplesmente Ricardinho, tem apenas 11 anos, mas conversa e pensa como gente grande. Muito mais inteligente que muito adulto por aí, sem sombra de dúvida. Um pequeno gênio mesmo.
Em uma casa simples no Centro de São Sebastião, onde mora com duas tias, dois primos e uma avó, durante apenas meia hora de entrevista, ele me surpreendia a cada instante com palavras e ideias. Seu pai e irmão são advogados; sua irmã é professora. “São pessoas muito inteligentes”, diz Ricardinho, que cursa o 7° ano numa escola particular da cidade e acredita que a chave para a sobrevivência no mundo de hoje é o conhecimento. E ele garante que muitos em sua classe “bóiam” na aula. “Boiar significa que você está no mundo da lua”, explica. E gosta de quase todas as disciplinas, sendo História sua preferida. “Gosto de Matemática, Ciências, Geografia. Só não gosto muito de Inglês”, conta.
Na escola, seus amigos dizem que ele é “nerd”. E ele gosta de ser chamado assim. “Eu gosto porque, na verdade, nerd é uma pessoa inteligente. Meus amigos da escola não são como eu. Não conheço nenhuma criança como eu”, comenta Ricardinho, que tem alguns amigos mais velhos também. Um de seus melhores amigos tem 80 anos de idade. “A gente troca umas ideias de vez em quando. Mais do que ler eu gosto de conversar com pessoas que viveram a história e sabem mais do que eu. Gosto muito de ir pra rua, absorver e transmitir conhecimento”, diz. “Converso com antigos políticos, pessoas que conhecem história. Pego fatos pra tirar opinião, não opinião para tirar fatos”, declara, com propriedade, o menino branquinho, loirinho, dos olhos cor de mel, brilhantes e ávidos por conhecimento, escondidos detrás de seus óculos, que transmitem um ar ainda maior de inteligência e seriedade. Assim é Ricardinho.
Ricardo, o Político
Muito interessado em Política, Ricardinho dificilmente perde uma sessão de Câmara. Quando perguntei por que tanto interesse no assunto, ele disparou: “Eu que te pergunto. Como uma pessoa não se interessa por política?”. Para ele, é muito importante saber o que está acontecendo e para onde vai o dinheiro dos impostos pagos pelo povo.
Ele conta que tal interesse teve maior intensidade na última campanha eleitoral para prefeito da cidade. E garante que também acompanhou de perto a eleição do ex-presidente Lula. Tinha apenas seis anos na época. “Os políticos decidem coisas da nossa vida cotidiana. Procuro acompanhar o máximo possível e ainda acho que sei pouco”, afirma.
E como ele avalia o governo da atual presidente Dilma Rousseff? “Só vi a nossa querida presidenta, nesses sete meses de governo, fazer o PAC da miséria e a faxina com os ministros, o que acho que não está de mal tamanho, não”, comenta.
É preciso participar!
Na Câmara, Ricardinho diz que não tem nenhum vereador favorito. “Não tenho prediletos no ramo da política. Quando vejo algum político fazer o bem, não acho que deva ser elogiado. Ele não está fazendo mais que a obrigação com o salário que a gente paga pra ele”, declara.
Para ele, o político que deve ser elogiado é aquele que trabalha 24 horas por dia, mesmo nas horas vagas. “O trabalho de um político não deve ser só no horário do expediente”, avalia.
Na Casa de Leis sebastianense, fica ali sentado, atento a tudo que está sendo debatido. E não resiste: precisa conversar com os vereadores. “Durante a sessão eu tenho dúvidas e mando perguntas pra eles, que são sempre respondidas”, conta. “Minha dúvida mais séria foi pro Coringa uma vez. Perguntei se, visto que nosso governo é laico, por que no início de cada sessão ele sempre lê um trecho da bíblia e por que lá atrás da mesa tem um crucifixo”, diz. “Falei que então eu ia criar uma religião e ele teria que ler um trecho dela também antes da sessão. Ele respondeu dizendo que está obedecendo à Lei Orgânica, e que eu tinha que conseguir 5.300 assinaturas pra que não seja mais assim. Vou recolher as assinaturas”, brinca.
Mais vereadores, Ricardinho?
Segundo Ricardinho, pela Lei municipal, é preciso aumentar o número de vereadores quando se tem um maior número de pessoas no município. “Só que acho que 15 cadeiras é um número excessivo, aumenta em 50%. Acho que 12 ou 13 cadeiras é um bom número”, avalia.
O que falta na cidade?
