Pacientes comuns costumam ir ao dentista em média duas vezes por ano, enquanto aqueles que utilizam aparelho ortodôntico ou precisam de cuidados especiais marcam consultas com mais frequência. Há alguns casos, contudo, em que a ida ao dentista é inadiável. Professor do Departamento de Odontologia Social e Preventiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Flávio de Freitas Mattos conta em quais as situações a procura por um dentista é caso de emergência.
Abscessos dentoalveolares: Este tipo de abscesso geralmente é formado por uma cárie não tratada que atinge a polpa do dente e evolui até a formação de um foco de infecção. A dor intensa na mandíbula e, em estágio avançado, o pus que sai do local levam o paciente a procurar o dentista com urgência. Mattos destaca a importância de tratar o abscesso para evitar que a infecção se espalhe e cause outras complicações. O tratamento consiste em drenar a infecção através do canal do dente afetado ou dos tecidos moles intra ou extra-orais. Pode ser indicado o uso de antibióticos para prevenir a disseminação do pus e ajudar o organismo a se recuperar.
Abscessos periodontais: Resultam de infecções nos tecidos de sustentação dos dentes, chamados periodontais. Os principais sintomas ficam evidentes na gengiva: inchaço, vermelhidão e formação de pus. Com a evolução do problema pode haver a sensação de que o dente cresceu saindo do osso. “Quando isso ocorre ele fica dolorido. Pode haver febre e formação de gânglios inchados abaixo da boca e no pescoço”, explica Mattos. Nesse caso, o cirurgião-dentista pode prescrever antibióticos e fazer a limpeza dos locais afetados através de raspagens.
Alveolite: Ao extrair um dente é necessário ficar atento ao surgimento da alveolite. Geralmente, ela acontece no segundo ou terceiro dia após o procedimento, devido à infecção do alveólo, que é a porção do osso em que estava o dente extraído. O paciente sente dor intensa e latejante, que não é controlada pelos analgésicos. Além disso, o mau hálito e a falta de coágulo para cobrir o alvéolo são sinais importantes da alveolite. O cirurgião-dentista deve fazer a limpeza do local afetado e aplicar medicação para reverter o quadro.
Gengivoestomatite herpética aguda: Comum na infância, a gengivoestomatite herpética aguda é a primeira manifestação do vírus herpes simples. A doença forma feridas extensas e doloridas na língua, lábios e bochechas. A criança pode ter febre, dor de cabeça e perda do apetite. Como a alimentação fica difícil, é aconselhado que a criança coma somente alimentos pastosos ou líquidos. A infecção dura entre sete e 10 dias, e o cirurgião-dentista pode ajudar prescrevendo antitérmicos e orientando a higienização da boca para evitar outras infecções.
Luxação da articulação temporomandibular: “Isso ocorre quando a pessoa faz um movimento muito amplo ou prolongado de abertura da boca”, explica Mattos. O indivíduo fica impossibilitado de fechá-la e é necessário procurar um cirurgião-dentista com urgência. Ele fará manobras de movimentação da mandíbula que recolocarão a articulação na posição correta.
Fratura dentária: Quando há deslocamento, quebra parcial ou perda total dos dentes (no caso de um acidente, por exemplo), deve-se procurar o cirurgião-dentista imediatamente levando, se possível, os fragmentos dentários. Quando um dente permanente sai totalmente da boca, o paciente pode pegar ele pela coroa, sem tocar na raiz, e reposicioná-lo na boca. Depois, deve procurar imediatamente o dentista. Caso não consiga colocar o dente no lugar, é preciso mantê-lo em um recipiente com soro fisiológico, leite ou saliva e levá-lo ao cirurgião-dentista. Se houver sangramento, o paciente ou alguém próximo pode estancar usando gaze, toalha, lenço ou gelo.
Celulite facial: Mattos explica que essa doença é frequente e se desenvolve por uma cárie não tratada que atinge a polpa do dente e, em vez de formar o abscesso dentário, espalha-se por todos os tecidos moles vizinhos à área afetada. A infeção se propaga de maneira ampla, causando febre, inchaço e vermelhidão no rosto. O cirurgião-dentista terá de encontrar o foco original da infeção e drená-lo, além de prescrever antibióticos e antitérmicos.
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