Belissa Ribeiro

Felicidade. 

É estar brincando o carnaval com meus filhos e meus netos e meu marido. Brincando mesmo, dando risada. Podendo relembrar com um sorriso e uma lágrima furtiva, saudade da boa e orgulho, o passado, como foi em Recife, ao chegar com Gabriel o Pensador no camarote oficial e ser recebida pelo Governador Eduardo Campos com o comentário: “Ô Belisa, seja bem-vinda, você me faz lembra meu avô”. E eu lembrei de Arraes e das lutas pela Anista, pela Constituinte, pelas Diretas Já, ouvindo as canções do meu amigo Alceu Valença cantadas por meu ídolo Ney Matogrosso a quem tive o prazer de cumprimentar no vôo de volta ao Rio, no dia seguinte, depois de curtir o Galo da Madrugada por onde passou a querida Elba Ramalho, dando um alô pro meu filho, a Elba que foi minha colega das vacas magras, dos tempos em que todas girávamos em torno dos conjugados da Rua General Severiano, em Botafogo, onde vivam Affonsinho, o maravilhoso jogador de futebol com quem eu namorava, e também o Fagner, o Jairzinho e, em um prédio mais bacana, o Paulinho da Viola.
Felicidade continuou hoje, domingo, com meu outro filho, Tiago Mocotó, puxando o Volta, Alice, o bloco de Laranjeiras que começou pequenininho e hoje arrasta mais de 15 mil pessoas. Lá foi ele em cima do carro de som cantando o samba enredo inspirado na profecia Maia: “pra mim o fim do mundo é quando acaba o carnaval”. E levando uma surpresa por baixo da camiseta padrão, a minha velha camiseta de paetê lilás. No alto da ladeira, desvendada, ela o transformou, o bigodinho cultivado e o cabelo de gel, em um Fred Mercury hilário, a calça de ginástica da mulher Malu devidamente inflada no lugar certo por guardanapos de papel, para delírio da galera, cantando uma versão em português de um dos sucessos que imortalizaram o cantor no Rock in Rio original. Felicidade. Eu e a minha querida neta fantasiada de joaninha na platéia desse carnaval 2012 dos meus 57 anos ressurgidos de um câncer que já se vai na esquina do renascer apoiado em tantos amigos e na família e no trabalho e na minha própria coragem e vontade de viver. Felicidade. Francisquinho,meu outro neto, que vai fazer 2 anos, de Bambam. Ok, ficou com sono, bem na hora H, mas outros carnavais te esperam querido. E a vovó espera estar ainda por aqui.
Felicidade. 

Que eu quero aqui compartilhar com vocês do Blog do Guilherme Araújo. Sinceramente, CURTI.

Belissa Ribeiro