A mesma substância usada para fins estéticos tem sido aliada dos dentistas para uma série de tratamentos odontológicos. Comercialmente conhecida por Botox e outras marcas, a proteína ou toxina botulínica trata bruxismo em adultos e crianças, hipertrofia do músculo masseter, sorriso gengival e dores orofaciais. A substância é liberada pelo Conselho Federal de Odontologia desde 2011 e também é utilizada para facilitar a colocação de implantes.
O dentista Guilad Weil ressalta o fato de quase não haver contraindicações. “É muito raro o caso de alguém ter alergia, eu nunca conheci.” Weil utiliza a proteína botulínica no tratamento de bruxismo há três anos. Ele explica que a aplicação não impede os pacientes de continuar rangendo os dentes, mas diminui a força do movimento, minimizando os danos. O produto é injetado nos músculos masseter e temporal, responsáveis por fechar e apertar a mandíbula. Segundo o dentista, a toxina alivia a força com que a pessoa cerra a boca e range os dentes, apresentando resultados em duas ou três semanas, tendo uma duração de cinco meses. Por isso, para manter o tratamento, são necessárias aplicações periódicas, com custos que variam entre R$ 1.300 e R$ 2 mil.
Em casos de bruxismo infantil, Weil comenta que o produto é uma das poucas maneiras eficazes de tratamento, já que o uso de placas de mordidas é prejudicado pela troca dos dentes de leite e pelo crescimento da mandíbula. Adultos com bruxismo diurno também encontram na toxina uma alternativa ao uso das placas tradicionais.
A proteína também é utilizada para tratar a hipertrofia do masseter. Weil explica que a hiperatividade do músculo pode deixá-lo com um aspecto saliente. “É a mesma lógica de qualquer outro músculo. Se você treina o bíceps, ele fica maior. Quando deixa de treinar, ele diminui. A proteína botulínica reduz a atividade do masseter.” A repetição dos movimentos também é responsável por dores de cabeça ou na face. As chamadas dores orofaciais são minimizadas com a aplicação do produto em pontos que produzem os movimentos.
Outro uso da proteína é para implantes. Os pacientes recebem a aplicação uma semana antes das cirurgias. Segundo Weil, a medida visa diminuir a pressão de fechamento da boca e permitir a melhor integração dos implantes à mandíbula ou ao maxilar. O dentista explica que também utiliza a substância em tratamentos de sorriso gengival, quando o lábio superior sobe demais. A toxina diminui a força do músculo, mostrando menos a gengiva.
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