A presidente Dilma Rousseff negou, nesta segunda-feira, ter partido dela a indicação para que Nestor Cerveró ocupasse um cargo de diretoria na Petrobras.
Em depoimento após ser preso, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que era líder do governo no Senado, disse que o ex-diretor havia sido nomeado para a área internacional da estatal após ser indicado por Dilma, à época ministra de Minas e Energia do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"Eu não indiquei Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras. Acredito que o senador Delcídio se equivoca", afirmou Dilma em coletiva de imprensa durante a Conferência do Clima da ONU, em Paris.
A presidente também negou que tivesse conhecimento de corrupção na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos – no áudio que o levou à prisão, Delcídio afirma que, segundo Cerveró, Dilma, então à frente do Conselho de Administração da Petrobras, sabia de tudo.
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"Ele não é da minha indicação, não é da minha relação, isso é público e notório. Ele não foi antes, durante nem depois da minha relação", disse Dilma.
Segundo ela, Cerveró pode não gostar dela porque, quando ela percebeu que o ex-diretor não havia dado ao conselho todas as informações sobre a compra da refinaria, "insistiu para ele sair".
A presidente também disse que ficou "perplexa, extremamente perplexa" com a prisão de Delcídio – ele é suspeito de obstruir as investigações da Operação Lava Jato e foi flagrado, em uma gravação, negociando um plano de fuga para que Cerveró, diretor da área Internacional da Petrobras entre 2003 e 2008, não fechasse acordo de delação premiada com o Ministério Público.
"Fiquei perplexa, extremamente perplexa. Não esperava que isso acontecesse, ninguém esperava", disse Dilma.
Ela afirmou, porém, que não tem "nenhum temor" sobre a hipótese de Delcídio fazer uma delação premiada.
A presidente disse ainda que conhecia "muito pouco" André Esteves, dono do banco BTG Pactual, também preso sob a acusação de atrapalhar as investigações da Lava Jato. "Eu o conheci muito pouco, não tive relações sistemáticas com ele."
Durante a entrevista, a presidente afirmou ainda acreditar que o Congresso aprovará a nova meta fiscal do governo.
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Com a prisão de Delcídio, os parlamentares não votaram a mudança da meta na semana passada. Para não descumprir determinação do Tribunal de Contas da União, o governo bloqueou gastos a partir desta terça. Se a nova meta não for aprovada, há risco de paralisia em partes da administração.
"O governo fará uma avaliação e tomará as medidas necessárias para não comprometer a vida da população brasileira", disse Dilma.
Segundo ela, o Congresso irá aprovar as mudanças porque também seria afetado pelas medidas.
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Clima
A presidente disse ainda acreditar que nem a tragédia de Mariana, nem o crescimento do desmatamento na Amazônia possam comprometer a participação do Brasil na COP21.
Na sexta-feira, o Ministério da Meio Ambiente divulgou que, do meio de 2014 ao meio de 2015, houve um aumento de 16% no desmatamento.
"Mas essa área desmatada é a terceira menor da história", disse Dilma. "Ela não é a terceira maior da história, é a terceira menor da história. O desmatamento, se você piscar, ele volta", completou.
Sobre o rompimento da barragem da mineradora Samarco – controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP – em Mariana (MG), Dilma disse que o governo está tomando as medidas necessárias.
Ela afirmou que será feito um trabalho de recuperação da bacia do rio Doce que, segundo ela, já tinha problemas antes do rompimento da barragem.
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