GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O bicho esta pegando tambem na Santa Casa de Ubatuba e Câmara Municipal de Vereadores investiga denúncias de desvios na Santa Casa

Uma comissão de vereadores de Ubatuba está investigando denúncias vindas da Provedoria da Santa Casa de Misericórdia sobre possível desvio de doações e falta de repasses da arrecadação da cantina que funciona dentro da unidade de saúde da cidade. O caso foi parar na sessão Ordinária da Câmara na última terça-feira, com a leitura de uma correspondência da direção do hospital relatando os fatos e suspendendo temporariamente o trabalho voluntário.
O problema foi levantado logo no início da sessão, no expediente. Em ofício, assinado por toda a provedoria da Santa Casa, se relata que “houve, durante o ano de 2013 (janeiro a julho), um faturamento da cantina no valor de R$ 56.831,66, enquanto que o repasse para a Santa Casa foi de R$ 3.559,05”. 
A carta acrescenta que, mesmo arrecadando isso, a cantina não paga água, luz e nem impostos, funcionando com cadastro (CNPJ) independente. Em recente fiscalização, a cantina foi notificada para proceder sua regularização, tendo sido multada em R$ 1.163,62, e nada foi feito a não ser solicitar que o hospital arcasse com a multa e que os vereadores isentassem a cantina dessa cobrança.
Pelo ofício, a provedoria informa que de repente algumas doações pararam de chegar à cozinha ou chegavam sem condições de uso ou com validade vencida, tendo que ser descartadas. Alguns doadores tradicionais, como supermercados, comerciantes e produtores rurais, suspenderam doações.

Interferências 
A direção do hospital reclama ainda de interferências excessivas por parte de alguns voluntários na rotina dos procedimentos, no tipo de gestão ou mesmo em contratações e demissões. Em outros casos, “a circulação dessas pessoas pelos corredores, Pronto Socorro e dependências com salgadinhos e produtos da cantina geram cruzamento no fluxo hospitalar, sem as precauções sanitárias exigidas em ambientes como este”, diz trecho da carta, que também afirma que “criou-se uma sistemática de reclamar, tumultuar e na sequência envolver vereadores ou pessoas influentes da cidade para atender seus pedidos”. Depoimentos de funcionários falam em “atitudes extremamente agressivas, com ofensas a funcionários”.
O “Grupo Voluntários Trabalho por Amor” reúne cerca de dez pessoas sendo que quatro ou cinco comparecem diariamente à Santa Casa. O ofício tem o cuidado de evitar generalizações, mas deixa claro que ao longo do tempo surgiram distorções.
A direção reconhece ainda o esforço de pessoas que ajudaram concretamente como voluntários ao longo de anos. “Sabemos da importância que é o trabalho voluntário dentro de uma instituição filantrópica, a responsabilidade em dar o melhor aos enfermos, em ajudar um acamado lendo para ele, levando um copo d’água, captando doações e as direcionando a quem de direito entre outras ações”. 
Falando depois da Tribuna Popular, a nutricionista e também sanitarista pública do hospital, Caroline Fernandes, reforçou as denúncias mostrando-se preocupada com “o alto grau de cuidados sanitários” que o trabalho com enfermos requer, pois “tornou-se rotineira a doação de verduras estragadas”. Ela está articulando um trabalho com produtores orgânicos locais, em parceria com os agricultores.

Provedor 
Em entrevista com o provedor da Santa Casa, Robertson Martins, ele informou à reportagem que várias pessoas estavam se manifestando dizendo que faziam doações, que não chegavam à instituição. “Tivemos que inverter o sistema de arrecadação. Agora são funcionários voluntários, carros próprios, pra atender as retiradas. Em paralelo, estavam havendo questionamentos financeiros com relação à cantina. Elas se dizem voluntárias, mas na realidade algumas são assalariadas e estava havendo muita despesa sem comprovação”, declarou Martins. 
Segundo ele, como há desconto em folha de pagamento e o Conselho Municipal de Saúde recebe a prestação de contas, foram detectados pagamentos indevidos a fornecedores, até mesmo sem recibos, e o pagamento de salários para voluntárias. “Não tivemos outra escolha a não ser solicitar ajuda dos vereadores. Entregamos a documentação pra eles fazerem uma apuração mais clara e aberta”, destacou Martins.
Segundo ele, no ano passado, elas produziram R$ 70 mil com a cantina, bruto, e repassaram pra Santa Casa R$ 3 mil. “Em 2013, de janeiro a agosto, produziram R$ 56 mil e repassaram pouco mais de R$ 3 mil. Dentre as despesas apresentadas, ainda tinha funilaria e serviço de auto-elétrico”, informou.

Grupo de investigação 
O presidente da Câmara, o vereador Eraldo Todão Xibiu (PSDC), informou que, após reunião com a direção da Santa Casa, decidiu abrir um processo de averiguação para que em 30 dias se façam as oitivas das voluntárias, servidores, provedoria e doadores, concluindo com um relatório mostrando o que de fato tem ocorrido dentro da Santa Casa de Misericórdia e no funcionamento da cantina. Ele lembrou que a instituição também recebe dinheiro público, daí o dever de averiguar. 
A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara Municipal será presidida pelo vereador Claudnei Xavier (DEM), que será auxiliado pela vereadora Flávia Pascoal (PDT) e pelo vereador Reginaldo Bibi (PT).
Segundo Xibiu, ficou resolvido em comum acordo com a provedoria que durante as oitivas a cantina permanecerá fechada, mas os trabalhos das voluntárias em outros setores da Santa Casa continuarão como de costume. “Dependendo do resultado das investigações, o processo será encaminhado à Promotoria Pública para as devidas providências”, declarou Xibiu.

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