A lenda asteca diz que o primeiro axolotle – a salamandra com brânquias externas que já encheu os lagos ao redor da cidade – era um deus que mudava de forma para evitar o sacrifício.
Mas o que restou de seu habitat atualmente – uma rede poluída de canais lotados de peixes famintos trazidos de outro continente – parece ter se transformado em uma armadilha inevitável.
"Muito em breve eles serão extintos", afirmou Sandra Balderas Arias, bióloga da Universidade Nacional Autônoma do México que trabalha para conservar os axolotles em seu habitat natural.
O desaparecimento dessa salamandra em seu habitat será o fim de um dos poucos elos naturais que os mexicanos ainda possuem com a cidade que os Astecas construíram nas ilhas de uma rede de vastos lagos montanhosos. A extinção do axolotle poderia acabar com as pistas procuradas por cientistas que estudam suas características impressionantes.
A despeito de seu futuro precário na água fresca, há muito tempo os axolotles prosperam em aquários de todo o mundo. As salamandras foram criadas com sucesso ao longo do século passado, seja como animais de estimação exóticos, ou espécimes de laboratório para cientistas que estudam sua extraordinária capacidade de regenerar membros e rabos decepados.
O axolotle mexicano é uma salamandra de aparência estranha, com cabeça chata e pés espinhentos, que geralmente passa a vida toda em estágio larval, como um girino, sem nunca ir para a superfície.
"Eles crescem sem mudar de forma e têm a capacidade de se reproduzirem", afirmou o biólogo Armando Tovar Garza. "Ninguém sabe por que ele não muda."
A aparência da salamandra cativa todos que veem suas guelras se mexerem. No conto "Axolotle", de Julio Cortázar, o narrador fica paralisado – "Fiquei ali olhando por uma hora e parti, sem conseguir pensar em outra coisa" –, enquanto vivencia a própria metamorfose.
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