Ubatuba (AE) - O balanço do barco indica a qualidade do passeio embaixo d’água. Se for brando, graças às poucas ondas e vento fraquinho, o cenário lá no fundo do mar certamente se mostrará em detalhes. Em um dia chuvoso do verão passado, contei com a sorte da calmaria marítima e fui ao encontro da tão encantadora vida subaquática da região de Ubatuba.
O local escolhido para cair na água foi a Ilha da Rapada que, localizada ao norte do município, é apenas um dos pontos que compõem a ampla coleção de lugares ideais para mergulhar que Ubatuba tanto se orgulha em ter. Saindo do Píer do Alemão, na enseada do Itaguá, o barco navega uma hora até alcançar o destino.
A imensidão do mar é a paisagem que nos acompanha, enquanto a brisa bate no rosto. O guia aproveita a tranquilidade da viagem para relembrar as instruções básicas do mergulho e assegurar que, após esta primeira experiência, será difícil não querer repeti-la.
Com a ilha bem próxima, âncora na água e todos devidamente equipados com roupas de neoprene, nadadeiras, máscara e cilindro de oxigênio, é hora de provar o mar.
A princípio, a descida parece ser a parte mais aflitiva do passeio. Pura impressão de iniciante. A presença constante do guia ali ao lado tranquiliza e, sem nos darmos conta, já estamos pertinho do chão arenoso, a uma profundidade de oito metros. Naquela nova panorâmica que se abre ao redor, cada pontinho que colore a imensidão azul é uma agradável surpresa. A visibilidade privilegiada permite acompanhar o vai e vem de coloridos cardumes de peixes, o nado solitário de outros de maior porte e aqueles que parecem tentar se camuflar bem perto das pedras. Com um tanto de sorte, o mergulho pode ser acompanhado de presenças ainda mais notáveis, como arraias, tartarugas e o esquisito peixe-morcego.
De tons alaranjados, verdes e um amarelo-ouro que se destaca no ambiente azul, os corais se apoiam aqui e ali, e também escondem preciosidades só desvendadas por um olhar muito atento. Sabendo disso, a vontade é explorar cada canto, até se satisfazer diante de pequeninas estrelas do mar e esponjas das mais variadas espécies.
No universo do fundo do mar, o silêncio é rompido somente por um tilintar baixinho. São as próprias pedras e corais se movimentando devagar, se dilatando e lembrando aos mergulhadores que tudo ali é natureza viva. Neste mundo de calma e contemplação, onde o relógio deixa de fazer sentido, o tempo passa com lógica própria. E a vontade de retornar à rotina agitada que deixamos lá em cima custa a aparecer.
Saiba mais
Mergulho: em um mergulho inaugural, muita coisa antecede o momento de efetivamente cair na água. A preparação começa com uma aula teórica, formulário médico e vídeo que dá as primeiras orientações e regras fundamentais da prática. Logo, as instruções são treinadas no ambiente aquático - primeiro em uma piscina. É ali, com toda a segurança necessária, que o aluno se familiariza com máscara, cilindro e movimentos essenciais do mergulho. Iniciantes nunca exploram o fundo do mar sozinhos. Cada instrutor pode acompanhar somente um ou dois mergulhadores. Idade: crianças também podem se aventurar no passeio - a idade mínima é 10 anos.
Quem leva: Omnimare Turismo (omnimare.com.br). O mergulho custa desde R$ 225, com equipamentos incluídos.
Caminhada: a Trilha das Sete Praias começa na Praia da Lagoinha (a 25 quilômetros do centro de Ubatuba) e segue margeando a costa sentido norte por 8 quilômetros. É considerada de nível difícil. Quem leva: Pisa Trekking (pisa.tur.br). Custa a partir de R$ 195, com guia.
Trilha exige disposição, mas revela sete lindas praias
Ubatuba (AE) - Vão dizer que o percurso exige muita disposição. Afinal, o trajeto de 8 quilômetros da Trilha das Sete Praias é de nível difícil, e costuma ser concluído em cinco horas. Mas não leve tudo ao pé da letra. Calce um tênis confortável, abuse do protetor solar, repelente e encare o desafio. Pois como o nome sugere, sete lindas praias se escondem no caminho.
