GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Para Crivella, fim do governo Cabral, seu aliado, é mais esperado do que a Copa do Mundo

RIO - O ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), confirmou sua pré-candidatura ao governo no Rio nas eleições de outubro. Em entrevista ao GLOBO, por e-mail, Crivella afirmou ainda que "não há hipótese" de a presidente Dilma Rousseff não estar em seu palanque durante a campanha no estado. O PRB faz parte da base aliada de Dilma. O bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) negou também abrir mão da disputa para apoiar no primeiro turno o senador Lindbergh Farias (PT), outro pré-candidato.
Crivella elogiou o vereador César Maia (DEM), ex-prefeito, que também pretende concorrer à sucessão estadual. O ministro, no entanto, ironizou o governador Sérgio Cabral (PMDB), principal alvo das manifestações no Rio ocorridas em junho do ano passado. Segundo o ministro, o fim da atual administração é esperada com "mais ansiedade do que a Copa".
- A rejeição vem de diversos fatores e sucessivas e crescentes denúncias no aspecto moral. Hoje, no Rio, se espera o fim do atual governo com mais ansiedade do que a Copa - escreveu o ministro, que só deixará o cargo no último dia permitido pela lei eleitoral (fim de março).
O questionário foi enviado para Crivella na última sexta-feira. As respostas só foram repassadas ao GLOBO na tarde desta terça-feira, sem possibilidade de réplica do repórter, e antes de Cabral anunciar a exoneração de integrantes do PT do seu governo. Cabral apoia a pré-candidatura do vice Luiz Fernando Pezão (PMDB). Sobre a briga do PMDB de Cabral com os petistas, o ministro declarou:
- O problema não é que o PT e o PMDB do Rio não se entendem. O problema é que se detestam.
Para um possível segundo turno, Crivella acredita na união de uma "frente de esquerda":
- Vejo chances de uma frente de esquerda no Rio. Formamos consciência e convicções em lutas em comum e, embora o fim de um ciclo hegemônico (como assistimos no Rio) cause fragmentação, creio que mais à frente há chances de estarmos juntos, se não no primeiro turno com certeza no segundo.
Atualmente, o PRB faz parte das administrações de Cabral e do prefeito Eduardo Paes (PMDB). No município, o partido indicou o atual secretário Especial de Abastecimento e Segurança Alimentar, Wagner Montes, filho do deputado estadual homônimo, filiado ao PSD. Em sua resposta enviada ao GLOBO, Crivella ignorou a nomeação de Montes:
- Na Prefeitura, o PRB desenvolve o Cimento Social com excelentes resultados. Não vejo porquê interromper um programa que tantos benefícios traz à população. No Governo do Estado, nunca tivemos participação programática. Talvez os deputados tenham indicado um ou outro nome para compor o segundo ou terceiro escalão, que é próprio da política de aliança do governo na Assembleia.
Leia a entrevista na íntegra:
Por que o senhor quer ser candidato ao governo do Rio?
Hoje, o Rio são 16 milhões clamando por saúde, segurança, mobilidade urbana e educação. Quero enfrentar, prioritariamente, esses problemas. Me preparei política e tecnicamente e sei que tenho condições de cumprir a missão.
Qual será a prioridade do senhor à frente do governo do Rio? Por quê?
Os enfermos, as crianças e jovens em situação de risco, os idosos, o povo trabalhador. São prioridades, obviamente, porque são os que mais precisam.
Há alguma possibilidade de o senhor desistir da sua pré-candidatura ao governo do estado para apoiar um outro pré-candidato a pedido da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, como o senador Lindbergh Farias (PT)? Por quê?
Não. A presidenta Dilma incentivou a minha candidatura e assegurou que não há hipótese de estar fora do nosso palanque. Portanto, sei que o presidente Lula também apoia.
Há chances reais de o senhor fazer aliança com Lindbergh ainda no primeiro turno? Por quê?
Nenhuma. Somos candidatos que se respeitam e reconhecem que ambos possuem o direito de expor suas ideias para resolver os problemas do Rio. É bom para todos que sejamos candidatos ao governo.
E com outros pré-candidatos? Há chance de aliança no primeiro turno? Quais pré-candidatos? Porquê?
Vejo chances de uma frente de esquerda no Rio. Formamos consciência e convicções em lutas em comum e, embora o fim de um ciclo hegemônico (como assistimos no Rio), cause fragmentação, creio que mais à frente há chances de estarmos juntos, se não no primeiro turno com certeza no segundo.
