Desde postura corporal até ronco e apneia - a biorreprogramação bucal promete resolver problemas indiretamente por meio de tratamentos na boca. O método é derivado da Biocibernética Bucal e parte do princípio que a arcada dentária influencia o equilíbrio do corpo. Cada dente carregaria, ainda, informações sobre a personalidade do paciente.
Rogério Pavan, cirurgião-dentista e autor do livro “Biocibernética bucal - em busca da saúde perfeita” afirma que, se for preciso, pode vislumbrar a arcada do paciente recebendo uma foto da coluna, sem que ele lhe mostre a cabeça. Ou o contrário: adivinhar a postura corporal pela análise da boca. “Há uma relação direta entre os fatores. Posso dizer que o índice de acerto seria de 80% a 90%”.
Para explicar a relação, Pavan cita a analogia de alguém carregando uma “sacola pesada”. Se uma pessoa levar a sacola com a mão direita, o corpo pende para a esquerda. “Do mesmo jeito, se a arcada estiver maior na direita, a cabeça irá pender para a esquerda. A coluna vai acabar ficando em ‘S’ (escoliose)”, argumenta.
O mesmo valeria para quando a arcada está para frente ou para trás - causando os transtornos de lordose e cifose. Ao equilibrar a arcada do paciente, a coluna iria se corrigir naturalmente. A arcada em tamanho adequado também estabeleceria um fluxo respiratório ideal. Assim, o tratamento de ronco e apneia seguiria o mesmo princípio.
De acordo com Pavan, os tratamentos derivados da Biocibernética Bucal têm melhores resultados em crianças e adolescentes, período em que a arcada ainda está se desenvolvendo e se pode estimular o crescimento. Para adultos, desenvolveu “dispositivos de compensação” próprios, como o DARAA (Dispositivo Antirronco e Antiapneia) e o Polis (Placas Oclusivas Lisas), que prometem correção de espaço na boca independentemente da idade.
Além da relação com a respiração e com os tipos de curvaturas da coluna, a Biocibernética Bucal defende que cada dente humano tenha relação com sistemas do corpo, traços de personalidade e comportamentos masculinos e femininos em ambientes afetivos e sociais. Pessoas tímidas teriam, assim, os incisivos laterais sempre levemente recuados.
De acordo com Rogério Pavan, a relação se construiu por meio de estudos quantitativos, em que se diagnosticava a boca dos pacientes e se traçava o perfil dos entrevistados. “Se descobriu que as relações não eram ao acaso”, defende.
Já que cada dente corresponde a um conjunto de fatores, as extrações, para a Biocibernética Bucal, são procedimentos “atrasados” e “equivocados”. A retirada de qualquer dente, portanto, desequilibra o corpo. Rinite, apneia, ronco, dores de cabeça e resfriados são distúrbios que os defensores do método atribuem em parte ao procedimento de extração.
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