RIO - O serviço do Disque-Denúncia já recebeu mais de 71 telefonemas com informações sobre a morte da juíza criminal Patrícia Acioli. Nesta segunda-feira, 15, agentes da Divisão de Homicídios realizam diligências em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Mais de 20 pessoas já prestaram depoimentos aos investigadores, inclusive o filho da vítima, de 20 anos, que tentou socorrer a mãe na porta de casa.
A juíza foi assassinada no fim da noite da última quinta-feira, quando chegava em casa, no bairro de Tibau, em Piratininga, região oceânica de Niterói. Titular da 4.ª Vara Criminal de São Gonçalo, também no Rio, a magistrada foi atingida por 21 tiros disparados por motoqueiros que cercaram seu carro.
Trata-se do primeiro caso de execução de um magistrado no Estado, segundo o Tribunal de Justiça do Rio. O caso expôs a insegurança de juízes que lidam com o crime organizado - uma lista da Corregedoria Nacional de Justiça relaciona 69 magistrados sob ameaça de morte no País.
Patrícia era conhecida por atuar de forma rigorosa contra grupos de extermínio e milícias. Nos últimos anos, condenou dezenas de policiais envolvidos com milícias, grupos de extermínio e máfias de vans, combustível e caça-níquel, além de traficantes e bicheiros. Anteontem, havia decretado a prisão preventiva de PMs acusados de forjar um auto de resistência.
Seu nome era um dos 12 de uma lista encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro em Guarapari (ES), acusado de chefiar um grupo de extermínio. Apesar de ser alvo de ameaças de morte, ela andava sem proteção policial ou veículo blindado.
Protestos. A ONG Rio do Paz, que promoveu protesto na Praia de Icaraí, em Niterói, sábado, volta a comandar manifestação nesta segunda-feira, a partir das 11h30, na frente do Fórum de São Gonçalo. A juíza era conhecida pelo rigor adotado nas condenações de réus, policiais ou não, envolvidos em milícias e grupos de extermínio.