Ao contrário das conhecidas Maranduba, Vermelha e Itamambuca, os cantos de areia que a trilha revela são pouco explorados por turistas. Um bom motivo para juntar fôlego e investir em um passeio totalmente diferente de um dia à beira-mar tradicional.
O percurso começa na Praia da Lagoinha, a 25 quilômetros do centro de Ubatuba. Última com acesso para carros é o típico recanto familiar.
Anda-se pouco para alcançar a primeira praia, a do Oeste, e logo está a do Perez. Em ambas, apenas barcos e boias azuis ao mar sinalizam a pesca de mariscos. A trilha segue em terreno plano até a terceira, a do Bonetinho. Por ali, percebe-se pescadores indo e vindo. Gente simpática, que se empolga contando que o caminho existe há centenas de anos - era usado por índios, depois pelos caiçaras e, hoje, caiu nas graças dos turistas.
Estes, não raro escolhem o Bonetinho para o primeiro descanso. Vale cair no mar ou tomar um suco no único quiosque dali. Outros seguem adiante e fazem a pausa na Praia Grande do Bonete, que abriga a maior comunidade caiçara da região. Para quem está a passeio, há dois restaurantes com refeições básicas
Gastando suor
Com metade do trajeto vencido, é agora que o preparo físico de fato poderá fazer diferença. Por ser íngreme, o percurso até a Praia do Cedro é o mais pesado. Vale ir devagar, pois você vai querer desfrutar esta praia paradisíaca assim que avistá-la lá de cima do morro. As águas claríssimas convidam a um banho breve. Isto porque é uma praia de tombo, com ondas que arrastam tudo.
Basta atravessar algumas pedras e você estará na Praia do Deserto, igualmente bela. Dali, mais um trecho para testar o fôlego: com subidas cansativas, o trajeto até o Pontão da Fortaleza é o mais longo. Pare para descansar e beber água sempre que for necessário. A recompensa chega logo: a vista do alto do Pontão é simplesmente fantástica.
Com os 8 quilômetros quase vencidos, faltam só 15 minutos de caminhada até a Praia da Fortaleza, ponto final da trilha. Um último mergulho e mais alguns minutos para curtir o visual desta outra Ubatuba. E você vai concluir que não foi tão difícil assim. Ou, ao menos, que o esforço valeu a pena.
O local escolhido para cair na água foi a Ilha da Rapada que, localizada ao norte do município, é apenas um dos pontos que compõem a ampla coleção de lugares ideais para mergulhar que Ubatuba tanto se orgulha em ter. Saindo do Píer do Alemão, na enseada do Itaguá, o barco navega uma hora até alcançar o destino.
A imensidão do mar é a paisagem que nos acompanha, enquanto a brisa bate no rosto. O guia aproveita a tranquilidade da viagem para relembrar as instruções básicas do mergulho e assegurar que, após esta primeira experiência, será difícil não querer repeti-la.
Com a ilha bem próxima, âncora na água e todos devidamente equipados com roupas de neoprene, nadadeiras, máscara e cilindro de oxigênio, é hora de provar o mar.
A princípio, a descida parece ser a parte mais aflitiva do passeio. Pura impressão de iniciante. A presença constante do guia ali ao lado tranquiliza e, sem nos darmos conta, já estamos pertinho do chão arenoso, a uma profundidade de oito metros. Naquela nova panorâmica que se abre ao redor, cada pontinho que colore a imensidão azul é uma agradável surpresa. A visibilidade privilegiada permite acompanhar o vai e vem de coloridos cardumes de peixes, o nado solitário de outros de maior porte e aqueles que parecem tentar se camuflar bem perto das pedras. Com um tanto de sorte, o mergulho pode ser acompanhado de presenças ainda mais notáveis, como arraias, tartarugas e o esquisito peixe-morcego.
De tons alaranjados, verdes e um amarelo-ouro que se destaca no ambiente azul, os corais se apoiam aqui e ali, e também escondem preciosidades só desvendadas por um olhar muito atento. Sabendo disso, a vontade é explorar cada canto, até se satisfazer diante de pequeninas estrelas do mar e esponjas das mais variadas espécies.