“Nossa cidade é muito rica, por aqui passa 60% do nosso petróleo. Acho que falta um pouco de investimento, principalmente na área da educação, numa cidade que arrecada tantos impostos. Um povo inteligente forma profissionais mais cultos”, diz.
Partido político?
“Gosto do PSDB. Não sou de direita, mas também não aprovo tudo da esquerda. Gosto do meio termo. É meio difícil escolher um partido”, analisa. “Acho que o PSDB é um partido que está tomando uma visão mais de centro agora, então acho que ele se adequa muito a mim”, completa.
Jovem Espírita
Espírita, Ricardinho diz que essa é uma das poucas religiões que ele conhece que vai um pouco para o lado científico. “Eu adoro a ciência”, fala o menino, que não gosta de discutir sobre religião. “Acho que cada um tem a sua fé, procuro respeitar a religião de todos. Detesto quando políticos usam religião em campanhas eleitorais, mencionam Deus em seus discursos”, comenta.
Qual é a música?
De que tipo de música gosta Ricardinho? “Gosto de tropicalismo, música popular brasileira, música clássica”, conta. “Vem, vamos embora que esperar não é saber”, canta um trechinho. Segundo o menino, antigamente as músicas eram focadas em assuntos mais sérios. “Por exemplo, perguntaram pra um dos integrantes daquela banda Restart qual era o sentido da música deles. E eles disseram que era pra agitar as meninas. Renato Russo saia do palco e distribuía coisas contra a ditadura”, compara. “Aquela música Cálice, do Chico Buarque, na verdade tinha uma mensagem por trás. Cálice, que pensavam que era aquela taça, na verdade era o ‘cale-se’ da ditadura”, explica.
Esse menino tem algum defeito?
O menino de muitas virtudes tem poucos defeitos. Ricardinho conta que acha que sua alimentação deixa um pouco a desejar. “Minha comida predileta é costela”, diz. “Também gosto de expressar meu conhecimento demais, acho que sou meio arrogante”, avalia.
Mas criança não brinca?
“Quando eu era menor, eu brincava. Minha infância já passou”, diz o menino de 11 anos. Diferente da maioria dos meninos de sua idade, Ricardinho raramente joga videogame. Mas tem um jogo que ele gosta de jogar no computador. “É um onde você constrói uma cidade medieval e joga com outras pessoas, tentando conquistar outras cidades. No jogo, você aprende como administrar uma cidade, estratégias militares, aprende a investir em fontes de renda”, explica.
Na telinha, gosta de ver filmes de comédia e seu canal preferido é o History Channel (essa tava muito fácil!).
Também no computador, gosta muito de fazer pesquisas. “De tudo que já vi, o mais interessante foi um documentário que achei sobre o golpe de 64. Nossa, muito bom, eu babo só de falar”.
E de esporte, ele gosta?
Ricardinho, que já quebrou um dos pés jogando futebol, diz que não gosta do esporte e nem tem time preferido. “Acho que o povo brasileiro se concentra muito em esporte e não dá valor a outras coisas realmente importantes, principalmente na área da educação. Vejo muito isso na minha escola. Durante a aula, os meninos estão tão preocupados com a hora do futebol que não prestam atenção na aula”, comenta ele, que joga tênis, mas prefere o xadrez. Este, sim, é seu esporte predileto! Aliás, desde o início do ano ele vem representando a cidade em campeonatos. “Já fiquei em segundo lugar”, conta o menino, que aprendeu todas as manhas do jogo com seu pai, o advogado Sílvio Nogueira. “Na idade média, os nobres jogavam xadrez ou gamão. Acho que são jogos de muita estratégia, que desenvolvem muito a mente. Foi comprovado por um estudo que as pessoas que jogam xadrez são mais inteligentes”, conta o amante de jogos de tabuleiro. “Quero aprender a jogar gamão. Preciso que alguém me ensine”. Alguém se habilita?
O que ele quer ser quando crescer?
Advogado e, “tchãn nã nã nãm”, político, claro! “Quero chegar à presidência da república”, declara, com os olhos brilhantes, de quem tem a certeza de que alcançará seu objetivo.
E o que fará como presidente?
“A primeira coisa que eu vou (e não iria!) fazer é fortalecer os laços com a China e com a União Soviética. Acho que poderíamos fechar melhores negócios com outros países, não só com os Estados Unidos. Está acontecendo a mesma coisa que acontecia na época em que o Brasil era colônia de Portugal”, considera Ricardinho, que garante que também investiria em Educação como líder da nação. “Este o país mais avançado monetariamente na América do Sul. Acho que deveria ser exemplo”. Falou e disse, pequeno grande cidadão. Você, sim, é um grande exemplo!
