BRASÍLIA (Reuters) - O ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, terá pela frente uma semana decisiva, mesmo depois de tentar explicar o salto de seu patrimônio em duas entrevistas.
O ministro aguarda definição, na terça-feira, sobre a convocação no Congresso e também um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) que deve sair em breve.
Palocci e a presidente Dilma Rousseff aguardarão a definição da PGR antes de tomar qualquer decisão sobre o futuro do ministro, segundo avaliação de um auxiliar do Palácio do Planalto, que pediu para não ter seu nome revelado. Não há prazo para que a PGR se manifeste, mas a expectativa no governo é que ainda nesta semana saia uma decisão.
A delicada situação política do principal ministro do governo mudou pouco desde as entrevistas concedidas ao Jornal Nacional na sexta-feira e ao jornal Folha de S. Paulo, publicada na edição de sábado.
O ministro vinha sendo pressionado a explicar o aumento de seu patrimônio em 20 vezes em quatro anos.
Alvo de diversas investidas da oposição, Palocci não foi poupado por aliados que pressionaram por esclarecimentos. No Congresso, ele foi convocado a se explicar e opositores também tentam instalar uma CPI mista.
Entretanto, Dilma ficou satisfeita, segundo a fonte, porque o ministro disse nas entrevistas que não havia detalhado o faturamento e as atividades da consultoria Projeto a ela antes de assumir a chefia da Casa Civil. Isso deixaria a presidente mais tranquila para pedir a saída dele do governo se for necessário.
Dilma também teria avaliado que Palocci deixou claro nas entrevistas que enfrentará a disputa política sozinho, sem envolver o governo. Esse fato, aliás, foi ressaltado pelo líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), como um dos principais pontos da entrevista do petista à TV.
TESTE NA CÂMARA
Na terça, Palocci medirá o tamanho do apoio que tem na base aliada no Congresso, já que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), prometeu tomar uma decisão sobre a convocação do ministro.
A oposição conseguiu passar um requerimento na semana passada para que Palocci preste explicações sobre o seu aumento patrimonial e as atividades da Projeto na Comissão de Agricultura da Casa.
Até lá, dificilmente o procurador-geral, Roberto Gurgel, terá se pronunciado, e a pressão dos partidos de oposição para levá-lo ao Congresso aumentará. O líder do DEM, deputado ACM Neto (BA), já disse que se Maia rejeitar a convocação vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Dilma tem conversado constantemente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a situação política de Palocci, segundo assessores próximos, mas o conteúdo dessas conversas tem sido mantido em sigilo pelos dois.
Palocci gostou das edições das entrevistas que deu na última sexta-feira, mas aguarda com ansiedade uma posição formal do procurador-geral para definir os próximos passos da sua estratégia.
Apesar da avaliação do ministro, porém, assessores da Presidência de diferentes órgãos consideram que as explicações pela mídia vieram tarde demais.
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