Durante a cerimônia de transmissão do cargo, o novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que o combate à miséria e a renegociação da dívida da cidade com a União serão os principais focos de seu governo, que começa hoje (1º). “Não é possível conviver por mais tempo com tanta desigualdade, com tanto descaso, com tantas mazelas. Crianças brincando no esgoto a céu aberto”, ressaltou, no evento que aconteceu na sede da prefeitura, no Viaduto do Chá, centro paulistano. “Existe ainda muita miséria na cidade de São Paulo. E nós temos que lutar todos os dias deste mandato contra a miséria da cidade”, acrescentou.
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Para Haddad, a capital paulista pode se tornar um exemplo de sucesso na erradicação da pobreza. “Vamos identificar as pessoas, vamos fazer uma busca ativa, vamos reconhecê-las. Vamos interagir com o governo do estado, com o governo federal. Vamos equacionar esse problema. Vamos dar o exemplo de como o programa federal de erradicação da miséria pode apresentar o seu primeiro resultado pleno na cidade mais rica do país”, pontuou o prefeito, que enfatizou a importância de se ter uma visão baseada na solidariedade para enfrentar os problemas da cidade.
“Eu sou daqueles que acredita não apenas que haja amor em São Paulo. Eu acredito que esse amor está pronto para se manifestar com cada vez mais força, mais presença nessa cidade”, disse em referência a uma manifestação popular feita à época da campanha eleitoral com o lema Existe Amor em SP. “Eu entendo que talvez, durante toda a campanha, essa manifestação não partidária, que não procurava angariar votos para um ou outro candidato, diz muito sobre o que a cidade de São Paulo espera de nós” , completou.
Haddad reconheceu, entretanto, que para poder colocar em prática seus planos para São Paulo precisará renegociar a dívida do município com a União. O tema também foi enfatizado pelo prefeito que deixou o cargo, Gilberto Kassab, no discurso de despedida. “São Paulo, apesar do seu orçamento bilionário, um dos maiores do país, hoje perdeu a sua capacidade de investimento, em função de um acordo de dívida literalmente insustentável, hoje e no futuro”, destacou Haddad. “Nós não podemos conviver com uma dívida que é 200% da nossa arrecadação”.
A solução deve vir, segundo Haddad, de um acordo com o governo federal e com o Congresso Nacional.“Nós temos que levar ao Congresso Nacional, com todas as tratativas com o governo federal, com o ministro [da Fazenda] Guido Mantega, uma proposta de repactuação da dívida federativa de estados e municípios”, disse.
Após o discurso, foram anunciados os nomes dos novos secretários municipais e a criação da Secretaria de Políticas para Mulheres. Depois da cerimônia, transmitida por um telão para o público do lado de fora do prédio, Haddad subiu em um palco externo, onde saudou os apoiadores. “Nós não teríamos tomado posse hoje, se não fosse a militância de vocês, se não fosse a cumplicidade de vocês. E o que eu peço a Deus é nunca perder o contato com vocês”, disse o prefeito que convocou a população a participar do governo, inclusive com críticas. “Nós não vamos acertar sempre, mas podemos corrigir um eventual erro que cometermos”.