Tema do desfile da paulistana Mocidade Alegre, o escritor baiano Jorge Amado, suas obras e musas servem de inspiração também para o samba-enredo da carioca Imperatriz Leopoldinense, terceira escola a desfilar na noite de abertura do Carnaval do Rio. O enredo "Jorge, Amado Jorge" exalta a vida do escritor e coloca na passarela do samba personagens como Tieta do Agreste, Dona Flor e Gabriela -- todos destacados nas alegorias assinadas pelo carnavalesco Max Lopes, em seu terceiro ano seguido na escola de Ramos.
PRESSÃO E ORGULHO
Passo mal todo ano. Acho que é minha pressão baixa somada à emoção de desfilar.Tenho orgulho de ser um referencial de mulher brasileira e acho um privilégio fazer parte da história do Carnaval
Luiza Brunet, rainha da Imperatriz
A entrada da escola na Sapucaí é feita com um certo tumulto, porém, por conta de duas alegorias: o segundo carro, alto demais para passar por sob um viaduto na entrada da passarela, e que representa o ritual da lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, teve de ser colocado de lado para que as demais alas -- incluindo a das baianas -- passem e não comprometam o início do desfile. O carro, contudo, foi colocado na avenida, após alguma confusão.
O mesmo não ocorre com o sétimo carro, representando o livro "O País do Carnaval", que foi retirado da Sapucaí após um problema elétrico.
A rainha da bateria, Luiza Brunet, também teve problemas na concentração: fantasiada de deusa africana, a ex-modelo sofreu uma queda de pressão e precisou tomar soro antes de entrar na avenida. Disposta a entrar para o Livro Guiness dos Recordes, como a rainha de bateria mais antiga, Brunet deve voltar à posição durante a passagem da escola.
Sexta colocada em 2011, a Imperatriz traz 3,5 mil componentes em 30 alas e sete alegorias, contando as duas com problema, em sua tentativa de conseguir o novo título do Carnaval carioca.
Uma coroa de alumínio, de 10 metros de largura por 11 de altura, abre o desfile representando o pai espiritual da Bahia, Obatalá ou Oxalá, puxada por uma escultura de quase 12 metros de Iemanjá, dona da costa baiana.
Outras alegorias fazem menção à Igreja do Bonfim, ao mercado com frutas e pescadores e à vinda de Jorge Amado ao Rio de Janeiro, viagem que inspirou o primeiro livro do autor, "País do Carnaval". As histórias de "Capitães de Areia", "Mar Morto" e "Cacau"” também são representadas. A quinta alegoria terá esculturas gigantes representando "Dona Flor e seus dois maridos", enquanto a personagem Gabriela será representada pela atriz Desirée Oliveira, do programa "Zorra Total", da rede Globo.
A ligação do escritor com o candomblé é tema de um carro específico, que homenageia Xangô e Oxum. A última alegoria mostra o Pelourinho com uma réplica da Casa de Jorge Amado, em Salvador, e as manifestações culturais que existem no local, como a capoeira e o Olodum.
A dançarina americana Devla Imperatrix Amaya, de 28 anos e 1,80 metro é um dos destaques da escola, que conta também com a modelo Luiza Brunet, tradicional rainha da bateria do mestre Noca.
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