RIO - "Vocês são heróis, eu não sou herói. Os heróis estavam nas ruas, participando das manifestações, sacrificando suas vidas, sendo agredidos, detidos e postos em perigo".
As palavras são do emocionado jovem executivo do Google Wael Ghonim, em sua primeira entrevista após 12 dias detido no Egito. Nela, ele tenta se afastar do lugar de símbolo dos manifestantes, mas suas palavras tiveram efeito quase imediatosobre a revolta contra o ditador Hosni Mubarak.
Nesta terça-feira, centenas de milhares de pessoas voltaram a tomar a Praça Tahrir, no Cairo, numa das maiores concentrações dos 15 dias de protestos. Manifestações cujo começo passa pelas mãos de Ghonim (Veja imagens do protesto feito por Ghonim).
Na entrevista, ele confirmou ter criado, sob o pseudônimo de "o mártir", uma página antitortura no Facebook, depois que um ativista foi espancado até a morte pela polícia de Alexandria. Ele foi detido em 28 de janeiro.
- Isso não estava nos meus planos, e eu odeio isso. Mas estava fora do meu alcance - disse Ghonim, chefe de marketing do Google para Oriente Médio e Norte da África, que garante que não se arrepende do que fez.
Ante a multidão na Praça Tahrir, no centro do Cairo, discursou e conseguiu mobilizar um movimento que ainda parece não ter produzido um líder claro. Ali, repetiu as palavras da entrevista e foi ovacionado.
- Vocês são os heróis. Eu não sou herói, vocês são os heróis - afirmou Ghonim, que diz ter passado 12 dias vendado enquanto esteve preso.
O Google já estava anteriormente vinculado aos protestos no Egito, ao ter criado um serviço que ajudava os usuários do Twitter a burlarem as restrições do governo ao site, disponibilizando um número de telefone que recebia mensagens de voz, posteriormente transmitidas na rede social.
Além de Ghonim, outros 34 presos políticos foram libertados beneficiados pelas reformas prometidas pelo governo Mubarak após o início da revolta.
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