Em uma casa simples no Centro de São Sebastião, onde mora com duas tias, dois primos e uma avó, durante apenas meia hora de entrevista, ele me surpreendia a cada instante com palavras e ideias. Seu pai e irmão são advogados; sua irmã é professora. “São pessoas muito inteligentes”, diz Ricardinho, que cursa o 7° ano numa escola particular da cidade e acredita que a chave para a sobrevivência no mundo de hoje é o conhecimento. E ele garante que muitos em sua classe “bóiam” na aula. “Boiar significa que você está no mundo da lua”, explica. E gosta de quase todas as disciplinas, sendo História sua preferida. “Gosto de Matemática, Ciências, Geografia. Só não gosto muito de Inglês”, conta.
Na escola, seus amigos dizem que ele é “nerd”. E ele gosta de ser chamado assim. “Eu gosto porque, na verdade, nerd é uma pessoa inteligente. Meus amigos da escola não são como eu. Não conheço nenhuma criança como eu”, comenta Ricardinho, que tem alguns amigos mais velhos também. Um de seus melhores amigos tem 80 anos de idade. “A gente troca umas ideias de vez em quando. Mais do que ler eu gosto de conversar com pessoas que viveram a história e sabem mais do que eu. Gosto muito de ir pra rua, absorver e transmitir conhecimento”, diz. “Converso com antigos políticos, pessoas que conhecem história. Pego fatos pra tirar opinião, não opinião para tirar fatos”, declara, com propriedade, o menino branquinho, loirinho, dos olhos cor de mel, brilhantes e ávidos por conhecimento, escondidos detrás de seus óculos, que transmitem um ar ainda maior de inteligência e seriedade. Assim é Ricardinho.
Ricardo, o Político
Muito interessado em Política, Ricardinho dificilmente perde uma sessão de Câmara. Quando perguntei por que tanto interesse no assunto, ele disparou: “Eu que te pergunto. Como uma pessoa não se interessa por política?”. Para ele, é muito importante saber o que está acontecendo e para onde vai o dinheiro dos impostos pagos pelo povo.
Ele conta que tal interesse teve maior intensidade na última campanha eleitoral para prefeito da cidade. E garante que também acompanhou de perto a eleição do ex-presidente Lula. Tinha apenas seis anos na época. “Os políticos decidem coisas da nossa vida cotidiana. Procuro acompanhar o máximo possível e ainda acho que sei pouco”, afirma.
E como ele avalia o governo da atual presidente Dilma Rousseff? “Só vi a nossa querida presidenta, nesses sete meses de governo, fazer o PAC da miséria e a faxina com os ministros, o que acho que não está de mal tamanho, não”, comenta.
É preciso participar!
Na Câmara, Ricardinho diz que não tem nenhum vereador favorito. “Não tenho prediletos no ramo da política. Quando vejo algum político fazer o bem, não acho que deva ser elogiado. Ele não está fazendo mais que a obrigação com o salário que a gente paga pra ele”, declara.
Para ele, o político que deve ser elogiado é aquele que trabalha 24 horas por dia, mesmo nas horas vagas. “O trabalho de um político não deve ser só no horário do expediente”, avalia.
Na Casa de Leis sebastianense, fica ali sentado, atento a tudo que está sendo debatido. E não resiste: precisa conversar com os vereadores. “Durante a sessão eu tenho dúvidas e mando perguntas pra eles, que são sempre respondidas”, conta. “Minha dúvida mais séria foi pro Coringa uma vez. Perguntei se, visto que nosso governo é laico, por que no início de cada sessão ele sempre lê um trecho da bíblia e por que lá atrás da mesa tem um crucifixo”, diz. “Falei que então eu ia criar uma religião e ele teria que ler um trecho dela também antes da sessão. Ele respondeu dizendo que está obedecendo à Lei Orgânica, e que eu tinha que conseguir 5.300 assinaturas pra que não seja mais assim. Vou recolher as assinaturas”, brinca.
Mais vereadores, Ricardinho?
Segundo Ricardinho, pela Lei municipal, é preciso aumentar o número de vereadores quando se tem um maior número de pessoas no município. “Só que acho que 15 cadeiras é um número excessivo, aumenta em 50%. Acho que 12 ou 13 cadeiras é um bom número”, avalia.
O que falta na cidade?
“Nossa cidade é muito rica, por aqui passa 60% do nosso petróleo. Acho que falta um pouco de investimento, principalmente na área da educação, numa cidade que arrecada tantos impostos. Um povo inteligente forma profissionais mais cultos”, diz.
