GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

sábado, 10 de maio de 2014

Tecnologia oferece vislumbres de futuro biônico

Tecnologia oferece vislumbres de futuro biônico

Pouco tempo atrás, Dick Loizeaux se viu zanzando numa boate nova-iorquina barulhenta. Foi algo incomum; ex-pastor de 65 anos, Loizeaux começou a sofrer de perda auditiva há quase uma década e boates não são seu habitat. 'São os piores lugares do mundo para ouvir alguém conversar', ele disse.
Porém, dessa vez foi diferente. Loizeaux fora à boate testar o GN ReSound Linx, um dos dois novos modelos de aparelhos avançados para surdez que podem ser ajustados com precisão por meio de um programa embutido no iPhone, da Apple.
Quando entrou na boate, Loizeaux pegou o telefone para colocar o aparelho em 'modo de restaurante'. O ambiente amplificava o som vindo dos microfones voltados para frente do aparelho, reduzindo o barulho de fundo. Para reduzir o volume da música, ele abaixou os graves do aparelho e aumentou os agudos. Então, quando começou a conversar com a pessoa à sua esquerda, Loizeaux usou o telefone para favorecer o microfone no ouvido esquerdo, diminuindo o do direito.
Os resultados impressionaram. 'Depois de alguns ajustes, eu estava mantendo uma conversa confortável numa boate', Loizeaux me contou durante uma recente entrevista telefônica – uma ligação que seria difícil de realizar com o antigo aparelho de audição. 'Minha esposa estava do meu lado na boate e não conseguia entender direito aquela minha conversa, e olha que sua audição é perfeita.'
É um pequeno exagero dizer que a safra mais recente de aparelhos avançados de audição é melhor do que a maioria dos ouvidos com que nascemos. Os aparelhos podem transmitir telefonemas e música diretamente para os ouvidos por meio do telefone. Eles podem ajustar os sistemas acústicos ao local; quando o telefone detecta que você entrou no seu bar preferido, ele ajusta o aparelho de audição àquele ambiente.
Os aparelhos auditivos podem até deixá-lo transformar o telefone num par extra de ouvidos. Se você estiver papeando com uma colega de trabalho numa mesa comprida, deixe o telefone diante dela que suas palavras serão transmitidas diretamente para seus ouvidos.
Dick Loizeaux wears the GN ReSound Linx, a new model of advanced hearing aids he uses that can be precisely adjusted through software built into Apple’s iPhone, in Park Ridge, Ill., April 21, 2014. As they merge closer with software in our mobile computers, devices that were once used simply to fix whatever ailed us will begin to do much more. (© Sally Ryan/The New York Times)
Quando experimentei recentemente Linx e Halo, outro conjunto de aparelhos auditivos ligados ao iPhone da empresa norte-americana Starkey, fiquei perplexo. Usar os aparelhos era como atualizar o software dos meus ouvidos.
Pela primeira vez, eu tinha controle fino sobre o ambiente acústico, o tipo de capacidade biônica que nunca percebi cobiçar. Eu tenho 35 anos de idade e audição normal. Porém, se pudesse, usaria esses aparelhos o tempo todo.
Aparelhos de audição ligados ao iPhone são apenas o começo. Hoje em dia, a maioria das pessoas que usa aparelhos para surdez, óculos, próteses e outros equipamentos de acessibilidade o fazem para corrigir uma deficiência. Porém, os novos aparelhos auditivos apontam para o futuro biônico dos aparelhos para deficiências.
Enquanto se fundem aos programas embutidos em computadores móveis, os aparelhos que antes eram usados simplesmente para consertar nossa enfermidade passarão a fazer muito mais. Com o tempo, os equipamentos de acessibilidade podem até nos deixar ultrapassar as capacidades naturais humanas.
Um dia, todos nós, não apenas quem precisa corrigir uma deficiência física, pode pegar um ou outro acessório biônico.
'Existe uma forma pela qual essa tecnologia dará às pessoas com perda auditiva a capacidade de superar quem ouve normalmente', disse Dave Fabry, vice-presidente de audiologia e relações profissionais da Starkey.
As they merge with software baked into our mobile computers, devices that were once used simply to fix whatever ailed us will begin to do much more. (© Stuart Goldenberg/The New York Times)
Imagine aparelhos de surdez que o deixam ouvir um cara que está sussurrando do outro lado de um cômodo ou óculos que lhe permitem examinar o preço de qualquer item num supermercado. O Google e várias outras equipes internacionais de pesquisa vêm trabalhando em lentes de contato inteligentes.
