A preocupação com os reflexos da crise econômica europeia sobre o
mercado brasileiro estará no centro das discussões que o núcleo sindical
do PSDB realiza terça-feira (22), a partir das 14 horas, na capital
paulista. Segundo o presidente deste núcleo, Antônio de Sousa Ramalho, o
Ramalho da Construção, “a crise global já está atingindo o mercado
brasileiro”, por isso, é importante discutir temas como a
desindustrialização, política cambial, mudanças nas regras de rendimento
da caderneta de poupança e o que ele classifica de “apagão da mão de
obra”.
Ramalho, que também é vice-presidente da Força Sindical e dirigente
sindical da área da construção civil, afirma que há uma inversão de
prioridade nas ações do governo federal, ao defender setores específicos
da indústria. “Eles (governo) estão buscando solução para as
montadoras, mas não estão fazendo nada para o setor da construção civil,
que gera inúmeros empregos”, criticou. O encontro de terça-feira,
segundo Ramalho, é também para “chamar a atenção do governo da
presidente Dilma Rousseff sobre a necessidade de incluir a classe
trabalhadora nas discussões dos problemas e soluções para a economia
brasileira”
Para o presidente do núcleo sindical tucano, as questões relacionadas à
indústria nacional “têm sido escanteadas pelo atual governo petista”.
Ele alega que isso provocou a avalanche de produtos asiáticos no mercado
brasileiro, enfraquecendo a indústria e gerando desemprego. Programas
federais como o PAC e o Minha Casa, Minha Vida também foram alvo de
críticas do sindicalista. “Ajudei a desenhar os projetos, o Minha Casa,
Minha Vida e o PAC. Mas, infelizmente, os projetos estão indo mais
devagar do que o previsto, muitos, inclusive, correm o risco de ficar no
meio do caminho”.
Ramalho da Construção argumenta também que não adianta apenas o governo
reduzir a Selic para tentar resolver os problemas de crédito no País. Na
sua avaliação, para melhorar a conjuntura, é essencial promover
equilíbrio e alavancar o investimento. “Não se pode também valorizar e
nem desvalorizar tanto o real”, frisou. E criticou a mudança na
sistemática do rendimento das cadernetas de poupança no País,
ressaltando que o governo Dilma Rousseff “deu uma garfada no bolso do
trabalhador”. Além disso, alerta que a falta de planejamento está
levando o Brasil a enfrentar “um verdadeiro apagão no setor de mão de
obra”.
Ramalho destaca que a reunião de terça-feira do núcleo sindical, além de
discutir a crise econômica global e seus efeitos no mercado brasileiro,
vai também definir as ações deste grupo, recém-criado. “O objetivo é
fazer com que o nosso núcleo sindical, os chamados tucanos do bico
vermelho, comecem a afiar o bico para começar a dar as suas bicadas em
prol do trabalhador”, disse.
A preocupação do núcleo sindical tucano está em sintonia com documento
divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV),
braço de formulação política e econômica do PSDB. “Não é aceitável que a
gestão petista demonstre tanta dificuldade para fazer o óbvio, enquanto
se perde insistindo no desnecessário e no indesejável”, critica o ITV.
Para os tucanos, o governo da presidente Dilma Rousseff está usando “as
armas erradas para fazer frente à crise que começa a se espalhar pela
economia”. E alegam que o arsenal utilizado pelo governo petista - o
estímulo a crédito e concessão de novos benefícios a setores específicos
- já está exaurido. “Enquanto isso, o que realmente deveria ser
executado não o é: alavancar o investimento”, adverte o PSDB.
O ITV cita também a “enxurrada de maus resultados” que corrobora as
previsões nada otimistas quanto à evolução da atividade econômica do
País para este ano, citando que os prognósticos mais realistas para o
PIB nem chegam a 3%, contra uma projeção oficial do governo de 4,5%. E
ironiza: “Diante deste cenário nada animador, o governo parece meio
atônito para lidar com a situação”.