Partido político?
“Gosto do PSDB. Não sou de direita, mas também não aprovo tudo da esquerda. Gosto do meio termo. É meio difícil escolher um partido”, analisa. “Acho que o PSDB é um partido que está tomando uma visão mais de centro agora, então acho que ele se adequa muito a mim”, completa.
Jovem Espírita
Espírita, Ricardinho diz que essa é uma das poucas religiões que ele conhece que vai um pouco para o lado científico. “Eu adoro a ciência”, fala o menino, que não gosta de discutir sobre religião. “Acho que cada um tem a sua fé, procuro respeitar a religião de todos. Detesto quando políticos usam religião em campanhas eleitorais, mencionam Deus em seus discursos”, comenta.
Qual é a música?
De que tipo de música gosta Ricardinho? “Gosto de tropicalismo, música popular brasileira, música clássica”, conta. “Vem, vamos embora que esperar não é saber”, canta um trechinho. Segundo o menino, antigamente as músicas eram focadas em assuntos mais sérios. “Por exemplo, perguntaram pra um dos integrantes daquela banda Restart qual era o sentido da música deles. E eles disseram que era pra agitar as meninas. Renato Russo saia do palco e distribuía coisas contra a ditadura”, compara. “Aquela música Cálice, do Chico Buarque, na verdade tinha uma mensagem por trás. Cálice, que pensavam que era aquela taça, na verdade era o ‘cale-se’ da ditadura”, explica.
Esse menino tem algum defeito?
O menino de muitas virtudes tem poucos defeitos. Ricardinho conta que acha que sua alimentação deixa um pouco a desejar. “Minha comida predileta é costela”, diz. “Também gosto de expressar meu conhecimento demais, acho que sou meio arrogante”, avalia.
Mas criança não brinca?
“Quando eu era menor, eu brincava. Minha infância já passou”, diz o menino de 11 anos. Diferente da maioria dos meninos de sua idade, Ricardinho raramente joga videogame. Mas tem um jogo que ele gosta de jogar no computador. “É um onde você constrói uma cidade medieval e joga com outras pessoas, tentando conquistar outras cidades. No jogo, você aprende como administrar uma cidade, estratégias militares, aprende a investir em fontes de renda”, explica.
Na telinha, gosta de ver filmes de comédia e seu canal preferido é o History Channel (essa tava muito fácil!).
Também no computador, gosta muito de fazer pesquisas. “De tudo que já vi, o mais interessante foi um documentário que achei sobre o golpe de 64. Nossa, muito bom, eu babo só de falar”.
E de esporte, ele gosta?
Ricardinho, que já quebrou um dos pés jogando futebol, diz que não gosta do esporte e nem tem time preferido. “Acho que o povo brasileiro se concentra muito em esporte e não dá valor a outras coisas realmente importantes, principalmente na área da educação. Vejo muito isso na minha escola. Durante a aula, os meninos estão tão preocupados com a hora do futebol que não prestam atenção na aula”, comenta ele, que joga tênis, mas prefere o xadrez. Este, sim, é seu esporte predileto! Aliás, desde o início do ano ele vem representando a cidade em campeonatos. “Já fiquei em segundo lugar”, conta o menino, que aprendeu todas as manhas do jogo com seu pai, o advogado Sílvio Nogueira. “Na idade média, os nobres jogavam xadrez ou gamão. Acho que são jogos de muita estratégia, que desenvolvem muito a mente. Foi comprovado por um estudo que as pessoas que jogam xadrez são mais inteligentes”, conta o amante de jogos de tabuleiro. “Quero aprender a jogar gamão. Preciso que alguém me ensine”. Alguém se habilita?
O que ele quer ser quando crescer?
Advogado e, “tchãn nã nã nãm”, político, claro! “Quero chegar à presidência da república”, declara, com os olhos brilhantes, de quem tem a certeza de que alcançará seu objetivo.
E o que fará como presidente?
“A primeira coisa que eu vou (e não iria!) fazer é fortalecer os laços com a China e com a União Soviética. Acho que poderíamos fechar melhores negócios com outros países, não só com os Estados Unidos. Está acontecendo a mesma coisa que acontecia na época em que o Brasil era colônia de Portugal”, considera Ricardinho, que garante que também investiria em Educação como líder da nação. “Este o país mais avançado monetariamente na América do Sul. Acho que deveria ser exemplo”. Falou e disse, pequeno grande cidadão. Você, sim, é um grande exemplo!
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