No começo, esses aparelhos podem monitorar a saúde dos usuários – por exemplo, podem ficar de olho na pressão sanguínea do paciente ou nos níveis de glicose –, mas modelos mais avançados poderiam exibir uma sobreposição digital na sua vida diária.
Ou imagine então o futuro das próteses de membros, que agora estão se beneficiando dos avanços na robótica e software móvel. Aparelhos avançados de próteses agora podem ser controlados por meio de aplicativos de celular. Por exemplo, o i-Limb Ultra Revolution, produzido pela Touch Bionics, permite que pessoas selecionem padrões de ajuste e baixem novas funções para as mãos prostéticas usando um iPhone. Quanto mais você usar, mais inteligente fica a mão.
Os aparelhos auditivos são o lugar natural para começar nossa jornada biônica. Aproximadamente 36 milhões de norte-americanos adultos relatam algum grau de perda auditiva, segundo o Instituto Nacional da Surdez e Outros Distúrbios de Comunicação, mas apenas um quinto das pessoas que poderiam se beneficiar com um aparelho o usam.
Isso porque tais equipamentos, como exemplo de tecnologia, há muito pareciam presos ao passado.
'A maioria das pessoas imagina grandes e desajeitadas bananas acopladas atrás das orelhas, mostrando a todo mundo que você está envelhecendo', afirmou Ken Smith, audiólogo de Castro Valley, na Califórnia, que adaptou mais de duas dúzias de pacientes ao Linx.
Até pouco tempo atrás, muitos aparelhos auditivos também eram difíceis de usar. Para muitos usuários potenciais, principalmente pessoas com perda auditiva leve ou moderada, eles pouco faziam para melhorar o som em ambientes barulhentos.
Falar ao telefone com um aparelho para surdez era muito problemático. Embora alguns aparelhos oferecessem a capacidade de transmissão para celulares, eles eram todos desajeitados. Para se conectar aos telefones, era preciso ter uma 'varinha' de transmissão extra, bateria recarregável e um transmissor sem fio que o usuário pendurava no pescoço – ninguém ficava bem arrastando esse equipamento por aí.
Em 2012, a Apple anunciou um programa voltado à deficiência auditiva e o iPhone, o qual permitiria que o sistema operacional móvel da empresa se conectasse diretamente a aparelhos para surdez utilizando uma versão de pouco consumo de energia da tecnologia sem fio Bluetooth.
Representantes da Starkey e da GN ReSound afirmam terem visto o iPhone como forma de corrigir vários dos muitos problemas técnicos que vinham afetando os aparelhos auditivos. O telefone poderia funcionar como controle remoto, cérebro e microfone auxiliar para os dois aparelhos.
Porém, segundo as empresas, o mais importante é o que o iPhone poderia fazer com seu potencial revolucionário pelos aparelhos auditivos.
'Muita gente que poderia se beneficiar com um aparelho agora não tem desculpa – eles dizem que é muito desajeitado ou que não é legal', afirmou Morten Hansen, vice-presidente de parcerias e conectividade da GN ReSound.
Fabry, da Starkey, foi mais direto: 'Nós pensamos em fazer dos aparelhos para surdez uma coisa bacana'.
Esteticamente, as duas companhias parecem ter feito algo similar. Os aparelhos auditivos da GN ReSound e da Starkey são extremamente pequenos e atrativos; cada um tem apenas uma fração do tamanho de um fone de ouvido convencional com Bluetooth e quando são colocados atrás das orelhas, são praticamente invisíveis.
Eles também são bastante confortáveis. Alguns minutos depois de encaixar cada modelo nas minhas orelhas, acabei esquecendo que estavam ali.
Por outro lado, nenhum deles é barato. O Halo, da Starkey, começa ao redor de US$ 2 mil por aparelho; o Linx, da GN ReSound, tem o preço inicial acima dos US$ 3 mil. Poucos seguros-saúde cobrem o custo de aparelhos para surdez; o sistema de saúde pública dos EUA não paga por eles.
Contudo, pessoas que o usaram disseram que os novos aparelhos valem o preço.
'Eu me apaixonei por eles nos primeiros 30 segundos', afirmou Todd Chamberlain, que começou a usar recentemente um par de Halos.
Chamberlain, 39 anos, trabalha como fiscal de segurança industrial em Ephrata, em Washington, e usa aparelhos para surdez desde os três anos de idade.
'Estou surpreso que não tenham feito isso antes – botar tudo num aplicativo, o que parece tão óbvio hoje em dia', ele afirmou.
Em breve, poderemos estar dizendo o mesmo sobre todos os nossos sentidos.

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