SÃO PAULO - As dificuldades do Rio no gerenciamento de vagas de urgência em hospitais públicos também eram, até há alguns meses, a realidade de São Paulo. Desde o início de julho, porém, o governo paulista tem a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross). Sua função é atender a pedidos de transferência feitos por hospitais para pacientes em situação de urgência.
Informatizada, a Cross pôs fim aos pedidos por fax e à falta de informações sobre a rede hospitalar, reduzindo o tempo de espera do paciente por internações, cirurgias e exames. Hoje, a maioria das solicitações de transferência — cerca de 60% — chega à central via internet, diz o coordenador da central, Domingos Guilherme Napoli. Os hospitais mais próximos do paciente e os recursos disponíveis em cada um deles foram mapeados e incluídos no portal Cross, para agilizar a busca por vagas em 2.268 hospitais de todo o estado.
Localizada no centro da capital paulista, a central funciona com 12 médicos e 12 auxiliares em plantões de 12 horas. Ao todo, 90 médicos — a meta é chegar a 110 — trabalham no local. Nenhum deles é funcionário público, e a central é administrada por uma organização social.
São atendidos, em média, 300 pedidos por dia. Segundo Napoli, os casos não resolvidos somam apenas 10%, e a maioria dos atendimentos é concluída em três horas; alguns até em minutos.
— Muitos casos levavam um dia para serem resolvidos. Não há dúvida de que o sistema on-line trouxe mais agilidade — diz Napoli.
Todas as etapas da solicitação ficam registradas no sistema, e os dados servem de subsídio para o governo identificar as carências de leitos e equipamentos de cada região. Mas nem sempre foi assim. A transição entre o sistema precário de regulação de leitos, como o do Rio, e a central on-line durou dois anos. O modelo já despertou o interesse do Ministério da Saúde.
Apesar dos avanços, a Cross esbarra na estrutura sobrecarregada do SUS. O pedido de vaga em UTI para um idoso, recebida no início da madrugada de uma quinta-feira de julho, não havia sido atendido até as 14h, por falta de leito disponível.
— Essas centrais são apenas intermediárias de pedidos. Não têm poder de mudar a situação — observa o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes.
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