O vice-presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira que cabe ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidir sobre a aceitação de processos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e acrescentou que o governo precisa esperar para ver o que será feito.
“Isso é uma decisão dele. Vamos esperar para ver”, afirmou Temer, ao ser questionado se ele acreditava que Cunha aceitaria um dos pedidos de impeachment que ainda estão sendo analisados na Câmara dos Deputados.
O vice-presidente, que está no cargo de presidente em exercício até Dilma voltar de Paris, tem se mantido afastado da articulação política do governo. Temer disse, no entanto, que conversou com o presidente da Câmara, mas que Cunha não teria tratado de impeachment.
Temer se afastou da presidente desde que deixou a articulação política do governo, em agosto deste ano. Insatisfeito com a maneira que foi tratado por Dilma e pelos ministros palacianos à época, especialmente Aloizio Mercadante, então na Casa Civil, Temer largou a articulação e seu relacionamento com a presidente se tornou, na melhor das hipóteses, frio.
Também estremeceu a relação a declaração do vice de que alguém tinha que unir o país, num cenário de baixíssima popularidade da presidente, o que foi visto como uma insinuação de que ele seria essa pessoa.
O vice-presidente não tem mais participado das reuniões de coordenação política e falou pela primeira vez com Dilma em quase um mês na semana passada, ao participar de um evento com a presidente e quando ela lhe telefonou no dia da prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
Mais cedo, em entrevista na Câmara dos Deputados, Cunha afirmou que a última denúncia contra ele, de que teria recebido 45 milhões de reais do BTG Pactual para apresentar uma emenda a uma medida provisória que beneficiria o banco, teria sido “plantada”.
O presidente da Câmara insinou ainda que sua divulgação, no domingo à noite, teria sido feita propositalmente porque ele havia prometido divulgar nesta segunda-feira sua decisão sobre os pedidos de impedimento. O presidente da Câmara afirmou que não irá decidir neste momento e que vai dedicar a segunda-feira a se defender da nova acusação contra ele.
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