GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Homem, branco, solteiro, com 2º grau e turista é o que mais morre afogado no Litoral Norte

Levantamento feito pelo Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar) do Guarujá entre os anos de 2008 e 2011 traçou o perfil das vítimas de afogamento no Litoral Norte

O estudante universitário Gustavo, de 20 anos, aproveitou o feriado prolongado para sair de São Caetano do Sul, onde mora, e aproveitar o sol com amigos na praia. Na manhã de um domingo ensolarado, Gustavo posicionou sua cadeira de praia e guarda-sol por volta das 9h e decidiu refrescar-se no mar, sem reparar, entretanto, na bandeira amarela fincada na areia, que alertava contra os possíveis riscos do mergulho. Mesmo não sabendo nadar, o estudante não se sentiu intimidado enquanto avançava no aparente tranquilo mar, afinal de contas, nem havia consumido bebidas alcoólicas. 
Em determinado momento, o jovem percebeu que não conseguia voltar à faixa de areia. Mesmo com todo o esforço realizado, a forte correnteza continuava puxando Gustavo para longe da terra firme. 
Os guarda-vidas, com auxílio de motos aquáticas, cortaram em alta velocidade as violentas ondas que se formavam na tentativa de resgatar a vítima mas, ao chegar perto de Gustavo, perceberam que nada mais poderia ser feito. 

A história acima é fictícia, ma foi retratada pela equipe de comunicação do Corpo de Bombeiros para retratar o perfil da vítima de afogamentos nas praias paulistas conforme estatísticas levantadas pelo Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar) do Guarujá que avaliou o período entre 2008 e 2011.
No Litoral Norte, o perfil difere e muito do que acontece na Baixada Santista e, quando é feita a comparação entre as cidades de Caraguatatuba, São Sebastião e Ubatuba, as características também são bem distintas.
Os principais pontos em comum entre elas é que os homens responderam pela maioria dos casos de afogamento, sendo 83% em Caraguá, 95% em São Sebastião e 88% em Ubatuba, grande parte é branca, havia estudado até o 2º grau (Ensino Médio), era solteiro e turista. 

Quando a análise é com relação à idade, em Caraguá, a faixa etária envolvida em óbitos no mar foi de 43 a 50 anos, São Sebastião de 19 a 22 anos e Ubatuba de 31 a 42 anos e acima de 50 anos. 
As características com relação à permanência na cidade aposta que em Caraguá a maioria foi ignorada, em São Sebastião era turista de um dia e Ubatuba a vítima estava na casa de amigos ou parentes. 
Quanto ao dia de maior incidência de ocorrência fatal, em Caraguá foi apontado o domingo, São Sebastião o sábado e o domingo e Ubatuba o sábado foi o dia mais crítico identificado pela pesquisa. A vítima, geralmente nadava em local não sinalizado e sem a presença de guarda-vidas e na maioria dos casos não houve confirmação se sabia ou não nadar. O Litoral Norte tem uma outra característica que preocupa as autoridades que são as pessoas que vão pescar nas costeiras e acabam ficando ‘presos’ com as mudanças e maré e de vento. Recentemente um pescador de 58 anos morreu após cair de uma costeira no lado sul da Ilha e seu corpo só foi localizado dias depois na região norte.
Outro detalhe interessante desse levantamento, válido para todo o litoral paulista, é que 82% das pessoas vieram do interior do Estado ou da Grande São Paulo. 

Dos 426 afogamentos registrados no período nas praias dos 15 municípios que compõem o litoral paulista, 279 vítimas eram da Grande São Paulo (66%) e 62 de cidades do interior (16%). Os moradores do litoral representaram 11% dos casos (47). 
Segundo o capitão Ricardo Pelliccione, responsável pelo curso de formação dos guarda vidas do GBMar, o fato de grande parte dos afogados serem de outros locais dificulta as campanhas de conscientização. “Fazemos campanhas preventivas nas rodoviárias, nas praças de pedágio que dão acesso ao litoral e balsas, entregando panfletos com dicas de segurança. Temos também campanha na mídia do litoral. Propagandas nas rádios, jornais e emissoras de TV, além de algumas campanhas educativas em escolas. Mas encontramos dificuldade, pois o público que morre afogado não é o público do litoral, é o de fora. São pessoas do interior ou da Grande São Paulo, um público difícil de atingir”, disse. 

De acordo com a assessoria do Corpo de Bombeiros, todas as informações obtidas pelos guarda- vidas são utilizadas não apenas para compor os dados estatísticos do grupamento, mas também para auxiliar na apuração e investigação das causas do acidente. A partir desse levantamento feito pelo GBMar e do esforço realizado na prevenção de acidentes, é que os turistas estarão mais instruídos e sentirão mais seguros para aproveitar os finais de semana e feriados de sol no litoral do Estado. 

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