O empresário Joesley Batista, do grupo JBS, presta depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília, nesta quarta-feira. De volta ao Brasil desde o último dia 11, o empresário segue esclarecendo pontos em que é acusado e que constam no seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
A fala desta quarta diz respeito a duas operações da Polícia Federal, a Bullish e a Greenfield. A primeira trata dos empréstimos recebidos pelo grupo JBS junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que teriam, segundo a colaboração de Joesley, rendido o pagamento de 80 milhões de reais em propinas aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT), utilizados para fins de campanha.
Já a Operação Greenfield trata de supostas fraudes em fundos de pensão públicos, como o Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal. As investigações apontam favorecimentos indevidos a empresas que receberam aportes de recursos dos fundos, como a Eldorado Celulose, da JBS.
O depoimento ocorre um dia depois do relatório parcial da investigação da Polícia Federal considerar que existem “com vigor” provas de que o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) cometeram, assim como acusa Joesley Batista, crimes de corrupção passiva. Em seu acordo de delação premiada, Joesley afirmou que acertou com o ex-deputado, que era assessor especial do presidente, um esquema para o favorecimento da JBS junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que renderia propinas de 500.000 reais semanais ao longo de um período de 20 anos.
O empresário também alegou que Temer consentiu com o pagamento de propinas para a “compra” do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do operador Lúcio Funaro, para evitar que eles fizessem delações. Desde a revelação do acordo de colaboração da JBS, Michel Temer vem reiteradamente negando as acusações, identificando Joesley Batista como um “fanfarrão” e rejeitando seu envolvimento com suspeitas de corrupção.
A expectativa é que a conclusão da investigação da PF enseje uma denúncia, por parte do procurador-geral da República Rodrigo Janot, contra o presidente. Uma vez apresentada, esta denúncia deve ser analisada pela Câmara dos Deputados e pelo relator do caso no Supremo, o ministro Edson Fachin. Aprovada, ele vira réu e é afastado por tempo indeterminado.
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