No universo do fundo do mar, o silêncio é rompido somente por um tilintar baixinho. São as próprias pedras e corais se movimentando devagar, se dilatando e lembrando aos mergulhadores que tudo ali é natureza viva. Neste mundo de calma e contemplação, onde o relógio deixa de fazer sentido, o tempo passa com lógica própria. E a vontade de retornar à rotina agitada que deixamos lá em cima custa a aparecer.
Saiba mais
Mergulho: em um mergulho inaugural, muita coisa antecede o momento de efetivamente cair na água. A preparação começa com uma aula teórica, formulário médico e vídeo que dá as primeiras orientações e regras fundamentais da prática. Logo, as instruções são treinadas no ambiente aquático - primeiro em uma piscina. É ali, com toda a segurança necessária, que o aluno se familiariza com máscara, cilindro e movimentos essenciais do mergulho. Iniciantes nunca exploram o fundo do mar sozinhos. Cada instrutor pode acompanhar somente um ou dois mergulhadores. Idade: crianças também podem se aventurar no passeio - a idade mínima é 10 anos.
Quem leva: Omnimare Turismo (omnimare.com.br). O mergulho custa desde R$ 225, com equipamentos incluídos.
Caminhada: a Trilha das Sete Praias começa na Praia da Lagoinha (a 25 quilômetros do centro de Ubatuba) e segue margeando a costa sentido norte por 8 quilômetros. É considerada de nível difícil. Quem leva: Pisa Trekking (pisa.tur.br). Custa a partir de R$ 195, com guia.
Trilha exige disposição, mas revela sete lindas praias
Ubatuba (AE) - Vão dizer que o percurso exige muita disposição. Afinal, o trajeto de 8 quilômetros da Trilha das Sete Praias é de nível difícil, e costuma ser concluído em cinco horas. Mas não leve tudo ao pé da letra. Calce um tênis confortável, abuse do protetor solar, repelente e encare o desafio. Pois como o nome sugere, sete lindas praias se escondem no caminho.
Ao contrário das conhecidas Maranduba, Vermelha e Itamambuca, os cantos de areia que a trilha revela são pouco explorados por turistas. Um bom motivo para juntar fôlego e investir em um passeio totalmente diferente de um dia à beira-mar tradicional.
O percurso começa na Praia da Lagoinha, a 25 quilômetros do centro de Ubatuba. Última com acesso para carros é o típico recanto familiar.
Anda-se pouco para alcançar a primeira praia, a do Oeste, e logo está a do Perez. Em ambas, apenas barcos e boias azuis ao mar sinalizam a pesca de mariscos. A trilha segue em terreno plano até a terceira, a do Bonetinho. Por ali, percebe-se pescadores indo e vindo. Gente simpática, que se empolga contando que o caminho existe há centenas de anos - era usado por índios, depois pelos caiçaras e, hoje, caiu nas graças dos turistas.
Estes, não raro escolhem o Bonetinho para o primeiro descanso. Vale cair no mar ou tomar um suco no único quiosque dali. Outros seguem adiante e fazem a pausa na Praia Grande do Bonete, que abriga a maior comunidade caiçara da região. Para quem está a passeio, há dois restaurantes com refeições básicas
Gastando suor
Com metade do trajeto vencido, é agora que o preparo físico de fato poderá fazer diferença. Por ser íngreme, o percurso até a Praia do Cedro é o mais pesado. Vale ir devagar, pois você vai querer desfrutar esta praia paradisíaca assim que avistá-la lá de cima do morro. As águas claríssimas convidam a um banho breve. Isto porque é uma praia de tombo, com ondas que arrastam tudo.
Basta atravessar algumas pedras e você estará na Praia do Deserto, igualmente bela. Dali, mais um trecho para testar o fôlego: com subidas cansativas, o trajeto até o Pontão da Fortaleza é o mais longo. Pare para descansar e beber água sempre que for necessário. A recompensa chega logo: a vista do alto do Pontão é simplesmente fantástica.
Com os 8 quilômetros quase vencidos, faltam só 15 minutos de caminhada até a Praia da Fortaleza, ponto final da trilha. Um último mergulho e mais alguns minutos para curtir o visual desta outra Ubatuba. E você vai concluir que não foi tão difícil assim. Ou, ao menos, que o esforço valeu a pena.
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