O consultor de negocios e politicas Guilherme Araújo congue uma entrevista inedita com o Deputado Federal Romario eleito com mais de 146 mil votos, o ex-craque Romário não é um homem de
meias palavras. Em entrevista ao Blog do Guilherme Araújo, o Baixinho dá vários chutes
certeiros, como sempre fez: bate na organização da Copa de 2014, critica
a reforma do Maracanã, reclama do presidente do próprio partido (PSB)
e, após avisar que continua falando palavrão, diz que o Brasil, hoje,
seria eliminado na primeira fase do Mundial, já que o time, segundo ele,
“está uma m...”. Magoado porque a presidenta Dilma não o recebeu até
hoje, Romário admite que até sente falta da política quando está de
folga.
Romário posou com uma bola de futevôlei na Barra da Tijuca | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
Blog do Guilherme Araújo: Depois que você foi eleito deputado federal pelo PSB, em 2010, sua rotina mudou radicalmente? Você já se acostumou?
ROMÁRIO: Ela
mudou no começo do ano passado. Agora, já me sinto bem tranquilo. Essa
coisa de sair toda terça-feira de manhã daqui e voltar na quinta-feira
realmente, no começo, foi meio complicado e entediante. Mas, depois do
primeiro ano de mandato e no começo deste ano agora, já até me
acostumei. Sinto meio que falta. Eu gostei de estar na política, me fez
muito bem.
Por quê?
Porque
eu estou conseguindo, através das minhas bandeiras, que são as pessoas
com deficiência; as crianças e jovens, principalmente, de comunidade,
que estão aí metidos com crack; e essa coisa da Copa, tenho podido
esclarecer muitas coisas pro povo não só do Rio como do Brasil. Tenho
dado muito depoimento em cracolândias, em centros de tratamento para
essas pessoas. A minha rotina na política tem sido bem positiva, tenho
gostado bastante.
Do Romário craque, tinha sempre alguém para falar mal...
Espero que tenha sempre. A partir do momento que você se torna unanimidade, não é bom.
Como deputado, só se ouvem elogios porque você trabalha e não falta...
Não
tem tido tanta crítica, mas sempre tem algumas coisas. Eu tenho
aprendido bastante. Vou te dar um exemplo. Eu jogo futevôlei aqui (na
Barra da Tijuca). Então, sai uma foto minha jogando futevôlei aqui. Por
mais que seja domingo. Aí: “Pô, Romário, em vez de estar trabalhando,
está jogando futevôlei.” É uma crítica. Por exemplo, eu já não jogo mais
futevôlei terça, quarta e quinta. Quinta-feira, depois das quatro, eu
não tenho mais meu compromisso com política em Brasília. Eu poderia
jogar aqui, mas já evito. Eu estou dentro do meu direito, mas eu já
evito pra não ter problema, entendeu?
Romário sorri durante entrevista | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
Onde tem mais mau caráter: na política ou no futebol?
Cara,
essa pergunta é difícil. Hoje em dia, o mau caratismo está
generalizado. Está no jornalista, no médico, no advogado, no dono de
construtora, na política, no esporte... Está reinando o mau caratismo. O
pior é que é tanta coisa ruim que a gente vê que a gente imagina assim:
“P..., cara, essa p...não vai ter fim?” A gente espera que tenha fim.
Mas está f... Está difícil pra caramba. Por exemplo, corrupção. Acredito
que na política tenha muito mais corrupção do que futebol. Não sei se
vocês reparam, o Romário político é o mesmo Romário, que fala palavrão
igual, não vai mudar nunca.
Como
você está vendo o caso do envolvimento do senador Demóstenes Torres
(sem partido-GO) com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira?
Eu
conheço o Demóstenes apenas como senador. Ele foi um cara que sempre
pregou uma coisa que hoje a gente sabe que não era verdade. Então, isso é
meio que uma decepção, principalmente prum político novo, como eu. Eu
tinha o cara como um dos ídolos da política. Claro, pô: o cara sempre
foi um cara firme nas palavras, que sempre brigou pelo seu ideal. Foi
uma decepção.
Em quem você nunca votaria?
Tem muitos. Só não vou te falar o nome porque...
Um só... Só daquele que você não votaria, mesmo, de jeito nenhum...
(O governador) Sérgio Cabral.
Por quê?
Por
tudo isso que a gente está vendo aí, no nosso estado, cheio de coisa
errada. Particularmente? Pelo nosso Maracanã, desculpa, é que eu sou
esportista. O que o cara fez com o Maracanã... Isso aí não tem.. não tem
volta. Vai ficar marcado eternamente.
Dá uma dor no coração?
P...! Desfigurou o Maracanã. Deu mais de R$ 1 bilhão num estádio igual ao Maracanã. Não votaria nele nunca mais.
