O goleiro é acusado de ser o mandante da morte de Eliza Samudio
O juiz Wagner Cavaliera, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
(TJ-MG), concedeu nesta terça-feira liberdade condicional ao goleiro
Bruno apenas no processo em que ele foi condenado a quatro anos e seis
meses de prisão no Rio de Janeiro. Em outubro de 2010, o ex-jogador do
Flamengo foi julgado por cárcere privado, lesão corporal e
constrangimento ilegal contra a ex-amante Eliza Samudio, a quem teria
tentado forçar a abortar.
No entanto, a decisão não liberta o goleiro porque ele responde a
outros processos. Ele só poderá ser solto caso o Supremo Tribunal
Federal (STF) conceda habeas-corpus para o atleta no processo que ele
responde, em Minas Gerais, pela morte de Eliza.
O TJ-MG informou que, desde o dia 6 de janeiro de 2012, Bruno já
tinha o direito de receber liberdade condicional, mas ela só foi
concedida depois que os advogados do goleiro conseguiram a transferência
do processo para a comarca de Contagem (MG).
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza
havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio
de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo
Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu
a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4
meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo
Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante
depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino
na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves,
onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias
anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de
ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes
como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido
na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos,
admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos
relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida
em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos
Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou
seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais
para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados
foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão,
acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois,
Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson
Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram
presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se
recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em
juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo
sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e
executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a
investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda
Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público
concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que
aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora
tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi
condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá
medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo
sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O
goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado,
lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de
reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira
decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a
júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último
responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson
e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere
privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva
dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do
pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além
disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.
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