O advogado de Bruno, Rui Caldas Pimenta, demonstrou confiança em
entrevista concedida nesta quinta-feira ao garantir que seu cliente será
solto. Pimenta revelou que o goleiro deve ser liberado dentro de no
máximo 30 dias, o que lhe permitiria voltar a atuar profissionalmente.
"O Supremo Tribunal Federal declinou, nesta semana, de julgar a liminar
do habeas corpus que impetrei para soltar o Bruno. Isso foi bom porque
agora o julgamento do mérito do habeas será acelerado. E o Bruno vai ser
solto, dou 99,9% tenho certeza disso," assegurou.
Além disso, o julgamento envolvendo Bruno, acusado pelo assassinato
de Eliza Samudio, considerada pela Polícia e Justiça morta desde 10 de
junho de 2010, só deve ocorrer depois da metade de 2014, na avaliação de
Pimenta.
Volta aos gramados
De acordo com o advogado, o goleiro irá se apresentar ao Flamengo, clube
pelo qual Bruno atuava antes de ser preso. "O departamento jurídico do
clube já deu parecer favorável à sua volta e a presidente Patrícia
Amorim está sensibilizada. Ela vai acatar a volta dele porque o Flamengo
precisa dele, ele quer ficar no Flamengo," disse Pimenta, que afirmou
haver uma proposta de um clube do Rio de Janeiro, cujo nome permanece em
sigilo, que teria oferecido R$ 2 milhões de luvas e um salário de R$
500 ao atleta.
Ainda, segundo Pimenta, o goleiro sonha em disputar a próxima Copa do
Mundo, no Brasil ¿O Bruno me contou que sonha, e muito, em voltar a
jogar futebol. Ele está como o missionário americano Martin Luther King,
que disse a famosa frase: I have a dream. E ele me chamou e disse, 'eu
sonhei que vou chegar na seleção e disputar a vaga de titular. E na Copa
do Mundo o Brasil vai chegar à final contra a Argentina, Maracanã
lotado. O jogo vai terminar empatado e nas disputas de pênalti o Messi
vai bater e eu vou pegar'".
Paternidade
Sobre o suposto filho com Eliza, a intenção de Bruno, preso na
Penitenciária Nelson Hungria em Contagem (MG), é, assim que estiver em
liberdade, reconhecer a paternidade do suposto filho dele com a
ex-modelo.
"Ele vai ainda destinar 10% de tudo que ganhar em contratos, assim
que for solto, para pagar a pensão alimentícia para o Bruninho (hoje com
2 anos) e para as outras duas filhas dele com a ex-mulher, Dayanne
Souza", finalizou o advogado do jogador.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de
Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a
estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava
grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios
abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para
pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza
havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio
de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo
Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu
a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4
meses, estava lá. A mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza,
negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante
depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino
na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves,
onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias
anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de
ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes
como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido
na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos,
admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos
relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida
em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos
Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou
seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais
para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados
foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão,
acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois,
Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson
Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram
presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se
recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em
juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo
sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e
executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a
investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda
Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público
concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que
aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora
tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi
condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá
medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo
sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O
goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado,
lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de
reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira
decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a
júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último
responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson
e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere
privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva
dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do
pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além
disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.