O PRB, seu partido, tem cargos nas administrações do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB. O PRB não deixará os dois governos? Por quê? Quando vai deixar?
Na Prefeitura, o PRB desenvolve o Cimento Social com excelentes resultados. Não vejo porquê interromper um programa que tantos benefícios traz à população. No Governo do Estado, nunca tivemos participação programática. Talvez os deputados tenham indicado um ou outro nome para compor o segundo ou terceiro escalão, que é próprio da política de aliança do governo na Assembleia.
Por enquanto, quais são os partidos que apoiarão uma possível pré-candidatura do senhor? Quais os partidos que já fecharam aliança com o PRB? Por quê?
Primeiro, me permita corrigir, não é "possível pré-candidatura" é pré-candidatura pra valer. Estamos em tratativas com vários partidos com quem temos afinidade política. Mas quem são, a essa altura do calendário eleitoral, lembrando o fado...."nem às paredes confesso".
Quais foram os partidos que o senhor conversou sobre alianças? Houve acordo com quais deles? Por quê?
Respondida no item anterior.
Qual será o dia exato em que o senhor deixará o ministério da Pesca caso venha realmente a concorrer nas eleições? Por quê?
Tenho importantes ações a concluir no Ministério da Pesca e Aquicultura. Espero ficar até o último dia permitido em lei. Não tenho pressa e acho que devemos fazer campanha na época da campanha. Leio com pesar nos jornais que outros candidatos estão com dezenas de ações na Justiça Eleitoral por campanha antecipada. Isso é desleal e, com certeza, conta com a repugnância do judiciário e do povo fluminense.
Qual é a sua avaliação do governo Sérgio Cabral? Por quê?
Cabral foi um senador de oposição dura ao governo Lula, que, no segundo turno da eleição para governador do Rio, contra Denise Frossard (em 2010), pediu meu apoio. Condicionei a uma aliança com o governo federal. Ele aceitou e foi bom para o estado. Com Minas e São Paulo governados pelo PSDB, eu sabia que o Rio receberia investimentos por conta dessa parceria e, efetivamente, fizemos inúmeras obras importantes. Isso é um legado. A rejeição vem de diversos fatores e sucessivas e crescentes denúncias no aspecto moral. Hoje, no Rio, se espera o fim do atual governo com mais ansiedade do que a Copa.
Qual é a sua avaliação da administração do prefeito Eduardo Paes? Por quê?
Acho que Eduardo faz um governo positivo porque priorizou revitalizar a Zona Oeste e o Subúrbio, áreas antes esquecidas.
Como o senhor avalia a pré-candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão, que aparece com apenas 5% nas pesquisas?
Ele sofre o desgaste do governo e a resposta, exceto no setor de obras, não ajuda. Por exemplo, o fato do Rio não ter uma escola sequer entre as 500 primeiras do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é muito ruim. Mas, sobretudo, o longo período do PMDB no comando do Rio (são décadas), tende a criar um consórcio de interesses. Aí o povo troca por dever cívico, para fazer a higiene moral do setor público, que se contamina inevitavelmente na perpetuação do poder.
O senhor acha que Pezão deveria mesmo ser candidato ao governo do Rio? Por quê?
É uma decisão dele que devemos respeitar.
Como o senhor vê essa briga entre PT e PMDB no Rio?
O problema não é que o PT e o PMDB do Rio não se entendem. O problema é que se detestam.
Na sua opinião, o que deveria ser feito para acalmar essa relação turbulenta entre os dois partidos (PT e PMDB)? Por quê?
Não cabe a mim propor, mas espero estarmos todos juntos no plano federal apoiando a presidenta Dilma, que tanto fez pelo Brasil e pelo Rio. Acho que seu governo reafirma de maneira majestosa as virtudes morais, a capacidade de trabalho e as resistências de caráter da mulher brasileira.
Qual é a sua opinião sobre a pré-candidatura do deputado federal Anthony Garotinho (PR), ex-governador? Por quê?
É legítima e respeito, embora deva reconhecer que o respeito não é recíproco.
Lindbergh declarou recentemente que a volta de Garotinho ao governo seria um "retrocesso". O senhor concorda? Por quê?
Acho que perder o diálogo com o governo federal seria mesmo um grande retrocesso, um crime de lesa-pátria contra o povo do Rio e suas justas e legítimas aspirações. O estado precisa de um governo enérgico para superar os desafios, mas sereno para construir o diálogo com as demais instâncias políticas, até porque ainda não resolvemos definitivamente a questão dos royalties do petróleo.
