O ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, anunciou nesta
segunda-feira (19) que a pasta fará um levantamento para medir o consumo
de peixe nas escolas públicas do País. Segundo ele, os dados obtidos
com a pesquisa serão reunidos para viabilizar o aumento da quantidade de
pescado oferecida aos alunos.
Crivella, que assumiu o cargo no início deste mês, quer saber se o
baixo consumo do produto nas escolas está relacionado a dificuldades com
preço e transporte, por exemplo.
- Não sabemos se as merendeiras não estão sabendo preparar o pescado,
se o preço está muito alto, se não há congelador nas escolas ou se é
problema de transporte. Se as pessoas responderem à pesquisa, vamos
poder traçar políticas públicas para desatar nós e garantir esse
alimento às crianças.
Segundo o ministro, o objetivo é incentivar a produção, reduzindo o preço do pescado para um valor inferior ao do frango.
- O filé de peixe hoje custa até R$ 30 o quilo, enquanto o frango
pode ser vendido a R$ 3,50. Com o filé de tilápia, produzido no Brasil,
pode ser possível chegar a esse preço. Para isso, devem haver boas
linhas de financiamento [para produtores], com juros mais baratos, o
governo pode desonerar os tributos na cadeia produtiva e usar seu poder
estratégico de compra, garantindo que a produção da aquicultura familiar
chegue à merenda escolar.
Crivella ressaltou que a intenção é também melhorar a alimentação dos alunos com o consumo da carne de peixe.
- Nós queremos introduzir o peixe na merenda escolar porque
acreditamos que, dessa maneira, além de um ganho extraordinário na saúde
pública, vamos criar bons hábitos nas crianças, elas vão crescer e
envelhecer com saúde.
O pescado é uma fonte rica de nutrientes e vitaminas, como cálcio,
fósforo, ômega 3 e vitaminas A, B e D, que são essenciais para um
crescimento saudável e muitas vezes estão escassos na dieta de crianças,
principalmente as de baixa renda.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que cada pessoa tenha um consumo mínimo de 12 quilos de peixe por ano.
No Brasil, a média é de 9,75 quilos anuais por habitante, com exceção
da região Norte, onde os habitantes chegam a consumir 150 quilos por
ano. A média de países mais desenvolvidos chega a 17. Os japoneses, por
sua vez, chegam a consumir 60 quilos anualmente.
Um levantamento feito pelo ministério nos últimos dois anos indicou
que as escolas de apenas 456 dos 5.556 municípios brasileiros ofereciam
peixe uma vez por semana aos estudantes, o correspondente a 5% dos 50
milhões de alunos do País.
Os nutricionistas e responsáveis técnicos pela alimentação de alunos
da rede pública de ensino terão até o dia 30 de abril deste ano para
responder ao questionário sobre o uso de pescado na preparação da
merenda escolar no site do Ministério da Pesca.