O autor do ataque terrorista à Estação Central de Bruxelas era um marroquino de 36 anos, segundo informações da justiça belga, segundo a qual foi evitada uma tragédia maior, pois a mala estava cheia de pregos e botijões de gás.
As autoridades encontraram indícios de que o autor do ataque na noite de terça-feira era simpático ao grupo radical Estado Islâmico (EI), segundo informou a polícia.
"Há indícios de que o suspeito tinha simpatia pela organização terrorista EI", indicou o porta-voz da polícia nacional belga, Eric Van Der Spyt, em um comunicado.
Os investigadores ainda encontraram material usado em explosivos na casa do suspeito.
"Os resultados preliminares dos registros realizados na residência do suspeito O.Z. em Sint-Jans-Molenbeek indicam que ele provavelmente fabricou a bomba lá", explicou o comunicado de Van Der Sypt.
"Foram encontradas substâncias químicas e materiais que poderiam ter sido usados para fabricar explosivos", concluiu.
Identificado pelas iniciais O.Z., o autor do ataque foi baleado na cabeça por um soldado, depois de tentar detonar uma bomba feita de pregos.
"Poderia ter deixado vítimas, poderia ter sido muito pior", declarou o porta-voz da procuradoria federal, Eric Van der Sypt, acrescentando que havia cerca de dez passageiros ao redor do agressor quando ele ativou a carga explosiva. "Está claro que queria causar mais danos do que provocou", disse ainda.
A Bélgica, onde um atentado deixou 32 mortos em março de 2016, reviveu na terça-feira cenas de pânico, um dia depois que um homem atropelou muçulmanos perto de uma mesquita em Londres (um morto) e outro agressor morreu em um ataque fracassado em Champs Elysées, Paris.
"Foi evitado um atentado terrorista na Estação Central", situada perto da turística Grande Place, afirmou à imprensa o primeiro-ministro belga, Charles Michel, depois de uma reunião do Conselho de Nacional de Segurança. "Não nos deixaremos intimidar pelos terroristas", enfatizou.
O porta-voz disse que o homem não tinha ficha policial por atos relacionados ao terrorismo. A situação é "considerada uma tentativa de assassinato terrorista", completou.
De acordo com a Procuradoria Federal, o homem entrou às 20H39 (15H39 de Brasília) na Estação Central, onde caminhou na direção de um grupo de turistas cinco minutos depois.
"Pegou sua maleta aos gritos e provocou uma explosão parcial. Por sorte, não houve feridos", afirma um comunicado.
O homem abandonou a bagagem em chamas, que mais tarde registrou uma segunda explosão mais violenta, e seguiu para as plataformas em busca de um gerente de estação, completa o comunicado do Ministério Público. A maleta continha "pregos e cilindros de gás".
O homem, que não tinha um cinturão de explosivos, faleceu ao ser atingido por tiros de um soldado, contra o qual avançou aos gritos de "Alá Akbar" (Alá é grande), explicou a Procuradoria.
O domicílio do autor do ataque, no bairro de Molenbeek, foi alvo de uma operação durante a noite. Dessa localidade em Bruxelas procederam também pessoas vinculadas aos atentados de Paris, em novembro de 2015 (130 mortos) e Bruxelas meses depois.
- Estação reaberta -
O serviço de trens da Estação Central de Bruxelas, uma das maiores do país e onde cerca de 60.000 pessoas circulam todos os dias, voltou a funcionar na manhã desta quarta.
Depois da explosão, o serviço foi suspenso e a estação evacuada. "Houve um movimento de pânico da multidão, as pessoas começaram a correr pelos trilhos", contou Arnaud Reyman, porta-voz da Infrabel, a concessionária ferroviária.
Segundo Elisa Roux, porta-voz da SNCB, dezenas de pessoas foram evacuadas. "Havia pessoas chorando, gritando. Estavam sob um grande impacto", explicou.
A Bélgica, junto a outros países europeus como França e Reino Unido, tem sido alvo de uma série de atentados extremistas nos últimos anos.
Desde os atentados de Paris em novembro de 2015, reivindicado pela organização Estado Islâmico e realizado pela mesma célula que atacou, meses depois, Bruxelas, soldados patrulham as zonas mais frequentadas da capital.
As autoridades mantiveram o nível de alerta terrorista 3 em uma escala de 4, em um reforço das medidas de segurança em função do show da banda britânica Coldplay na noite desta quarta-feira em Bruxelas.
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