A propagação de resultados de enquetes feitas nas redes sociais, mesmo que realizadas com uso de ferramentas de plataformas como o Facebook, contribui para a desinformação. Essas consultas não têm rigor científico e não substituem as pesquisas eleitorais registradas nos tribunais eleitorais.
Algumas dessas enquetes são apresentadas como contraponto às sondagens realizadas pelas empresas de pesquisas. Um exemplo recente foi compartilhado pela página “Mais Saúde Menos Corruptos”. A página postou no Facebook 1 infográfico que aponta o candidato Jair Bolsonaro (PSL) com mais de 86,57% das intenções de voto, seguido por Lula (PT), com 8,21%, Geraldo Alckmin (PSDB ), com 2,99%, Ciro Gomes (PDT), com 1,49%, e Marina Silva (Rede), com 0,75%.
A fonte é uma página no Facebook chamada de “Instituto de Pesquisa Oficial do Face”. O Comprova entrou em contato com Sylvio Montenegro, que se apresenta como diretor do “instituto”. Ele explicou que utiliza, entre outros métodos, a ferramenta de enquete que o Facebook disponibiliza para qualquer página para colher esses dados.
Para chegar aos resultados apontados no post em questão, Montenegro utilizou uma metodologia sem qualquer base científica ou amostragem. Nesse caso, as pessoas tinham 5 opções de candidatos e escolhiam seus preferidos nos comentários. Segundo ele, foram cerca de 500 votos. Ele alega que as empresas de pesquisas precisam “olhar” para as redes sociais.
Para outro levantamento, desta vez somente entre o deputado Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula, foi utilizada a ferramenta de criação de enquetes do Facebook que só permite duas opções de respostas. Foram mais de 1 milhão de votos e Bolsonaro, mais uma vez, aparece na frente. Segundo Montenegro, a enquete foi feita por ele e compartilhada por seguidores.
Como explica o material didático produzido pela Gazeta do Povo, não é possível confiar em enquetes eleitorais (feitas, por exemplo, por sites apenas com as pessoas que acessam essas páginas). Isso porque elas não são realizadas usando uma metodologia científica, ao contrário do que ocorre com os levantamentos eleitorais
Pesquisas de empresas de opinião com reputação conhecida são registradas na Justiça Eleitoral e auditadas para garantir sua validade. A divulgação de levantamentos falsos ou que não foram registrados por meios de comunicação geram multa de até R$ 100 mil.
A desconfiança de parte da população sobre os resultados das pesquisas tradicionais, em parte, vem do fato de que a maior parte das pessoas nunca foi entrevistada num desses levantamentos. A possibilidade de alguém ser entrevistado para uma sondagem desta, de fato, é baixíssima. O Brasil tem 147,3 milhões de eleitores e uma pesquisa de abrangência nacional pode ter, em alguns casos, apenas 400 entrevistados.
Um levantamento recente do Datafolha (BR 04023/2018), feito entre os dias 20 e 21 de agosto, ouviu 8.433 pessoas em 313 municípios brasileiros. Ainda assim, a metodologia das pesquisas assegura que os poucos que foram ouvidos representam todo o eleitorado com elevado grau de precisão.
Isso ocorre porque as empresas de pesquisa fazem a chamada estratificação da amostra de eleitores. Ou seja, selecionam 1 grupo de pessoas que representa o eleitorado por sexo, faixa etária, escolaridade, renda e região em que mora. A montagem da amostra do estudo é feita com dados oficiais do IBGE e do TSE.
O Poder360 integra o projeto Comprova. A iniciativa é uma coalizão de 24 veículos de imprensa que visa combater a desinformação durante as eleições presidenciais. Leia sobre essa checagem também no site do Comprova. Para ler todos os posts publicados pelo Poder360, clique aqui.
Esse texto foi produzido por Poder360, Jornal do Commercio e Band News FM. Nenhum desmentido é publicado antes de ao menos 3 veículos diferentes entrarem em acordo sobre a veracidade da informação. Este post foi verificado por: Folha de S.Paulo e Gazeta Online.
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