GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Moradores querem que prefeitura suspenda licitação para construção de uma usina de lixo na Costa Norte

Mais de 200 pessoas participaram da reunião realizada na noite da última sexta-feira, no Salão Paroquial da Enseada; caso pedido não seja aceito, associações de moradores da região prometem ir ao Ministério Público

Mara Cirino

Em uma reunião que durou quase quatro horas, na noite da última sexta-feira, mais de 200 moradores dos bairros Enseada, Jaraguá e Canto do Mar, representantes da Prefeitura de São Sebastião e vereadores discutiram sobre a proposta da Administração Municipal em implantar uma usina de tratamento de lixo na Costa Norte. Após a colocação da comunidade, foi solicitado que o edital de licitação seja suspenso até amanhã. Caso contrário, as associações que representam os moradores prometem ir ao Ministério Público.
Problemas com tráfego de caminhões, passivo ambiental, risco para a população, falta de esclarecimento sobre o funcionamento da usina, ineditismo de uma tecnologia ainda não experimentada foram alguns dos pontos abordados pelos presentes e que contou com a defesa do secretário e do secretário-adjunto do Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito do Rego e Silvio Nogueira, respectivamente.
A reunião foi aberta pelo presidente da Associação dos Moradores da Enseada, João Freitas e contou com explanação do secretário Hipólito e colocações dos vereadores presentes Solange Ramos (PPS), Maurício Bardusco (PPS), Amilton Pacheco (PSB) e Marcos Tenório (PMDB).
O secretário explicou aos presentes o objetivo da proposta apresentada pelo prefeito Ernane Primazzi, com o objetivo de resolver o problema do lixo na cidade. Pelo edital, o objeto da concorrência pública é a contratação de empresa com intuito de construir, adquirir equipamentos e mobiliário, manter e operar o parque industrial de tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos, numa estrutura com capacidade para dar tratamento (biológico-mecânico) e destinação final a 182,5 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano. Ela deverá, ainda, fazer a reciclagem de materiais e produzir combustível derivado de resíduos. O que mais tem preocupado a comunidade da Costa Norte é o local escolhido para a construção do parque industrial, um terreno no Jaraguá, que implicaria na remoção de pelo menos 80 famílias. O motorista José Cícero dos Santos se mostrou inconformado com a situação. Um dos primeiros a usar o microfone, ele questionou o secretário sobre o tráfego de caminhões que deve seguir para avenida Dario Leite Carrijo, o principal acesso ao bairro, “É uma via estreita e cheia de curvas, perigosa até para o trânsito local. Como ainda querem passar mais caminhões pesado por aqui que não tem nem calçada para as pessoas caminharem?”
Conforme o secretário do Meio Ambiente, o projeto do Contorno de Caraguá e São Sebastião prevê uma alça de acesso que daria na área estudada. Questionado se o projeto vai sair do papel, Eduardo Hipólito disse que dependeria do governador. “Não se sabe se o que o governador está fazendo é verdade porque ele já mentiu várias vezes com relação às suas propostas de campanha”.
De pronto houve reação da comunidade e que se ouviu no Salão Paroquial foi que a prefeitura deveria, então, esperar sair o contorno para depois pensar em fazer o parque industrial. “Se não sai o contorno, nós moradores, é que sofreremos as conseqüências”, disse o motorista.
Quem também fez uso da palavra foi Amin Nossabein, que se declarou morador da Enseada. “Se o município produz 25 toneladas de lixo por ano, de onde virá o restante para completar a quantidade que eles precisam para fazer o processamento?” Destacou ainda que 90% do passivo ambiental do antigo aterro da Praia da Baleia, na Costa Sul, estaria inerte, não havendo necessidade de fazer o transporte para a Costa Norte. Disse também que qualquer que seja a tecnologia usada, precisa de aterro para o material que vai resultar do tratamento.
O morador José da Costa fez um comparativo entre os moradores das costas Norte e Sul. “Lá (Sul) estão os bacanas, por isso o lixo não pode. Aqui (Norte) estão os pobres, o Zé Povinho, por isso querem trazer essa usina para cá. Isso me deixa indignado”.
O adjunto Silvio Nogueira destacou que o Ministério Público não permite mais a destinação de lixo no Aterro da Baleia e que a área precisa ser recuperada. Várias vezes a comunidade sugeriu, propôs uma área ao lado do antigo lixão/aterro, e repetidas vezes a resposta de Nogueira foi a mesma. Ele frisou ainda que está se propondo uma solução. “Se nada for feito, quando não pudermos levar mais para Tremembé, teremos um sério problema com o nosso lixo”.
A reunião contou ainda com o embate entre o atual secretário de Meio Ambiente, Eduardo Hipólito, e a ex-secretária da pasta, Traud Rennert. Ela esclareceu que, quando à frente da secretaria, a proposta era uma outra e que a nova seria bem diferente dos estudos que vinha acompanhando para licenciamento junto aos órgãos ambientais. Questionou ainda qual lei teria maior valor no município, se a legislação que trata da Ocupação de Uso de Solo ou Ambiental. Hipólito rebate que a maior é a Lei 49.215/2004 e que a área pode ser desapropriada a bem de Utilidade Pública de Interesse Social. Diante das discussões e questionamentos, foi sugerido que o secretário Hipólito leve ao prefeito o pedido de suspensão do edital até amanhã, sob risco de irem ao MP. Também ficou agendada uma nova reunião para o dia 8 de julho, no Centro Comunitário do Jaraguá, visando que a administração leve respostas para a comunidade.

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