O ex-prefeito e atual vereador Cesar Maia (DEM) também lançou a pré-candidatura ao governo. Qual é a sua avaliação sobre a participação de Cesar Maia nesta disputa? Por quê?
Sua experiência o legitima e enriquece o debate. Embora tenhamos divergências políticas, trata-se de um líder do Rio.
O senhor tem grande votação entre os evangélicos. Se for confirmada a sua candidatura, qual será a estratégia do senhor para atrair eleitores católicos e de outras religiões? Por quê?
As propostas que tenho para o Rio, sobretudo, no desenvolvimento social. E isso respaldado na minha trajetória, em tudo que fiz na vida pública nos 10 anos como senador e quase dois como ministro. No Congresso, por exemplo, aprovei diversas leis e destaco a PEC, que agora, em fevereiro, dará possibilidade a dezenas de milhares de profissionais da área de saúde das Forças Armadas, Polícias e Bombeiros de trabalhar nos hospitais da rede pública. Ao todo, mais de 20 mil profissionais se contarmos os da reserva. Tenho projetos na área de habitação, educação, infraestrutura, energia, e consegui trazer como senador mais de R$ 140 milhões para o Rio. A Veja me apontou como o 5º e a Transparência Brasil como 3º melhor parlamentar em projetos de impacto para o Brasil. Na pesca, lançamos o Plano Safra, com R$ 4 bilhões de recursos para financiar
a produção; tiramos o imposto do pescado que passou a compor a cesta básica; e simplificamos o licenciamento ambiental com a resolução 497 do Conama. Isso quase dobrou a produção. Mas, acima de tudo, o povo do Rio não tem do que se envergonhar de mim. Sou ficha limpa. Estou, portanto, à altura de servir, no governo, minha gente sofrida e valente na sua imensa maioria humilde, modesta, trabalhadora e ordeira.
Durante sua campanha, o senhor falará abertamente sobre assuntos como aborto e relações homoafetivas (casamento gay), entre outros polêmicos? Por quê?
Sem nenhum problema.
O senhor acha que esses temas polêmicos devem ser debatidos entre os candidatos? Por quê?
Acho que sim, o povo quer saber como pensam seus governantes.
Em todas as eleições das quais participou, há denuncias de que o senhor utiliza a Igreja Universal do Reino de Deus para conseguir votos junto aos fiéis. Como o senhor avalia isso?
Há denúncias, mas nenhuma prosperou. Nunca fui condenado por isso ou qualquer outro delito. Devo ressaltar que nunca fiz distinção de ninguém por religião. Veja, por exemplo, a Fazenda Canaã onde há 14 anos cuidamos de centenas de crianças carentes do sertão da Bahia. A maioria são de famílias católicas e são igualmente acolhidas como as de família evangélica ou espírita. Também nesses 10 anos no Senado ou na Pesca tenho feito por todos sem distinção. Portanto, reafirmo que quero governar para todos e prometo trabalhar muito e não desapontá-los.
O senhor usará novamente o projeto Cimento Social para divulgar seu trabalho no período de campanha? Por quê? Em eleições passadas, a Justiça Eleitoral já considerou este programa de uso eleitoreiro.
O Cimento Social foi adotado pela Prefeitura do Rio como política habitacional porque é simples de ser implementada e com excelentes resultados. Não requer remoções que esbarram em longos processos na justiça nem desapropriações dispendiosas, exceto em áreas de risco. É simplesmente derrubar o barraco e no mesmo lugar construir uma casa nova adequada para aquela família. No Morro do Salgueiro, ficou espetacular. Na Mangueira, Andaraí, Providência, Jamelão todos aplaudem. O que devemos condenar não é o Cimento Social, mas as condições sub-humanas de uma parcela da população que vive uma sub-vida, num sub-mundo de privações e doenças, em péssimas condições de higiene e de habitabilidade, fatores fundamentais na geração da violência anômica que nos assedia e envergonha.
Em maio do ano passado, O GLOBO publicou uma série de reportagens afirmando que, depois que o senhor assumiu o Ministério da Pesca, dirigentes de entidades sindicais de pescadores passaram a integrar o PRB para serem beneficiados de várias formas. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
O mesmo que a independente e altiva Comissão de Ética da Presidência da República disse ao concluir as investigações: não procede.
O que o senhor achou das prisões dos envolvidos no mensalão? Por quê?
Decisão do Supremo não se discute. Cumpre-se.

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