Objetivamente, o que você acha que Cabral fez de errado no Maracanã?
Ele
fez tudo errado. Desfigurou o Maracanã... O Maracanã precisava de obra,
de uma reestruturação, mas já vem essa reestruturação feita nos últimos
10 anos, principalmente quando ele assumiu, cada ano ele faz uma obra
no Maracanã. P... Não sei se já está, mas vai passar de R$ 1 bi. R$ 1
bilhão é dinheiro para c... R$ 1 bilhão equivale a esses hospitais
públicos que não têm leitos, onde falta mão de obra qualificada,
aparelhagens modernas que são necessárias para a vida das pessoas...
Você vê nas escolas — não têm ar condicionado, não têm luz, não têm
comida, não têm professores capacitados... Mas tem R$ 1 bi pra botar no
Maracanã, pra desfigurar o maracanã, pra ficar a m... que está. Vai
ficar bonito? Vai ficar maravilhoso, lindo, só que não vai ser mais o
Maracanã.
Você está com raiva ou está triste?
Raiva,
não. Eu fico triste como carioca. Não tenho raiva desse cara, não. Quem
é ruim se destrói sozinho, tem essa frase. Na frente, ele paga.
Você já recebeu alguma proposta indecente no Congresso ou no futebol?
Não.
Eu acho que essa coisa de proposta indecente está muito na cara de cada
um: “Esse f. d. p. ali tem cara de ser corrupto, vou lá”. Pelo que eu
já fiz, pelo que eu já representei, pelo que eu já falei, acho que as
pessoas não me veem assim. Pelo contrário: “Não vamos mexer com o
Romário, não, porque vai dar m...”
“Vai dar m...” quer dizer que você denunciaria quem tentasse te corromper?
Claro.
Na hora, p... Eu, como tenho poder, é arriscado até eu dar uma voz de
prisão. No ato. Eu não compactuo com sacanagem, nem com corrupção.
Qual sua relação com a presidenta Dilma Rousseff?
Nenhuma.
Eu vi a Dilma uma vez, ela se pronunciando em relação a um pacote que
vai beneficiar diretamente as pessoas com deficiência. Até levei minha
filha (Ivy, que tem Síndrome de Down). Foi um posicionamento dela (da
presidenta) muito legal, muito positivo, realmente a política pública em
relação a essas pessoas começou a mudar. Mas, de lá pra cá, pedi
audiência com ela no começo do meu mandato... Mas... também f... Não
preciso dela para p... nenhuma. Vou continuar fazendo o meu papel.
E com seu partido?
Meu
mandato podia ser muito mais produtivo. Eu podia fazer muito melhor a
esse segmento, que são pessoas com deficiência, à Copa do Mundo e às
crianças e jovens carentes, principalmente, de comunidade e essas
pessoas que estão envolvidas com drogas, principalmente o crack, se meu
partido me ajudasse. Não a liderança do meu partido — as pessoas da
liderança do meu partido, se não fossem eles, eu não andava. Sou grato
pra caramba. Mas os grandes do meu partido não me atendem. O presidente
do meu partido (o governador de Pernambuco, Eduardo Campos), estou há
sete meses pra falar com ele, não consigo falar nem “bom dia”. Aí,
amanhã ele quer vir (concorrer) pra presidente da República, não vou
ajudar. Vou logo avisando, não me peça ajuda.
Você pensa em mudar de partido?
Não, em princípio, não.
Você
sempre falou que sexo era importante, que, se fizesse sexo antes dos
jogos, você ficava mais inspirado. E agora? Isso também vale para antes
de uma votação importante na Câmara, por exemplo?
Também.
Sexo é primordial na vida de qualquer um. Principalmente na minha.
Muito importante. Mas é uma mudança radical (de assunto): de PSB pra
sexo. (Risos)
O que você acha da noite em Brasília?
É
interessante. Muito boa. Adoro Brasília. Tudo o que eu gosto tem em
Brasília: futevôlei, altos restaurantes, shows... Sou apaixonado por
Brasília.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que o aborto de fetos anencéfalos (sem cérebro) não é mais crime. Qual a sua opinião?
Isso
é uma coisa polêmica e individual. Eu acho o seguinte: você que é mãe,
ter o direito de poder tirar ou não, eu sou a favor disso. O outro
(aborto) não. O aborto eu sou contra. Em casos de estupro, sou 100% a
favor. Agora, por exemplo, eu tive uma filha que tem Síndrome de Down.
Pô, eu vou abortar por quê? Claro que não. Sou totalmente contra. Em
situações extremas, sou a favor. Em situações normais, mesmo que sejam
pessoas que você saiba que vem com um tipo de deficiência, sou contra.
O consultor de negocios e politicas Guilherme Araújo agradece ao amigos Dep. Federal Romario, Ronaldo, Zé do Teffe e o leiloeiro publico André Gil.